Cientistas Brasileiros descobrem vírus sem nenhum gene reconhecível
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com pesquisadores da França e dos EUA, descobriram aproximadamente 2500 vírus de genomas circulares, dos quais cerca de 600 eram novos para a ciência. E entre as novidades, um vírus de ameba com a maioria dos seus genes (>90%) nunca antes descritos, e possuindo apenas alguns poucos com homólogos distantes conhecidos (mas genes ainda únicos). Essa última descoberta marca uma nova linhagem de vírus, com uma misteriosa origem e filogenia. O achado foi descrito em preprint (ainda não revisado por pares) na plataforma bioRxiv (1).
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ATUALIZAÇÃO (30/06/20): Publicação do estudo após revisão por pares no periódico PNAS: https://www.pnas.org/content/117/28/16579
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Para a descoberta dos novos vírus, os pesquisadores isolaram partículas virais de dezenas de amostras de tecido a partir de humanos e de outros animais, analisando-as em termos de genomas circulares. Os assim chamados vírus circulares incluem papilomavírus, um dos quais (papilomavírus humano) pode causar câncer cervical (2), e também outros vírus que são geralmente inofensivos para as pessoas - mas com alguns deles já ligados ao desenvolvimento de câncer de bexiga. As análises genéticas dos vírus foram facilitadas por um programa computacional desenvolvido pelo time de pesquisa do novo estudo.
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(2) Para mais informações sobre o estudo, acesse: A vacinação contra o HPV é apenas para as meninas?
Entre os milhares de vírus identificados - entre novos e já conhecidos - os pesquisadores reportaram a descoberta do Yaravírus, uma nova linhagem de vírus infectando amebas (Acanthamoeba spp.), com origem e filogenia ainda não determinadas. As partículas virais do Yaravírus apresentavam 80 nm de extensão e um dsDNA (DNA de fita dupla) de 44924 pares de bases (pares de nucleotídeos/letras A, G, T e G) codificando 74 proteínas preditas (genes associados). Mais de 90% (68) desses genes nunca tinham sido antes descritos, representando ORFans (sequências de DNA não ligadas a nenhuma outra em espécies conhecidas). Apenas seis genes mostraram possuir homólogos distantes em bancos de dados públicos, codificando: uma recombinase/exonuclease, uma ATPase-empacotamento, uma polimerase/primase de DNA bifuncional e três proteínas hipotéticas.
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Yaravírus: O nome do vírus foi dado em homenagem à "Mãe das Águas", Iara, uma divindade presente na mitologia Tupi-Guarani.
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Além disso, os pesquisadores não conseguiram recuperar genomas virais próximo-relacionados ao Yaravírus em 8535 metagenomas publicamente disponibilizados englobando diversos habitats ao redor do mundo. O genoma do Yaravírus também contém seis tipos de RNAs transportadores (tRNAs) que não se mostraram compatíveis com códons comumente usados. Também foram revelados 26 proteínas virais presentes nas partículas virais do Yaravírus, uma delas potencialmente representando uma nova proteína de capsídeo (invólucro proteico dos vírus).
Além de reforçar a grande diversidade genômica dos vírus eucarióticos e aumentar nosso entendimento sobre a capacidade de patogenicidade desses seres, o novo estudo também possui implicações ecológicas. Alguns vírus que vivem no corpo humano - e de organismos - podem nos ajudar a ficar saudáveis (3), e outros são essenciais por manter os ecossistemas em equilíbrio ao contribuir na reciclagem de nutrientes essenciais. Existem enormes benefícios na descoberta e na caracterização de novos vírus.
(1) Publicação do estudo: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.01.28.923185v1
(3) Leitura recomendada: Estudo mostra que um mar de vírus circulando pelo nosso corpo pode estar nos ajudando a ficar saudáveis
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Para a descoberta dos novos vírus, os pesquisadores isolaram partículas virais de dezenas de amostras de tecido a partir de humanos e de outros animais, analisando-as em termos de genomas circulares. Os assim chamados vírus circulares incluem papilomavírus, um dos quais (papilomavírus humano) pode causar câncer cervical (2), e também outros vírus que são geralmente inofensivos para as pessoas - mas com alguns deles já ligados ao desenvolvimento de câncer de bexiga. As análises genéticas dos vírus foram facilitadas por um programa computacional desenvolvido pelo time de pesquisa do novo estudo.
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(2) Para mais informações sobre o estudo, acesse: A vacinação contra o HPV é apenas para as meninas?
Entre os milhares de vírus identificados - entre novos e já conhecidos - os pesquisadores reportaram a descoberta do Yaravírus, uma nova linhagem de vírus infectando amebas (Acanthamoeba spp.), com origem e filogenia ainda não determinadas. As partículas virais do Yaravírus apresentavam 80 nm de extensão e um dsDNA (DNA de fita dupla) de 44924 pares de bases (pares de nucleotídeos/letras A, G, T e G) codificando 74 proteínas preditas (genes associados). Mais de 90% (68) desses genes nunca tinham sido antes descritos, representando ORFans (sequências de DNA não ligadas a nenhuma outra em espécies conhecidas). Apenas seis genes mostraram possuir homólogos distantes em bancos de dados públicos, codificando: uma recombinase/exonuclease, uma ATPase-empacotamento, uma polimerase/primase de DNA bifuncional e três proteínas hipotéticas.
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Yaravírus: O nome do vírus foi dado em homenagem à "Mãe das Águas", Iara, uma divindade presente na mitologia Tupi-Guarani.
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Além disso, os pesquisadores não conseguiram recuperar genomas virais próximo-relacionados ao Yaravírus em 8535 metagenomas publicamente disponibilizados englobando diversos habitats ao redor do mundo. O genoma do Yaravírus também contém seis tipos de RNAs transportadores (tRNAs) que não se mostraram compatíveis com códons comumente usados. Também foram revelados 26 proteínas virais presentes nas partículas virais do Yaravírus, uma delas potencialmente representando uma nova proteína de capsídeo (invólucro proteico dos vírus).
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Além de reforçar a grande diversidade genômica dos vírus eucarióticos e aumentar nosso entendimento sobre a capacidade de patogenicidade desses seres, o novo estudo também possui implicações ecológicas. Alguns vírus que vivem no corpo humano - e de organismos - podem nos ajudar a ficar saudáveis (3), e outros são essenciais por manter os ecossistemas em equilíbrio ao contribuir na reciclagem de nutrientes essenciais. Existem enormes benefícios na descoberta e na caracterização de novos vírus.
(1) Publicação do estudo: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.01.28.923185v1
(3) Leitura recomendada: Estudo mostra que um mar de vírus circulando pelo nosso corpo pode estar nos ajudando a ficar saudáveis
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Reviewed by Saber Atualizado
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fevereiro 10, 2020
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