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O El Niño está cada vez mais violento na Era Industrial


Mais de 90% do calor em excesso gerado pelo processo de aquecimento global é armazenado nos oceanos. Oscilações térmicas periódicas nos oceanos, como o El Niño e seu oposto frio, La Niña, possuem significativos efeitos no clima global, e podem afetar as temperaturas da superfície terrestre por um ano ou dois anos à medida que o calor é transferido entre o oceano e a atmosfera. Nesse sentido, um estudo publicado na Geophysical Research Letters (1) encontrou forte evidência empírica no Oceano Pacífico de que o fenômeno El Niño se tornou mais intenso na era industrial, acompanhando o processo antropogênico de aquecimento global e marcando mais um novo e anormal padrão das mudanças climáticas.

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O clima depende bastante da temperatura no oceano. Quando o oceano está quente, mais nuvens se formam, e mais chuva cai naquela parte do mundo. No Oceano Pacífico, próximo do equador, o Sol torna a água especialmente quente na superfície. Normalmente, fortes ventos ao longo da região equatorial empurram a água quente da superfície próxima da América do Sul para o oeste, no sentido da Indonésia. Quando isso ocorre, as águas mais frias sob a superfície oceânica sobem para a superfície próximo da América do Sul.

No entanto, no outono e no inverno de alguns anos, esses ventos são muito mais fracos do que o normal e acabam soprando no sentido contrário (para a América do Sul ao invés da Indonésia) em outubro. Assim, as águas superficiais quentes ao longo do equador vão se acumulando na costa do continente Sul-Americano e então se move no sentido da Califórnia e no sentido do Chile. Esse fenômeno é chamado de El Niño (em homenagem ao Natal - 'O Menino Jesus' -, porque os peixes adaptados a águas mais frias acabam morrendo ou fugindo da região costeira nessa época do ano).

Como consequência climática, muito mais nuvens e mais chuvas se formam no interior da América do Norte e na América do Sul, enquanto outras áreas do mundo podem acabar enfrentando fortes secas.

Já durante a La Niña, o oposto acontece. Esse fenômeno é caracterizado por ventos muito mais fortes do que o normal no Oceano Pacífico. Isso ocorre uma vez a cada alguns anos, com os poderosos ventos empurrando grandes quantidades de água superficiais quentes no sentido da Indonésia. Consequentemente, uma grande quantidade de águas frias sobem para a superfície junto a boa parte da América do Sul, ao longo da América Central e próximo da América do Norte, tornando as águas no leste do Pacífico alguns graus mais frias do que o normal, e afetando todo o clima global.

Como águas quentes se acumulando no oeste do Pacífico, muito mais nuvens se formam e mais chuvas atingem essa região, em lugares como a Indonésia e a Austrália. Já locais no continente Americano podem enfrentar condições de forte seca. A La Niña pode também fomentar mais furacões e tempestades em outras partes do mundo.

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No novo estudo, os pesquisadores compararam depósitos químicos dependentes da temperatura dos dias atuais com aqueles de registros mais antigos representando as temperaturas superficiais das águas oceânicas nos últimos 7 mil anos. Esses depósitos - associados ao crescimento de corais - englobam variações isotópicas que acompanham perfeitamente as variações de temperatura das águas marinhas superficiais, servindo de excelente proxy para o acompanhamento dos fenômenos do El Niño e da La Niña. Com os dados, os pesquisadores conseguiram identificar os padrões da Oscilação Sul do El Niño (ENSO), os quais representam os balanços de aquecimento e de resfriamento das águas equatoriais do Pacífico que, como já explorado, disparam os El Niños e as La Niñas. O ENSO também representa a maior fonte de variabilidade do clima global ano-a-ano.

Os resultados das análises mostraram que o ENSO se tornou ~25% mais forte do que aquele indicado nos registros da era pré-industrial, fornecendo suporte empírico para as recentes projeções de modelos climáticos - simulações computacionais do clima baseadas em diferentes fatores físico-químicos - que mostram uma intensificação dos extremos associados ao ENSO fomentada pelo aumento de concentração dos gases estufas na atmosfera e consequente aceleração do aquecimento global. Também revelou uma variância de ~20% de 3 mil até 5 mil anos trás, coincidindo com mudanças na insolação precessional da primavera/outono e corroborando estudos prévios sugerindo variações climáticas ao longo do Holoceno (últimos 10 mil anos atrás) nesse sentido.

O estudo portanto, além de reforçar os mais recentes modelos climáticos, também fortemente sugere que o contínuo e acelerado aquecimento global antropogênico está tornando o fenômeno do El Niño mais intenso, trazendo uma grande preocupação extra para o futuro climático do planeta.


(1) Publicação do estudo: GRL

O El Niño está cada vez mais violento na Era Industrial O El Niño está cada vez mais violento na Era Industrial Reviewed by Saber Atualizado on novembro 25, 2019 Rating: 5

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