FioCruz alerta para urgência de medidas rígidas de isolamento social
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encaminhou, esta semana, um relatório ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em resposta à solicitação do órgão realizada no dia 3 de maio. O documento consolida um posicionamento da Fiocruz a respeito da adoção de medidas rígidas de isolamento social no âmbito territorial do estado do Rio de Janeiro.
Com base em análises técnico-científicas e como parte de seu compromisso com a vida, com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com a saúde da população, a Fiocruz considera urgente a adoção de medidas rígidas de distanciamento social e de ações de lockdown no estado do Rio de Janeiro, em particular na região metropolitana, visando à redução do ritmo de crescimento de casos e a preparação do sistema de saúde para o atendimento adequado e com qualidade às pessoas acometidas com as formas graves da COVID-19.
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Os especialistas da instituição projetam que, caso não sejam tomadas medidas mais rígidas de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro, haverá um agravamento da situação epidemiológica e de insuficiência de leitos no mês de maio de 2020, que pode se prolongar e levar a um número expressivo de mortes que poderiam ser evitadas.
O documento citou, para exemplificar, que o Reino Unido, com cenário epidemiológico duas a três semanas atrás da Itália em 15 de março, inicialmente cogitou não adotar nenhuma medida, apostando na imunidade de rebanho. Nesse sentido, o Imperial College London estimou que neste cenário, mesmo que todos os pacientes conseguissem ser atendidos o Reino Unido, poderia chegar a 250 mil óbitos, o que fez com que o governo mudasse sua política e adotasse medidas rígidas de isolamento social. Este atraso na implantação desta medida tem resultado num período longo de isolamento social, que perdura até hoje 3 de maio, com número de óbitos que ultrapassou aquele da Itália, somando até o dia de hoje (07/05) quase 31 mil mortes.
Segundo o documento, as medidas de lockdown devem ser adequadas às realidades epidemiológicas e dos sistemas de saúde das diferentes das cidades do estado sem que, no entanto, sejam implantadas de forma isolada. Para eles, elas devem considerar não somente o número registrado de casos e óbitos, mas principalmente a tendência da epidemia em cada região do estado, a disponibilidade de leitos e equipamentos, a adequação do quadro de profissionais de saúde, bem como a adesão dos cidadãos e dos estabelecimentos comerciais e industriais a estas medidas.
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O relatório considera ainda a importância de intensa articulação das diferentes esferas de governo para a implantação dessas medidas rígidas de isolamento no estado e da adoção de medidas de apoio econômico e social às populações vulneráveis, particularmente as que dependem de trabalho informal ou precário, bem como suporte a pequenas empresas que geram empregos e podem sofrer grande impacto da pandemia.
Por fim, sobre a questão da flexibilização do isolamento social e saída de eventuais processos de lockdown, os especialistas da FioCruz citaram alguns critério a serem considerados, com base nas atuais - apesar de limitadas - evidências científicas:
- Evolução dos casos: dados epidemiológicos confiáveis que apontem queda da incidência por
no mínimo 15 dias;
- Disponibilidade de recursos para assistência a casos graves: capacidade ociosa de leitos de
30 a 50%;
- Disponibilidade de testes diagnósticos para a identificação de casos de infecção (testes
moleculares) e para inquéritos sorológicos (testes sorológicos) que permitam conhecer em que regiões o vírus está circulando e a proporção da população já infectada.
> Leia aqui o documento na íntegra.
FioCruz alerta para urgência de medidas rígidas de isolamento social
Reviewed by Saber Atualizado
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maio 07, 2020
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