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No Cretáceo, dinossauros terópodes tinham penas e muitos piolhos


Devido a uma falta de registros fósseis do Mesozoico, a origem e a evolução inicial de insetos parasitas penas-específicos permanecem obscuras. Evidências genéticas até o momento acumuladas sugerem que esses parasitas emergiram durante o período de evolução dos dinossauros terópodes com penas (os ancestrais das aves modernas), mas minúsculos insetos fossilizados são difíceis de serem encontrados, especialmente em mínimas condições de conservação para análises. Nesse sentido, pesquisadores reportaram e descreveram esta semana a fantástica descoberta de piolhos primitivos associados a penas de duas espécies de dinossauros, todos extremamente bem conservados em âmbar. O achado foi publicado esta semana no periódico da Nature (1).

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Vários insetos hoje possuem um estilo de vida ectoparasitário, e gastam uma boa parte do tempo - ou a vida inteira (parasitas obrigatórios) - sobre a pele, cabelos ou penas (tegumentos) de vertebrados de sangue quente, sugando o sangue ou se alimentando de detritos da pele, cabelos ou penas dos seus hospedeiros. Esses insetos (ectoparasitas) causam frequentemente grande desconforto ou doença nos hospedeiros, produção reduzida na criação de animais (gado, etc.), danos nas penas das aves, entre outros. Além disso, muitos transmitem letais doenças, algumas das quais causaram grandes tragédias na história humana, como as epidemias de Peste Negra na Idade Média. Nessa linha, existem dois notáveis grupos de atuais ectoparasitas: Phtriraptera (piolhos verdadeiros) e o Siphonaptera (pulgas).

Em uma linhagem do Phthiraptera, temos um subgrupo de ectoparasitas que se alimentam especificamente de penas e da pele de aves. Enquanto que insetos que se alimentam de sangue do Jurássico e do Cretáceo já tinham sido descritos, parasitas tegumentares nunca tinham sido reportados do Mesozoico (período entre 251 milhões e 65,5 milhões de anos atrás, englobando o Triássico, o Jurássico e o Cretáceo). O mais antigo fóssil de piolho já descoberto, da espécie Megamenopon rasnitsyni, data do Eoceno, há cerca de 44 milhões de anos, na região da atual Alemanha, mas já possuindo uma morfologia totalmente moderna. Mesmo com vários dinossauros com penas não-aviários já tendo sido descritos, até o momento nenhum inseto ectoparasita havia sido identificado em associação.

No novo estudo, paleontólogos Chineses, analisando diversos fósseis na busca por insetos fossilizados - em especial parasitas como piolhos - encontraram duas estruturas de âmbar (resinas de árvores fossilizadas) onde foram observados 10 pequenos insetos entre penas felpudas, as quais expressavam danos de algo as comendo (provavelmente esses insetos). Os insetos, com apenas 0,2 milímetro de comprimento, eram similares mas longe de serem iguais aos piolhos modernos. Suas partes bucais não eram tão sofisticadas como a dos atuais piolhos, e possuíam distintas longas e duras cerdas sobre suas garras e antenas. Nomeado de Mesophthirus engeli, a espécie foi datada em ~98,8 milhões de anos atrás, no Cretáceo Médio.



Assim como os piolhos modernos, esses antigos piolhos não possuíam assas, seus olhos eram pequenos, e eles possuíam curtas antenas e pernas, fortemente sugerindo que eles não viajavam longas distâncias, não davam saltos e não se locomoviam de forma rápida (típico ectoparasita). Somando-se a isso, no geral, o corpo do M. engeli corpo expressava adaptações visando uma maior aderência às penas, dificultando a remoção mecânica desses parasitas pelo hospedeiro. Como eram muito pequenos e claramente divididos em dois grupos com distintos traços morfológicos (diferentes volumes-formas de tórax e abdômen e extensão total do corpo), os pesquisadores acreditam que eles eram filhotes (ninfas no caso) em diferentes estágios de desenvolvimento, e que o adulto da espécie talvez alcançasse pelo menos 0,4-0,5 milímetro. Como as penas nas duas peças de âmbar eram de diferentes espécies de dinossauros, isso sugere que esses antigos piolhos não eram tão especializados em termos de hospedeiros como os atuais piolhos, estes os quais geralmente habitam apenas uma espécie ou mesmo uma parte específica do corpo de uma única espécie. Além disso, os pesquisadores acreditam que o gênero Mesophthirus não se encaixa em nenhuma ordem moderna de insetos.




Como esses piolhos primitivos pareciam comer as penas dos dinossauros terópodes, esses ectoparasitas provavelmente não causavam irritações na pele desses répteis. Mas como esses insetos causavam danos nas penas, é provável que os dinossauros evoluíram meios de lidarem com eles, e os pesquisadores querem agora descobrir quais ferramentas de controle de pragas eram essas.

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Em resumo, os novos achados fornecem a mais antiga evidência conhecida sobre a origem dos insetos ectoparasitários que se alimentavam sobre penas, o que fortemente suporta que os comportamentos alimentares tegumentares de insetos apareceram durante ou antes o Cretáceo Médio, junto com a radiação evolutiva dos dinossauros terópodes com penas, incluindo as aves.


(1) Publicação do estudo: Nature

No Cretáceo, dinossauros terópodes tinham penas e muitos piolhos No Cretáceo, dinossauros terópodes tinham penas e muitos piolhos Reviewed by Saber Atualizado on dezembro 13, 2019 Rating: 5

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