Primeiro tratamento a reverter substancialmente o vitiligo

Nos EUA, a segunda fase de um estudo clínico a nível nacional, coordenado pelo Tufts Medical Center, em Boston, encontrou que um creme tópico foi extremamente efetivo em reverter os efeitos do vitiligo, uma doença autoimune relativamente comum que causa perda de pigmentação na pele. No caso, uma aplicação tópica do medicamento ruxolitinibe (composto ativo), o qual é atualmente usado na forma de tratamento oral para certas desordens sanguíneas, resultou em uma substancial melhora nos sintomas faciais do vitiligo em quase metade dos participantes do estudo.

Os resultados do estudo clínico foram apresentados no último dia 15 de junho no Congresso Mundial de Dermatologia, em Milão, Itália, pelo Dermatologista David Rosmarin, o responsável principal pelo estudo (1).

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Atualmente, não existem causas conhecidas para o vitiligo, uma doença na qual o sistema imune ataca as células de pigmentação (melanócitos) do corpo, reduzindo a capacidade de produção de mielina e, consequentemente, levando à despigmentação de regiões diversas da pele. Mais de 30 variações de genes (alelos) - como o NLRPI e o PTPN22 - já foram associados com a doença, mas os padrões genéticos causais são complexos e não muito bem esclarecidos. O vitiligo pode variar de suave para severo, apresentar várias formas, e pode afetar qualquer parte do corpo, apesar de tipicamente atingir as áreas cutâneas mais expostas, como as mãos e o rosto, e ao redor de aberturas como a boca e genitais. O vitiligo generalizado (a forma mais comum) gera faixas de despigmentação em todo o corpo; já o vitiligo segmental afeta ~10% dos pacientes e gera áreas despigmentadas mais contidas e apenas em um lado do corpo. Apesar do vitiligo não ser evidente no nascimento, cerca de metade dos portadores da doença manifestam esta antes dos 20 anos de idade, progredindo seu grau com o passar do tempo. Cerca de 15-25% dos afetados também carregam algum outro tipo de doença autoimune, como a psoríase ou a diabetes tipo 1.

Aproximadamente 50 milhões de pessoas - em torno de 1% da população mundial - são afetadas pelo vitiligo, e exemplos notáveis incluem o ator Michael Jackson e o comediante Steven Martin. A doença afeta todos os grupos étnicos - apesar de ser mais evidente, obviamente, em indivíduos de pele negra - e não existem tratamentos aprovados pelo FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA). Tratamentos como fototerapia, corticosteroides tópicos e inibidores de calcineurina, apesar de serem amplamente utilizados, possuem limitada eficácia, e muitas vezes podem trazer bastante incômodo para os pacientes. Embora o vitiligo não cause danos de saúde (física e geral) além de uma menor proteção contra os efeitos da radiação UV na pele, a doença pode causar grandes danos psicológicos e de auto-estima nos afetados.

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Nesse sentido, o novo estudo clínico traz uma nova esperança para os indivíduos com vitiligo. Com duração de 2 anos, é o maior estudo randomizado controlado visando o vitiligo já conduzido, englobando 157 pacientes e 30 locais ao longo dos EUA. Os participantes vêm recebendo diariamente ou duas vezes ao dia aplicações tópicas ou de ruxolitinibe ou de um placebo na área afetada pela doença. Cerca de metade dos pacientes recebendo as maiores doses de ruxolitinibe reportaram uma melhora estatisticamente substancial de quase 50% no vitiligo facial, comparado com os 3% que viram tal nível de melhora no grupo de placebo. Efeitos colaterais da aplicação tópica de ruxolitinibe, quando reportados, foram pouco preocupantes e incluíram vermelhidão e irritação no local da aplicação e uma suave acne.

"O ruxolitinibe tópico possui o potencial de mudar o modo como o vitiligo é tratado. Não apenas o medicamento é efetivo em re-pigmentar a pele, mas possui um excelente perfil de segurança," disse Dr. Rosmarin. "Nós estamos otimistas que vários pacientes com vitiligo podem ver uma resposta até melhor com o uso contínuo de ruxolitinibe ao longo de um período estendido de tempo, combinado com fototerapia e exposição à luz solar. Nossa esperança é o que o tratamento eventualmente irá ser revolucionário para milhões de pessoas ao redor do mundo afetadas pelo vitiligo."


(1) Referência: Tufts Medical Center

Referência adicional: Genetics Home Reference