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Uso de paracetamol na gravidez associado ao autismo e ao TDAH


- Atualizado no dia 29 de maio de 2021 -

Um estudo cohort publicado no periódico JAMA Psychiatry (1) encontrou que a exposição de grávidas ao medicamento paracetamol - também conhecido como acetaminofeno - pode aumentar substancialmente o risco da criança desenvolver transtorno do espectro do autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O TDAH é um transtorno marcado por um padrão de hiperatividade e comportamento de impulso (2), e já o autismo é um complexo transtorno que afeta como o indivíduo se comporta, interage com terceiros, e aprende (3).

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Para saber mais informações:

O paracetamol é o medicamento mais usado para propósitos analgésicos e antipiréticos entre as mulheres durante a gravidez e para os bebês. Mais de 65% das mulheres nos EUA e 50% na Europa - e em torno de 46-56% nos países desenvolvidos em geral - já usaram paracetamol durante a gravidez. Mesmo com esse alto nível de uso, existem poucos estudos analisando uma possível ligação desse medicamento com problemas diversos na infância, desde asma até transtornos de neurodesenvolvimento. De fato, enquanto que o acetaminofeno é comumente considerado o mais seguro analgésico/antipirético para mulheres grávidas e crianças, cada vez mais evidências se acumulam ligando a exposição pré-natal desse fármaco a piores performances cognitivas, mais problemas comportamentais e sintomas ligados ao TDAH e ao autismo.

Estudos prévios em roedores já tinham reportado toxicidade do paracetamol nos neurônios corticais e no sistema hormonal de fetos. Além disso, a própria ação terapêutica desse medicamento pode causar prejuízos ao desenvolvimento cerebral normal de fetos (hipótese). E estudos em humanos já tinham mostrado que o paracetamol de fato atravessa a barreira placentária e pode permanecer em circulação no corpo do feto por um longo período de duração. E, finalmente, um número de estudos observacionais e de revisão tem estabelecido uma ligação mais do que significativa entre autismo e TDAH com o uso de paracetamol por grávidas, incluindo duas recentes meta-análises.

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Para elucidar melhor essa questão, os pesquisadores no novo estudo analisaram os dados acumulados no Boston Birth Cohort, um robusto estudo Norte-Americano de longo prazo dos fatores influenciando a gravidez e o desenvolvimento infantil. Eles coletarem o sangue do cordão umbilical de 996 nascimentos e mediram a quantidade de paracetamol e dois dos seus subprodutos de metabolização (acetaminofeno glucoronida e 3-[N-acetil-L-cisteína-Syl]) em cada amostra. Quando as crianças analisadas atingiram uma média de idade de 8,9 anos, 25,8% delas tinham sido diagnosticadas apenas com TDAH, 6,6% apenas com autismo, e 4,2% com ambas as condições. Os pesquisadores classificaram então a quantidade de biomarcadores (paracetamol e seus subprodutos) nas amostras em três categorias de exposição: baixa, média e alta. Comparado com o mais baixo nível de  exposição, a exposição média estava associada com um risco 2,26 vezes maior para TDAH. O maior nível de exposição estava associado com um risco 2,86 vezes maior. De forma similar, o risco para o autismo foi maior para aqueles no nível médio (2,14 vezes) e no nível alto (3,62 vezes).

Os resultados dão suporte aos estudos prévios sugerindo uma ligação entre a exposição do útero de grávidas ao paracetamol e o desenvolvimento de autismo e TDAH. Os achados também reforçam o apelo do FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos EUA) para que as grávidas tenham extremo cuidado e consideração antes de usar quaisquer medicamentos analgésicos durante a gravidez, buscando sempre orientação médica quando possível.

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Paracetamol: O paracetamol é um analgésico e antitérmico não pertencente aos grupos dos opiáceos e salicilatos que promove analgesia pela elevação do limiar da dor e antipirese através de ação no centro hipotalâmico que regula a temperatura. Seu efeito tem início 15 a 30 minutos após a administração oral e permanece por um período de 4 a 6 horas. Quando administrado à grávida em doses terapêuticas, o paracetamol atravessa a placenta passando para a circulação fetal em 30 minutos após a ingestão. No feto, o paracetamol é efetivamente metabolizado por conjugação com sulfato.
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ATUALIZAÇÃO (29/05/21): Um estudo epidemiológico de meta-análise publicado no periódico European Journal of Epidemiology (Ref.3) e englobando dados clínicos de quase 74 mil crianças (4-12 anos de idade) em seis cohorts Europeus novamente reforçou a associação entre sintomas de transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDAH) e condições do espectro do autismo ao uso da mãe de paracetamol durante a gravidez. A porcentagem de mães usando paracetamol na gravidez variou de 14% a 56% dependendo das populações analisadas. Os pesquisadores - ligados ao Instituto Barcelona para Saúde Global (ISGlobal) - encontraram que crianças expostas ao paracetamol antes do nascimento eram 19% mais prováveis de desenvolver sintomas do espectro autista e 21% mais prováveis de desenvolverem sintomas de TDAH do que crianças que não foram expostas.


REFERÊNCIAS
Uso de paracetamol na gravidez associado ao autismo e ao TDAH Uso de paracetamol na gravidez associado ao autismo e ao TDAH Reviewed by Saber Atualizado on novembro 06, 2019 Rating: 5

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