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IPCC lança alerta de urgência na luta contra o aquecimento global



De acordo com os reportes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), os esforços mundiais para que a temperatura média do planeta não sofra com um adicional de 1,5°C em comparação com o seu valor no período pré-industrial precisarão ser drásticos, envolvendo acentuadas mudanças em como governos, indústrias e a sociedade em geral funcionam e planejam suas ações. Apesar disso, os cientistas acreditam que temos ainda cerca de 10-30 anos a mais do que o esperado até que a temperatura média atinja esse limite (até o momento, a superfície do planeta ganhou 1°C ao longo do século XX e XXI).

No geral, independentemente dos esforços escolhidos, o mundo teria que cortar suas emissões de carbono (incluindo dióxido de carbono e metano) no mínimo pela metade em relação aos níveis emitidos em 2017 até 2030, e alcançar uma neutralidade de carbono até 2050 para atingir o objetivo, segundo relatório do IPCC. Essa conclusão é baseada em estudos de alta qualidade realizados desde o Acordo de Paris firmado em 2015 - e desrespeitado hoje pelos EUA (em específico, pela administração Trump) -, o qual busca frear a emissão de gases do efeito estufa e limitar que o aumento da temperatura global média atinja, no máximo, entre 1,5°C e 2°C até o final deste século. No total, foram 6 mil estudos analisados por mais de 90 especialistas oriundos de 40 países.

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No atual cenário de aquecimento global, é esperado que até 2100 a temperatura média global aumente cerca de 3°C caso nada seja feito. Além disso, pode quebrar a barreira de 1,5°C entre 2030 e 2052 caso o ritmo atual de aquecimento seja mantido. Nesse último caso, os cientistas possuem 'alta confiança' de que as mudanças climáticas resultantes levaram ao aumento das letais ondas de calor sobre os continentes, especialmente nos trópicos. Além disso, os pesquisadores possuem 'média confiança' de que isso resultará em tempestades mais extremas em áreas de grande elevação, como no Leste Asiático e no Leste da América do Norte. O risco de tais consequências aumentam drasticamente caso o aumento de temperatura média global alcance os 2°C nas próximas três décadas.

Um extra de 2°C possui o potencial de destruir ecossistemas em cerca de 13% da área continental, aumentando o risco de extinção para vários insetos, plantas e animais. Caso o aumento não ultrapasse os 1,5°C, esse risco seria reduzido pela metade.

Já no Ártico, um aumento de 2°C poderia significar verões sem gelo uma vez a cada década, em comparação com uma vez a cada século caso o limite de 1,5°C não seja ultrapassado. Recifes de coral - importantíssimos para o ecossistema marinho - poderiam desaparecer quase que inteiramente com um aquecimento extra de 2°C, mas com uma perda de 10-30% com um aumento de 1,5°C.

Ainda segundo o IPCC, o mundo seria um lugar quase impossível para a maior parte das pessoas viverem  caso os cenários mais pessimistas de aquecimento global se concretizem. O Acordo de Paris visa frear o ritmo de aquecimento para que a temperatura média na superfície da Terra não ultrapasse um aumento de 1,5°C no final do século, mas muitos cientistas já acreditam que nem mesmo impedir os 2°C será possível considerando o ritmo atual de emissão de gases estufas e nível de comprometimento dos países.

Independentemente do IPCC, um estudo de revisão publicado na Annual Review of Environment and Resources dia 8 de outubro (mesma data de publicação do novo relatório do IPCC) mostrou que o nível médio dos mares ao redor do globo pode aumentar quase 2,5 metros até 2100 e cerca de 15 metros até 2300 devido às mudanças climáticas. Como em torno de 11% da população mundial (7,6 bilhões de pessoas no total) vive em áreas elevadas menos do que 10 metros acima do nível do mar, entre 2100 e 2300 as populações costeiras sofreriam enormemente e a humanidade teria bem menos espaço para habitação e atividades econômicas diversas, isso sem contar os ecossistemas nessas regiões.

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A esperança em alcançarmos o cenário mais otimista reside em ações rígidas dirigidas pelos governos e pela sociedade. A energia renovável e limpa - como a solar e a eólica - precisa fornecer 70-85% da eletricidade mundial até 2050, e precisamos expandir enormemente as áreas florestais objetivando uma maior fixação do carbono presente na atmosfera. Além disso, será necessário implantar tecnologias de fixação artificial de carbono no subsolo a nível global, algo difícil de ser realizado segundo os especialistas. Outras medidas complementares ou substitutivas seriam a drástica redução no consumo de carnes, menos voos comerciais e trocar mais os carros pelas bicicletas.

Porém, um dos possíveis maiores contribuidores para o efeito estufa, EUA, possui um presidente que desacredita no fator antropogênico interferindo com o clima. Trump, em uma entrevista recente para o '60 Minutes', da CBS, Trump disse que hoje acredita nas mudanças climáticas ocorrendo via aquecimento global - um 'progresso' - mas não acredita que esse fenômeno tenha as atividades humanas como causa principal. Trump afirmou que os cientistas do 'aquecimento global antropogênico' possuem uma "agenda política", e que não quer perder "trilhões e trilhões de dólares, e milhões e milhões de empregos" por causa de algo duvidoso. Ainda segundo Trump, assim como a temperatura subiu ela pode baixar novamente, mas não explicou como e quando.

Há décadas é um consenso científico de que a superfície do planeta está experimentando um acentuado aquecimento global, o qual está gerando preocupantes mudanças climáticas. Nesse sentido, 97% dos cientistas acreditam que a causa principal desse aquecimento são as atividades humanas, incluindo desmatamento e emissões de gases estufas de diversas fontes, especialmente queima de combustíveis fósseis nos automóveis e na indústria. Por outro lado, 3% dos cientistas acreditam que esse fenômeno está sendo causado principalmente por fatores naturais, podendo ser algo até mesmo cíclico. Porém, as evidências científicas corroboram muito mais a Teoria Antropogênica, e ações urgentes precisam ser feitas agora orientadas pelo lado de maior solidez científica, porque 'esperar para ver' passa longe de qualquer prudência.


Referências:
1. https://www.nature.com/articles/d41586-018-06876-2
2. https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-environ-102017-025826
3. https://www.bbc.com/news/world-us-canada-45859325
IPCC lança alerta de urgência na luta contra o aquecimento global IPCC lança alerta de urgência na luta contra o aquecimento global Reviewed by Saber Atualizado on outubro 15, 2018 Rating: 5

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