Consumo de refrigerantes está associado com um maior risco de morte

Um estudo observacional publicado na JAMA Internal Medicine (1), envolvendo cerca de 452 mil pessoas de ambos os sexos de 10 países Europeus e 16 anos de acompanhamento, encontrou que um aumento no consumo de refrigerantes açucarados ou adocicados com adoçantes artificiais está associado com um aumento no risco de morte.

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Ao longo do estudo, 41693 mortes ocorreram por causas diversas entre 451743 indivíduos com idade média de ~51 anos, e os dados de consumo alimentar dos indivíduos analisados foram coletados através de questionários de dieta no período de 1992-2000. O estudo incluiu participantes da Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Noruega, Suécia, Espanha e do Reino Unido. A análise dos dados acumulados nos 16 anos de acompanhamento foi realizada de fevereiro de 2018 até outubro de 2018

O principal achado do estudo foi que dois ou mais copos de refrigerantes por dia, comparado com menos do que um copo por mês, aumentava o risco de morte por todas as causas. Para os refrigerantes açucarados, os riscos eram maiores para um consumo acima de 225 ml por dia; para os adoçados artificialmente, o risco era maior para um consumo acima de 125 ml/dia. Além disso, associações positivas entre refrigerantes artificialmente adocicados e mortes devido a doenças circulatórias (ex.: doença isquêmica cardíaca e doenças cerebrovasculares) e entre refrigerantes açucarados e mortes por doenças digestivas foram também encontradas. No geral, nenhuma significativa associação foi observada entre consumo de refrigerante e mortalidade por câncer, com exceção do câncer colorretal. Associação entre o consumo de refrigerantes e doença de Parkinson também foi encontrada.

Excesso no consumo de bebidas açucaradas têm sido ligado ao aumento de risco para diabetes e para a obesidade. De fato, os pesquisadores encontraram uma associação entre o consumo de refrigerantes açucarados por indivíduos obesos e um maior risco de morte por todas as causas (apesar de, curiosamente, essa associação não persistir para indivíduos apenas com sobrepeso). Outros riscos possivelmente estão associados com a contínua elevação da concentração de glicose no sangue, levando a quadros de resistência à insulina e a um maior número de inflamações. Uma hiperglicemia pode também trazer prejuízos para a parede intestinal, aumentando o risco para infecções entéricas. Além disso, frutose, um adoçante comum nos refrigerantes açucarados, é conhecido de causar danos no fígado.

Porém, de acordo com os resultados do novo estudo, a substituição de açúcar para adoçantes de baixa ou nenhuma caloria também não isenta esse tipo de produtos de fazer mal à saúde. Aditivos e os próprios adoçantes, como aspartame e acessulfamo de potássio, têm sido associados com prejuízos a saúde, como intolerância à glicose, e os efeitos a longo prazo do consumo dessas substâncias não são ainda muito bem compreendidos.

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 Como é um estudo observacional, causalidade não é determinada, apenas associações. Outros co-fatores de risco podem estar por trás de grande parte do aumento de risco de morte, não necessariamente os refrigerantes. Pessoas que consomem esses produtos em excesso tendem a não seguir uma boa dieta, por exemplo, e excluir todos os co-fatores associados com esse estilo de vida é complicado.

Segundo a conclusão dos autores do estudo, os achados dão suporte às campanhas de saúde pública que visam limitar o consumo de refrigerantes, especialmente entre crianças e adolescentes.


(1) Publicação do estudo: JAMA