Um terço dos Brasileiros desconfia da Ciência

Uma recente pesquisa global conduzida pela Gallup World Poll, representando a organização biomédica de caridade Wellcome Trust, e envolvendo mais de 140 mil pessoas em mais de 140 países, encontrou que, ao redor do mundo, 54% das pessoas confiam nos cientistas em um nível médio, apenas 18% em um nível alto, e 14% em um nível baixo. Diferenças regionais se mostraram profundas. No geral, pessoas no Usbequistão reportaram o maior nível de confiança nos cientistas, afirmando que eram as autoridades que mais confiavam; no Gabão, a pessoas reportaram que os cientistas eram os menos merecedores de confiança.

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Em relação aos benefícios promovidos pela ciência, a pesquisa - intitulada Wellcome Global Monitor (1) - mostrou que mais de um terço das pessoas no Sul da África e na América Latina disseram que a ciência "ajuda muito pouco" o povo em seus países. No caso específico do Brasil, a pesquisa revelou que 35% dos brasileiros desconfiam da ciência e que um em cada quatro acredita que a produção científica não contribui para o país. Quase metade dos brasileiros afirmaram que "a ciência discorda da minha religião" e, desses, 75% disseram que "quando ciência e religião discordam, escolho a religião". Apenas 13% dos brasileiros entrevistados afirmaram ter "muita confiança" na produção científica.

No ranking dos países que mais confiam na ciência, o Uzbequistão, como já mencionado, está no topo, seguido do Tajiquistão e da Irlanda. Entre as 144 nações, o Brasil fica em 111º lugar.

A pesquisa também explorou atitudes em relação às vacinas e encontrou que as pessoas na França são as mais céticas. No Brasil, mesmo com as taxas de vacinação caindo substancialmente, 97% dos brasileiros que participaram da pesquisa afirmaram que confiam na efetividade e segurança das vacinas, e disseram acreditar que elas são "importantes para as crianças".

Em relação às diferenças de pensamento entre homens e mulheres sobre o auto-conhecimento científico, a pesquisa revelou que, globalmente, 49% dos homens diziam que sabiam "algo" ou "muito" sobre ciência, cerca de 11 pontos percentuais a mais do que as mulheres. Nos EUA as pessoas eram as que mais superestimavam seus conhecimentos científicos e, na China, os que mais subestimavam. No Brasil, em torno de 30% das pessoas reportavam terem um razoável ou muito conhecimento sobre ciência.

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Em uma escala global, os principais pontos da pesquisa que podem ser destacados foram:

- 73% das pessoas ao redor do mundo confiariam em um médico/a ou em uma enfermeiro/a mais do que qualquer outra fonte de aconselhamento de saúde, incluindo família, amigos, líderes religiosos e celebridades.

- Globalmente, pessoas com as menores rendas possuem menos confiança em hospitais e sistemas de saúde.

- No geral, 72% das pessoas ao redor do mundo confiam nos cientistas.

- Mais da metade da população mundial (57%) não acham que sabem muito - ou algo - sobre ciência.

- No mundo todo, 79% das pessoas concordam que vacinas são seguras e 84% concordam que elas são efetivas.

- Em Bangladesh e em Ruanda são onde as pessoas possuem a mais forte confiança nas vacinas, com quase todas as pessoas em ambos os países concordando que as vacinas são seguras, efetivas e que é importante as crianças serem vacinadas.