Hábitos saudáveis podem evitar 27% dos casos de câncer no Brasil
Analisando importantes fatores de risco associados com o desenvolvimento de 20 tipos de cânceres, englobando fumo, consumo alcoólico, inatividade, dieta não-nutritiva, sobrepeso e obesidade, um estudo publicado no periódico Cancer Epidemiology (1) mostrou que é possível prevenir um terço das mortes causadas por esses cânceres aqui no país e apenas com a adoção de um estilo de vida mais saudável.
Apesar de muitos associarem o câncer apenas com a exposição solar em excesso, fumo do cigarro e à exposição radioativa, diversos outros fatores de risco não-genéticos (ambientais) também levam ao desenvolvimento de cânceres, principalmente a obesidade (1) e o consumo alcoólico (2). Nesse sentido, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) junto com pesquisadores da Universidade de Harvard, EUA, mostraram que fatores de risco ligados ao estilo de vida respondem por 114497 casos anuais de câncer aqui no Brasil, o que representa 27% de todos os casos de câncer e 63000 mortes (ou 34% da mortalidade de câncer).
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O câncer é a principal causa de morte no Brasil e a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que o número de casos de cânceres no território Brasileiro aumente em 50% até 2025, devido principalmente ao crescimento populacional e à população cada vez mais idosa. Porém, de acordo com o novo estudo, em adição às mudanças na estrutura da população, o aumento de prevalência de fatores de risco ligados a hábitos de vida não-saudáveis pode impor desafios adicionais para o controle das taxas da doença no Brasil. Segundo os pesquisadores, a prevenção primária do câncer via mudanças no estilo de vida é uma das mais promissoras e realísticas estratégias para esse controle.
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Nesse sentido, o estudo concluiu, por exemplo, que o número de cânceres de laringe, de pulmão, de orofaringe, de esôfago e colorretal pode ser diminuído no mínimo pela metade caso hábitos saudáveis fossem adotados, em específico o corte no fumo, redução drástica no consumo alcoólico, emagrecimento, adoção de uma dieta mais saudável e um aumento na prática de exercícios físicos. Além disso, a promoção desses hábitos saudáveis ajuda a prevenir diversas outras doenças, especialmente as cardiovasculares.
O estudo usou os dados do PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2013, realizada pelo IBGE, para estimar a prevalência do consumo alcoólico, o consumo de frutas e de verduras, o nível de atividades físicas, o índice de massa corporal (IMC) e o fumo (ativo e passivo). Somando-se a isso, foram usados dados do POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2008-2009, também realizada pelo IBGE, sobre o consumo de fibras, cálcio, e carne vermelha e processada, pela população Brasileira. A análise desses dados levou em conta o gênero e a idade, além de dois cenários de exposição: um mínimo teórico - assumindo que os fatores de risco fossem eliminados em toda a população (prevenção já mencionada de 27% das mortes) - e outro mais plausível, onde haveria apenas uma significativa redução nesses fatores de risco.
No cenário plausível, no qual foi incluído uma redução de 10% no consumo alcoólico para menos de 50 g de etanol por dia, uma redução de 1 kg de gordura corporal por metro quadrado a nível populacional, um consumo de cálcio de, no mínimo, 200-399 mg/dia, e uma redução de 30% no fumo de tabaco. Nesse cenário, 4,5% de todos os casos de cânceres (19731 casos) e 6,1% de todas as mortes pela doença (11480 mortes) poderiam ser evitadas.
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Entre outros resultados mais específicos das análises estatísticas, foi mostrado que o fumo é responsável por 67 mil casos de câncer e por 40 mil casos de morte por câncer anualmente, representando a maioria das mortes preveníveis. Em seguida, o sobrepeso e a obesidade mostraram ser responsáveis por 21 mil casos e 13 mil mortes, e o consumo alcoólico por 16 mil casos e 9 mil mortes.
O fumo mostrou afetar os homens (20,8%) mais do que a soma de todos os outros quatro fatores de risco analisados pelo estudo (14,2%), mas para as mulheres os quatro fatores de risco representaram uma maior proporção de casos preveníveis (15,2%) do que o fumo isolado (10,1%). Essa diferença entre os gêneros é explicada tanto pelo fato das mulheres fumarem menos do que os homens quanto pelo fato delas se engajarem menos em exercícios físicos e serem mais propensas ao sobrepeso/acúmulo adiposo do que os homens.
Publicação do estudo: ScienceDirect
Referência adicional: Agência FAPESP
Hábitos saudáveis podem evitar 27% dos casos de câncer no Brasil
Reviewed by Saber Atualizado
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maio 31, 2019
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