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Nova hipótese pode explicar parte dos casos mais graves de COVID-19


Em um estudo publicado no periódico Journal of Travel Medicine (1), pesquisadores da Universidade do Estado de Louisiana, EUA, publicaram uma nova hipótese relacionando o novo coronavírus (SARS-CoV-2) - e sua doença associada (COVID-19) - aos grupos de risco. Eles propuseram uma possível explicação para as complicações severas sendo vistas em parte dos pacientes diagnosticados com o COVID-19: indivíduos com problemas cardíacos fazendo uso de duas classes comuns de medicamentos seriam mais suscetíveis à investida do SARS-CoV-2.

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Os inibidores da enzima angiotensina convertase (ACEIs) e os bloqueadores do receptor de angiotensina (ARBs) são medicamentos altamente recomendados para pacientes com doenças cardiovasculares, como hipertensão refratária, doença coronária arterial, falha cardíaca, e estado de infartação pós-miocárdica. ACEIs e ARBs são também recomendados para o controle de doenças cardiovasculares em pacientes idosos, e em pacientes com diabetes e insuficiência renal. Esses medicamentos dilatam ou relaxam as paredes dos vasos sanguíneos e diminuem a pressão sanguínea ao inibirem as ações da enzima angiotensina convertase (ACE), uma proteína catalisadora que ajuda a regular a pressão sanguínea.

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Com diferenças na duração da ação (longa ou curta), podemos citar vários exemplos de ACEIs, como o Lisinopril, Benazepril, Fosinopril, Lisinopril, Captopril, Enalapril, Ramipril, Moexipril, Quinapril e o Trandolapril. Já entre os ARBs, podemos citar a Azilsartana (Edarbi), Candesartana (Atacand), Eprosartana, Irbesartana (Avapro), Losartan (Cozaar), Olmesartana (Benicar), Telmisartana (Micardis) e a Valsartana (Diovan).
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No entanto, em experimentos com animais não-humanos, os cientistas já mostraram que infusões intravenosas de ACEIs e de ARBs aumentam o número de receptores da enzima angiotensina convertase 2 (ACE2) na circulação cardiopulmonar. O mesmo efeito colateral é pensado ocorrer em humanos. E o grande problema aqui é que o SARS-CoV-2 usa os receptores ACE2 - através da sua proteína spike (S) - para infectar as células do trato respiratório inferior e ganhar acesso aos pulmões . Na verdade, todos os beta coronavírus, incluindo o responsável pela SARS (síndrome respiratória aguda grave, epidêmica em 2002/2003), utilizam esses receptores para infectar as células, mas o SARS-CoV-2 parece se ligar a esses receptores com uma afinidade 10-20 vezes maior (I).

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(I) Para mais informações sobre o novo coronavírus, acesse: O que se sabe até o momento sobre o vírus da China?

Nesse sentido, explorando a nova hipótese, como os pacientes usando ACEIs e ARBs terão o número de receptores ACE2 aumentado nos seus pulmões, ficará, em princípio, mais fácil para o SARS-CoV-2 interagir com as células do trato respiratório e infectá-las, facilitando também o estabelecimento de uma forma mais grave do COVID-19. Segundo os autores do novo estudo, pacientes tratados com ACEIs e ARBs para doenças cardiovasculares deveriam, em especial, evitar aglomerações de pessoas em eventos de massa, multidões, cruzeiros marítimos, viagens aéreas, e todas as pessoas sintomáticas com doenças respiratórias durante o atual surto de COVID-19 em ordem de reduzir os riscos de infecção.

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Ainda segundo os autores, o alerta é suportado por uma recente análise descritiva de 1099 pacientes com COVID-19 tratados na China no período de 11 de dezembro de 2019 até 29 de janeiro de 2020. Nesse estudo, os pesquisadores reportaram mais formas severas da doença em pacientes com hipertensão, doença coronária arterial, diabetes e doença crônica renal. Prognósticos incluíram a necessidade de unidades de cuidados intensivos (UTIs), ventilação mecânica e morte. E todas as condições crônicas reportadas nos pacientes atendiam a recomendação de tratamento com o uso de ACEIs ou ARBs.

Outra observação que corrobora a hipótese: a COVID-19 não é tão frequente em crianças - e raramente evolui para uma forma mais grave da doença - em comparação com os pacientes idosos, especialmente aqueles com condições de comorbidade, e muito mais prováveis de estarem usando ACEIs e ARBs.

Concluindo, em adição ao status de idade avançada em conjunto com comorbidades, o tratamento de hipertensão e de outras desordens cardíacas com ACEIs ou ARBs parece ser outro fator de risco importante para formas mais graves do COVID-19 e mesmo morte.

Mas também é válido lembrar que já é bem estabelecido na literatura médica que doenças pulmonares agudas podem potencialmente desestabilizar doenças cardíacas. Tal efeito, por si só ou em combinação com um aumento no número de receptores ACE2, pode exacerbar o agravamento do quadro clínico do paciente com COVID-19. Além disso, os especialistas de saúde não recomendam, de forma alguma, os pacientes cardíacos e renais a abandonarem os medicamentos, especialmente porque as evidências ainda são preliminares e fracas, e em muitos casos os riscos não compensam minimamente os benefícios mesmo se a hipótese estiver correta.

> ATUALIZAÇÃO (30/03): Um estudo publicado no periódico JAMA Cardiology, analisando 187 pacientes com COVID-19, entre os quais 66 tinham doenças cardiovasculares prévias, não encontrou diferença significativa entre os pacientes usando ACEI/ARB e aqueles não usando esses medicamentos em termos de evolução do quadro clínico.

> ATUALIZAÇÃO (11/04): Um estudo preprint (ainda não-revisado por pares) publicado no periódico bioRxiv encontrou que medicamentos inibidores de ACE, pelo menos em um grupo de pacientes com COVID-19 analisados  no Reino Unido, estão associados com uma redução no risco de progressão mais severa da doença, ao contrário do que a hipótese sugere.

(1) Publicação do estudo: JTM

Nova hipótese pode explicar parte dos casos mais graves de COVID-19 Nova hipótese pode explicar parte dos casos mais graves de COVID-19 Reviewed by Saber Atualizado on março 25, 2020 Rating: 5

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