Esses tubarões brilham de uma forma antes não conhecida pela ciência
Muitos seres marinhos exibem bioluminescência (capacidade de produzir luz visível) para fins diversos, desde atrair predadores até lançar sinais de alerta. Existem também vários seres marinhos que exibem biofluorescência (emissão de brilho luminoso sob a exposição de luz). Entre os tubarões (superordem Selachimorpha), existem duas espécies conhecidas biofluorescentes: uma encontrada no Oceano Pacífico subtropical oriental chamada de Cephaloscyllium ventriosum e a outra encontrada comumente no Atlântico Noroeste, Golfo do México e no Caribe, chamada de Scyliorhinus retifer. Quando expostas a luz visível, esses tubarões emitem um brilho verde
Agora, os cientistas descobriram que esses dois tubarões realizam sua biofluorescência de uma forma antes desconhecida para a ciência.
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Normalmente, os animais biofluorescentes usam proteínas para o processo fluorescente, porém, em um estudo publicado esta semana na iScience (1), os pesquisadores revelaram que os compostos responsáveis pela geração de luz na pele do S. retifer e do C. ventriosum não eram proteínas, mas pequenas moléculas produtos de degradação (metabólitos) de uma forma não-usual do aminoácido triptofano. Nos animais, a maior parte do triptofano é utilizado para a síntese de proteínas. Mas parte do quantidade recrutada desse aminoácido é convertida para um composto chamado de quinurenina, este o qual é um percursor para a síntese da vitamina niacina. Nesse sentido, quando átomos de bromo (Br) se ligam à quinurenina, ocorre a liberação de um brilho verde quando a substância modificada (bromo-triptofano-quinurenina) é exposta à luz azul da superfície do oceano.
No vídeo abaixo, é possível ver a biofluorescência desses tubarões no habitat natural deles.
Essas duas espécies de tubarões tipicamente vivem no ambiente escuro do fundo dos oceanos, preparando uma emboscada para presas distraídas, como polvos e outras criaturas marinhas de pequeno porte. Os cientistas ainda não sabem porque esses peixes possuem biofluorescência, mas cogitam a possibilidade de uma função de reconhecimento geral intra-espécie ou para o reconhecimento específico de potenciais parceiros sexuais, já que os machos e fêmeas exibem padrões diferentes de fluorescência.
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Existe também a possibilidade de que essa biofluorescência ser apenas um efeito colateral (seleção neutra) devido à seleção positiva de outras vantagens adaptativas: a quinurenina modificada pode atuar como um bactericida e como agente foto-protetor, independentemente do fenômeno fluorescente. Em relação ao papel bactericida, como esses tubarões vivem entre sedimentos marinhos repletos de diferentes espécies bacterianas, a hipótese se torna plausível, especialmente porque os pesquisadores mostraram que as bromo-triptofano-quinureninas exibem atividade antimicrobiana em certas conformações químicas. Já como foto-protetor, essas pequenas moléculas podem atuar absorvendo comprimentos de onda mais curtos e mais energéticos (mais danosos).
(1) Publicação do estudo: Cell
Esses tubarões brilham de uma forma antes não conhecida pela ciência
Reviewed by Saber Atualizado
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agosto 11, 2019
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