Abelha-gigante reaparece viva após 38 anos perdida
Em 1858, o naturalista Alfred Russell Wallace - o qual desenvolveu a Teoria da Evolução via Seleção Natural na mesma época que Darwin (1) - descreveu uma abelha de tamanho fora do normal e que possuía gigantescas mandíbulas. Porém, Wallace foi o último a registrar a peculiar abelha, até o entomologista da Universidade de Georgia, Atenas, encontrar novamente vários indivíduos da espécie em 1981. E, novamente, esse foi o último registro de um espécime vivo dessa abelha.
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(1) Porém o trabalho publicado por Darwin era substancialmente mais detalhado, apresentava um maior acúmulo de evidências científicas de suporte e englobava também a Seleção Sexual.
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Então, como parte de um projeto de redescoberta de espécies perdidas ao redor do mundo, quatro entomologistas e fotógrafos resolveram explorar o Norte de Moluccas, nas ilhas da Indonésia onde Wallace primeiro avistou a enorme abelha. Após 5 dias de busca, e seguindo os passos descritos no diário de Wallace - The Malay Archipelago -, os exploradores conseguiram finalmente localizar uma fêmea dentro de um ninho de cupim no alto de uma árvore.
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Com dimensões quatro vezes maiores do que uma típica abelha-do-mel (gênero Apis), a fêmea da abelha-gigante-de-Wallace (Megachile pluto) - também conhecida como Raja Ofu, O Rei das Abelhas - possui uma envergadura de asas de 6 cm e representa a maior abelha do mundo. No entanto, o macho possui cerca de metade do tamanho da fêmea. Vivem em estruturas abandonadas, especialmente ninhos de cupim, os quais são trabalhados e reforçados pelas fêmeas com a resina de árvores próximas extraída e coletada com suas fortes mandíbulas. Habitam exclusivamente três regiões da Indonésia.
Até essa nova redescoberta da espécie, o único espécime oficialmente conservado encontrava-se no Museu Americano de História Natural, oriundo de espécimes coletados por Wallace há mais de 150 anos. Porém, foi reportado o leilão ano passado de dois espécimes coletados na Indonésia para colecionadores privados, com preços que alcançaram US$9100. Nesse sentido, com a maior atenção sendo dada agora a esse inseto pela mídia, esforços de conservação precisam ser redobrados. Por outro lado, essa maior atenção também ajuda a revelar o comércio ilegal da vida selvagem (2) e atrai maior investimento de conservação. A redescoberta também possibilita um estudo mais detalhado sobre a espécie em seu habitat, o que é essencial para a criação de estratégias de proteção ambiental.
Somado ao comércio ilegal, essa abelha também é ameaçada pelo intenso processo de desflorestamento ocorrendo em várias partes da Indonésia.
Obs.: Em todo o mundo, as populações de abelha vêm sofrendo grande declínio, e provável principal responsável parece ser os agrotóxicos. Para entender melhor o assunto, acesse: O desaparecimento das abelhas
Referência: Global Wildlife Conservation
(2) Reserchgate
Abelha-gigante reaparece viva após 38 anos perdida
Reviewed by Saber Atualizado
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fevereiro 23, 2019
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