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Essa tartaruga Sul-Americana alcançava quase 3 metros de comprimento


Em um estudo publicado no periódico Science Advances (1), pesquisadores da Universidade de Zurich em associação com pesquisadores na Colômbia, Venezuela e Brasil reportaram fósseis de espécimes excepcionalmente bem preservados de tartarugas gigantes que viveram no norte da América do Sul há 5 milhões de anos. Até o momento, a espécie - Stupendemys geographicus - era razoavelmente conhecida apenas via fósseis bastante limitados e fragmentados. Marcas de fortes mordidas e ossos fraturados indicaram também que essas monstruosas tartarugas travavam violentas brigas com jacarés gigantes que também viviam na época e habitavam a região.

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Desde a extinção dos dinossauros não-aviários, a região norte dos Neotrópicos têm sido lar de vertebrados agora extintos que alcançaram grandes dimensões corporais dentro dos seus respectivos clados, incluindo cobras, crocodilos e roedores. Uma das mais notáveis dessas espécies - e amplamente desconhecida pelo público - é a tartaruga gigante S. geographicus, a maior tartaruga não-marinha conhecida de fósseis de uma carapaça completa (até o momento, a única rival era a tartaruga marinha - Archelon ischyros - do Cretáceo Superior). Apesar de ter sido descrito em 1976 a partir de escavações na Formação Urumaco, no noroeste da Venezuela, o conhecimento sobre essa espécie era ainda bastante escasso, resultando em uma problemática taxonomia.

No novo estudo, os pesquisadores descreveram novas carapaças - de machos e de fêmeas - da S. geographicus durante escavações em Urumaco na década de 1990 e achados recentes no Deserto de La Tatacoa, na Colômbia. Juntos os fósseis - bem completos - esclareceram mais detalhes sobre a biologia, a distribuição no passado, e a posição filogenética das tartarugas gigantes neotrópicas.



A primeira curiosa característica do S. geographicus é a presença de massivos chifres nas bordas da carapaça ao lado da cabeça - presentes em todos os três espécimes analisados deduzidos como machos. As análises indicaram que eram, de fato, reais chifres, com um núcleo ósseo coberto por uma camada queratinosa que estava fortemente anexada através de sulcos, similar aos chifres de mamíferos bovídeos atuais. Duas possíveis funções desses cifres nessa tartaruga gigante: proteção à cabeça e arma em combates contra rivais.

O maior dos espécimes analisados (CIAAP-2002-01) media 2,86 metros de comprimento, e com uma carapaça de 2,40 metros, representando a maior carapaça de tartaruga já encontrada - e quase 100 vezes o tamanho do seu mais próximo parente evolutivo hoje vivo, a tartaruga do rio Amazonas Peltocephalus dumerilianus, e duas vezes aquela da maior tartaruga hoje viva, a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). A massa corporal para esse espécime foi estimada em torno de 1145 kg. Além dos chifres, outro dismorfismo sexual observado: os machos parecem ser significativamente maiores do que as fêmeas.

Segundo os pesquisadores, uma combinação de vários fatores favoreceram a evolução de um grande tamanho nessa espécie. Durante o Paleógeno e até o Mioceno Superior [~66 até 5 milhões de anos atrás], após o recuo das condições marinhas dominantes do Cretáceo, o norte da América do Sul sustentou um dos mais extensivos ecossistemas de litoral e de água doce no registro geológico, com um pico de cobertura durante o Mioceno. Esse cenário marcou uma alta conectividade entre habitats e oportunidade para a diversificação e migração da fauna, além de uma rica disponibilidade de nutrientes. Outro fator favorável foi o clima, particularmente temperaturas mais altas.




Outro indício de condições favoráveis para o gigantismo na região é a presença concomitante de outros grande animais, incluindo crocodilianos gigantes como os gêneros Purussaurus (!) e Gryposuchus, os quais podiam alcançar 10 metros ou mais de comprimento. E os novos fósseis analisados no estudo trazem também evidências de interação direta entre esses jacarés gigantes e o S. geographicus, na forma de marcas de mordidas em espécimes Colombianos e Venezuelanos, e um dente isolado anexado sobre a superfície ventral da carapaça do CIAAP-2002-01.

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(!) Um dos mais notáveis é o jacaré gigante da espécie Purussaurus brasiliensis, este o qual habitava o Brasil e podia ultrapassar 12 metros de comprimento e 8 toneladas de massa corporal. Para mais informações: Qual a mais forte mordida estimada para um animal terrestre?
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O S. geographicus habitava todo o sistema Pebas - o megapantanal que existia no oeste da Amazônia -, sendo bem adaptado tanto a condições fluviais (La Venta e Acre) e a condições litoral-fluviais (Urumaco), há cerca de 5-10 milhões de anos. Vestígios desse bioma estão espalhados hoje por mais de 1 milhões de quilômetros quadrados, divididos entre Bolívia, Acre, oeste do Amazonas, Peru, Colômbia e Venezuela. A emergência da cordilheira dos Andes na região provavelmente teve um grande impacto nas populações dessa espécie, consideravelmente reduzindo o tamanho do habitat ocupado e levando à sua extinção provavelmente no início do Plioceno.

A dieta do S. geographicus provavelmente era onívora, englobando um grande espectro de presas - como peixes, moluscos, cobras e até mesmo jacarés - e frutas suculentas, como aquelas de palmas (Araceae), estas as quais hoje fazem parte da dieta das atuais tartarugas Amazonianas. Os maiores indivíduos provavelmente viviam por, no mínimo, 110 anos.


(1) Publicação do estudo: Science

Essa tartaruga Sul-Americana alcançava quase 3 metros de comprimento Essa tartaruga Sul-Americana alcançava quase 3 metros de comprimento Reviewed by Saber Atualizado on fevereiro 15, 2020 Rating: 5

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