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Cientistas encontram um lugar na superfície da Terra onde não há vida


Os seres vivos, especialmente microrganismos, conseguem se adaptar aos mais extremos ambientes, desde muito salinos até muito ácidos ou com altas temperaturas, e até mesmo no aparentemente inóspito Deserto do Atacama, no Chile, comunidades bacterianas conseguem persistir. Mas até o momento era incerto se os seres vivos conseguem se adaptar a ambientes que englobam de uma só vez pH muito baixo, alta salinidade e altas temperaturas. Nesse sentido, pesquisadores recentemente confirmaram um local na superfície terrestre, abundante em água, onde vida não existe: poças quentes, salinas e hiper-ácidas no campo geotérmico de Dallol, na Etiópia.

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A área geotermal de Dallol está localizada na parte norte da Depressão de Danakil, na Etiópia. Classificada como um dos locais mais extremos para a vida existir, a região se formou quando parte do Mar Vermelho foi isolado durante o Pleistoceno. Em um estudo prévio, pesquisadores tinham analisado a poças de águas termais e ambientes aquáticos chamados de 'lagos Preto e Amarelo' na região de Dallol-Danakil, e identificado três fatores físico-químicos dificultando a persistência da vida nesses locais:

I. Salinas de alta caotropicidade (representado solutos no meio que causam forte estresse estrutural para as membranas celulares) e de baixa atividade aquosa em Mg2+/Ca2+;

II. Combinações de hiperacidez com sais dissolvidos (pH~0/NaCl-saturado dominante).

III. Temperaturas variando de 90°C a 109°C




Mesmo assim, esses pesquisadores alegaram ter identificado evidências morfológicas e moleculares de nanomicrorganismos termohaloacidofílicos (membros da ordem Nanohaloarchaea) presentes nas águas desses locais. Isso sugeria que mesmo em ambientes aquáticos termais multi-extremos em outros planetas e satélites naturais, como talvez a região de Nili Patera em Marte, poderiam abrigar vida como a conhecemos, abrindo um grande leque de possibilidades astrobiológicas. Eles reportaram o achado na Scientific Reports (1) em maio deste ano.

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No entanto, em um estudo recente publicado na Nature Evolution & Ecology (2), cientistas do Centro Nacional Francês para a Pesquisa Científica (CNRS), incluindo também participação de pesquisadores Franceses, concluíram o contrário: nas poças das fontes termais de Dallol não existe vida persistindo. Realizando múltiplas análises com diversas amostras da região - incluindo uso da técnica de microscopia eletrônica combinada com espectroscopia de raios-X -, eles confirmaram a não existência de vida ativa, sugerindo que no estudo anterior os pesquisadores tinham provavelmente contaminado as amostras com microrganismos de regiões em volta dessas poças hiperácidas e hipersalinas. Além disso, as análises sugeriram que os pesquisadores anteriores também acabaram confundido estruturas abióticas granulares de minerais ricos em sílica com microrganismos unicelulares.




Na regiões associadas às poças termais - desertos e canais de salina ao redor, também trazendo condições extremas -, os pesquisadores de fato encontraram microrganismos ultra-pequenos do domínio Archaea (organismos unicelulares procariontes similares às bactérias, mas bem distintos dessas últimas) e altamente diversificados. Esses microrganismos estavam amplamente distribuídos ao longo de filos com e sem membros halofílicos (organismos extremófilos que podem se desenvolver em ambientes com altas concentrações de sais) previamente conhecidos. Os pesquisadores também encontraram células fossilizadas e incrustadas em sílica, assim como biomorfos abióticos de química variada.

Nas poças e nos "lagos" Preto e Amarelo, ambos ambientes hiper-ácidos, muito quentes e hipersalinos, os pesquisadores identificaram as duas barreiras impedindo a vida: abundância de sais de magnésio caotrópicos (fator que quebra as ligações de hidrogênio e desnatura biomoléculas) e a confluência simultânea de condições hipersalinas, hiperácidas e de alta temperatura. Nesse sentido, os autores do estudo argumentaram que não esperariam formas de vida em outras planetas com condições similares, pelo menos não a vida bioquimicamente estruturadas como a conhecemos na Terra.


(1) Publicação do estudo: Nature (Scientific Reports)

(2) Publicação do estudo: Nature

Referência adicional: SiNC

Cientistas encontram um lugar na superfície da Terra onde não há vida Cientistas encontram um lugar na superfície da Terra onde não há vida Reviewed by Saber Atualizado on novembro 22, 2019 Rating: 5

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