Estudo encontra DNA Neandertal em todo mundo, inclusive em Africanos
Em um estudo publicado esta semana na Cell (1), pesquisadores da Universidade de Princeton, EUA, compararam o genoma de um Neandertal de Altai - região da Sibéria -, sequenciado em 2013, com o genomas modernos de 2504 indivíduos oriundos de diferentes regiões geográficas do planeta e presentes no banco de dados do 1000 Genomes Project, um catálogo global de genomas que inclui cinco subpopulações Africanas. Os resultados das análises surpreendentemente revelaram significativa ancestralidade Neandertal em todas as populações, incluindo Africanas, e podem inclusive explicar o antigo mistério do porquê populações do Leste Asiático possuírem uma aparente e substancial maior herança genética dos Neandertais do que os Europeus.
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À medida que os membros da nossa espécie começaram a sair da África e a se expandir para a Eurásia há cerca de 70 mil anos, eles eventualmente encontraram populações Neandertais (Homo neanderthalensis) (a) e Denisovianas (b). Esses encontros resultaram em híbridos e introgressão de DNA desses humanos arcaicos nos humanos modernos (H. sapiens). Em particular, aproximadamente 2% de toda ancestralidade não-Africana é derivada dos Neandertais, com populações Oceânicas possuindo um adicional de 2-4% de ancestralidade atribuível ao fluxo genético com Denisovanos.
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Usando um novo método de análise genética probabilística, chamado de IBDmix, pesquisadores no novo estudo encontraram um significativos sinais de introgressão de Neandertais em todas as populações humanas modernas já estudadas, incluindo Africanos (17 megabases, ou 0,3% do genoma). Até o momento, achava-se que apenas populações associadas à Eurásia - especialmente Europa e Leste Asiático - carregavam DNA Neandertal.
No estudo, a presença de genoma Neandertal em populações Africanas foi prontamente explicada pelas migrações Europeias de volta à África nos últimos 20 mil anos. O estudo também trouxe evidências de que alguns genes adquiridos indiretamente pelos Africanos dos Neandertais foram positivamente selecionados por fornecerem maior proteção contra raios UV (como os genes DDB1 e IL22RA1) e por otimizarem o sistema imunológico (como os genes IL22RA1 e IFNLR1). Isso reforça que a assimilação de DNA Neandertal em populações Africanas foi um processo bem antigo, e não algo fruto do processo mais moderno de globalização.
O modelo migratório usado pelos pesquisadores para explicar a significativa presença de DNA Neandertal em Africanos também sugere que o restante do DNA compartilhado por Africanos e o Neandertal de Altai pode não ser Neandertal, e, sim, herança de humanos modernos mais antigos - retida tanto por Africanos quanto por Eurasianos - que foi carregada por Neandertais, talvez quando os humanos modernos realizaram uma falha tentativa de migração da África para o o Oriente Médio há mais de 100 mil anos.
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Além disso, os novos achados explicam outro antigo mistério: por que as populações do Leste Asiático aparentemente possuem ~20% mais DNA Neandertal do que populações da Europa, onde os Neandertais de fato viveram em quase absoluta extensão? Segundo os pesquisadores, sequências genômicas de Neandertais presentes tanto em Africanos quanto em Europeus eram tradicionalmente subtraídas em estudos prévios por se supor que eram oriundas de compartilhamentos muito mais recentes na história humana. Em outras palavras, não eram sequências consideradas fixadas nas populações Africanas via antigos fluxos genéticos e seleção natural. Após correção, o novo estudo encontrou quantidades similares de DNA Neandertal tanto em Europeus (51 megabases) quanto em Asiáticos em geral (55 megabases).
(1) Publicação do estudo: Cell
Estudo encontra DNA Neandertal em todo mundo, inclusive em Africanos
Reviewed by Saber Atualizado
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janeiro 31, 2020
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