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Primeira evidência de que a idade biológica pode ser revertida


Um pequeno estudo clínico realizado na Califórnia, EUA, trouxe resultados que sugerem pela primeira vez que pode ser possível reverter o relógio epigenético do corpo, o qual mede a idade biológica de uma pessoa. Os resultados foram uma surpresa até mesmo para os pesquisadores responsáveis pelo estudo, os quais também alertam que o achado é apenas preliminar, já que o grupo analisado foi pequeno e não houve grupo de controle. Porém, a consistência e a persistência dos efeitos terapêuticos positivos animam.

Basicamente, por um ano, 9 voluntários saudáveis tomaram um coquetel de três medicamentos comuns - hormônio de crescimento (GH) e os outros dois voltados para a diabetes -, levando a um notável rejuvenescimento a nível molecular - avaliado via marcadores no genoma dos participantes - correspondendo a 2,5 anos da idade biológica. O sistema imune dos participantes também mostrou sinais de rejuvenescimento. O potencial e surpreendente feito foi descrito em uma publicação no periódico Aging Cell (1).

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O relógio epigenético de um indivíduo é baseado no epigenoma do corpo, o qual engloba modificações químicas - como inserção de grupos metilas (metilação) - anexadas ao DNA (marcadores). O padrão desses marcadores muda ao longo da vida, e acompanha a idade biológica do indivíduo, a qual pode ser menor ou maior do que a idade cronológica (uma pessoa de 60 anos, por exemplo, pode ser mais nova do que uma pessoa de 55 anos por ter o organismo menos desgastado devido a fatores diversos). Os cientistas constroem relógios epigenéticos ao selecionar conjuntos específicos de trechos do DNA carregando marcadores epigenéticos - no geral locais de metilação ao longo do genoma.

Apesar da idade epigenética não medir todas as características do envelhecimento e não ser sinônimo de avanço de idade, é a mais acurada medida da idade biológica e de risco de doenças relacionadas com o envelhecimento disponível hoje.

O novo estudo clínico foi planejado principalmente para testar se o GH pode ser usado com segurança em humanos para restaurar tecido na glândula do timo. A glândula, a qual fica no peito, entre os pulmões e o osso esterno, é crucial para uma função eficiente do sistema imune. Precursores hematopoiéticos derivados da medula óssea - referidos como timócitos - são maturados dentro do timo, onde se tornam células-T especializadas que ajudam o corpo a lutar contra infecções e cânceres. Mas a glândula começa a encolher após a puberdade, passando também a se entupir cada vez mais com gordura.

Evidências de estudos com animais não-humanos e de alguns estudos com humanos mostram que o GH estimula a regeneração do timo. Mas esse hormônio pode também fomentar um quadro de diabetes, e, nesse sentido, os pesquisadores também resolveram incluir dois medicamentos anti-diabéticos no estudo clínico - dehidroepiandrosterona (DHEA) e metformina - produzindo um coquetel de tratamento. O estudo envolveu 9 homens caucasianos entre 51 e 65 anos de idade e foi aprovado pelo FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos EUA) em maio de 2015. A administração do coquetel medicamentoso teve início poucos meses depois no Centro Médico de Stanford, em Palo Alto, Califórnia.

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Durante o estudo clínico, os cientistas realizaram testes em amostras de sangue dos participantes. Os testes mostraram que a contagem de células sanguíneas foi rejuvenescida em todos os participantes (aumento das células-T CD4 e CD8). Os pesquisadores também usaram imagem por ressonância magnética (MRI) para determinar a composição do timo tanto no início quanto no final do estudo. Eles encontraram que em sete participantes, a gordura acumulada tinha sido substituída com tecido regenerado do timo. Índices de risco para várias doenças relacionadas com o avanço da idade também melhoram.


Finalmente, os pesquisadores usaram quatro diferentes relógios epigenéticos para avaliar a idade biológica dos participantes. Eles encontraram significativas reversões em cada um dos pacientes em todos os testes, equivalentes a 2,5 anos extras de vida. Além disso, o efeito persistiu em seis participantes que forneceram uma amostra sanguínea final seis meses após o fim do estudo clínico (reversão persistente de 2 anos de idade biológica em relação à idade cronológica).

Com os resultados mais do que promissores, os pesquisadores agora querem realizar um teste clínico mais robusto e controlado, envolvendo indivíduos de diferentes idades, grupos étnicos e de ambos os sexos. Os efeitos observados podem ser mais uma arma para combater ou prevenir problemas cardiovasculares, cânceres e outras condições crônicas associados com o avanço da idade. Somando-se a isso, os pesquisadores também já estão tentando elucidar quais os mecanismos - imunológicos e/ou não-imunológicos - estão por trás da reversão da idade epigenética a partir da administração do coquetel de medicamentos.

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> É válido lembrar que os cientistas ainda não sabem exatamente quais os fatores determinam o envelhecimento dos humanos e de outros animais. Fatores genéticos, epigenéticos e radicais livres podem estar agindo de forma independente ou em conjunto. Para saber mais sobre o assunto, acesse: Por que envelhecemos e o que estamos fazendo para frear esse processo?
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(1) Publicação do estudo: Aging Cell

Primeira evidência de que a idade biológica pode ser revertida Primeira evidência de que a idade biológica pode ser revertida Reviewed by Saber Atualizado on setembro 10, 2019 Rating: 5

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