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Médico Brasileiro infectado pelo novo coronavírus detalha seus sintomas


O médico David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo e diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, da USP, enviou um áudio a amigos na última sexta-feira (27/03), com o conteúdo eventualmente circulando entre médicos ao longo de todo o Brasil (1). Na mensagem, Uip pede atenção à falta de ar como principal sintoma de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2). Uip está em isolamento domiciliar desde que foi diagnosticado com a doença, na última segunda-feira (23/03).

"O que deve chamar a atenção de qualquer um, que deve procurar imediatamente o serviço de saúde: é a falta de ar. Aumenta o número de respirações, diminui a amplitude", destacou Uip.
"Então isto é um motivo de procura imediata do serviço de saúde - mais do que a febre. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais. O sintoma de agravo e de ida imediata ao sistema de saúde é o desconforto, a insuficiência respiratória", disse Uip.

Ele também listou outros sintomas, e disse que a febre nem sempre aparece:

"Os sintomas são curiosos. (...) Eu pouco espirrei, não tenho coriza. São fatos novos, do tipo: mudou meu olfato, mudou meu paladar; são dois sintomas novos que eu já vinha vendo nos meus pacientes, agora tô sentindo isso no dia a dia. A febre já não está tão recorrente como em outros processos virais", afirmou Uip.

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Em entrevista para o G1 (1), o médico disse estar bem em seu 5º dia de isolamento. "A sensação é de que eu estou cansado, mas não tenho tido febre, não tenho tido tosse", diz Uip. No entanto, o médico também reforçou que a intenção da mensagem [áudio] não era gerar medo, mas que ele próprio teve que lidar com temores em relação à doença.

Uip também comentou na entrevista que acredita que o pico da pandemia deve ocorrer durante o mês de abril e maio. "Teremos grandes dificuldades - tanto pro sistema público como privado de saúde", alerta.

"Se nós conseguirmos, através de distanciamento das pessoas, achatar a curva de ascensão, nós teremos menos infectados, menos impacto no serviço de saúde. Se as pessoas não entenderem que esse confinamento nesse momento é importante, nós vamos ter uma subida rápida do pico de doentes e isso vai ter repercussão em todo o sistema. Não tem sistema do mundo que aguente o pico de ascensão de uma pandemia, ainda mais para um vírus que é infectante." - David Uip


SINTOMAS HOMOGÊNEOS?

No entanto, apesar do relato de sintomas de Uip, é importante ressaltar que os sintomas da COVID-19 podem variar substancialmente entre os pacientes. Em um estudo publicado recentemente no periódico The New England Journal of Medicine (2), investigando 1099 pacientes com COVID-19 de 552 hospitais em 30 províncias, regiões autônomas, e municipalidades na China continental, os pesquisadores reportaram que, apesar de certos sintomas como tosse e febre se mostrarem comuns entre os pacientes, o espectro sintomático e clínico mostrou-se bem mais variável do que em outras doenças epidêmicas causadas por coronavírus (como SARS e MERS).

A média de idade dos pacientes analisados era de 47 anos, com 41,9% deles sendo mulheres. Do total, 5% acabaram na UTI, 2,3% precisaram de ventilação mecânica e 1,4% morreu (taxa de letalidade duas vezes menor do que aquela a nível nacional). Os sintomas mais comuns foram febre (43,8% na admissão e 88,7% durante a hospitalização) e tosse (67,8%). Diarreia (3,8%) e náusea ou vômito (5%) se mostraram incomuns. O período médio de incubação foi de 4 dias. Na admissão, opacidade de vidro esmerilado foi o achado radiológico mais comum na tomografia computacional (CT) (56,4%). No entanto, nenhuma anormalidade radiográfica foi encontrada em 157 de 877 pacientes (17,9%) com doença não-severa e em 5 de 173 pacientes (2,9%) com doença severa. Linfocitopenia (baixa contagem de linfócitos) estava presente em 83,2% dos pacientes na admissão.

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E enquanto nesse grupo de pacientes os sintomas gastrointestinais não se mostraram comuns, em um estudo publicado no The American Journal of Gastroenterology (3), analisando 204 pacientes com COVID-19 - e média de idade de 54,9 anos -, encontrou que 99 (48,5%) se apresentaram ao hospital com sintomas digestivos representando a principal reclamação. Entre os sintomas reportados, os mais comuns foram diarreia, anorexia, vômitos e dor abdominal. Esses pacientes terminavam demorando a receber atendimento médico e tinham prognóstico pior do que aqueles sem sintomas digestivos. Nesse sentido, os autores do estudo recomendaram que os profissionais de saúde suspeitem de pacientes com sintomas gastrointestinais e não esperem até que sintomas respiratórios emerjam.

Portanto, tanto o grau de severidade quanto o espectro de sintomas ou quadro clínico pode variar substancialmente de um paciente para outro. O próprio Uip relatou a ausência de dois sintomas altamente predominantes entre os infectados: febre e tosse.


(1) Referência: Bem-Estar (G1)

(2) Publicação do estudo: NEJM

(3) Publicação do estudo: AJG

Médico Brasileiro infectado pelo novo coronavírus detalha seus sintomas Médico Brasileiro infectado pelo novo coronavírus detalha seus sintomas Reviewed by Saber Atualizado on março 29, 2020 Rating: 5

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