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Dietas baixas em carboidratos podem trazer substanciais danos à saúde


Um estudo publicado recentemente no The Lancet Public Health mostrou que dietas com alta ou baixa quantidade de carboidratos parecem trazer prejuízos à saúde a longo prazo, sendo que o ideal parece ser uma dieta com moderada quantidade desse nutriente. Além disso, um outro estudo publicado no Journal of Physiology sugeriu que as dietas cetônicas (as quais apresentam uma quantidade muito baixa de carboidratos) podem causar um aumento no risco de diabetes tipo 2 na sua fase inicial.

No caso do estudo do The Lancet - um estudo observacional seguido de uma meta-análise -, os pesquisadores primeiro analisaram mais de 15400 pessoas do banco de dados do Atherosclerosis Risk in Communities Study (ARIC), nos EUA, e encontraram que as dietas tanto com baixa (<40% de energia) e alta (>70% de energia) quantidade de carboidratos estavam ligados com um aumento no risco de mortalidade, enquanto dietas moderadas em carboidratos (50-55% de energia) estavam ligadas a um menor risco de mortalidade. Os indivíduos analisados foram acompanhados durante um período de 25 anos, com 6283 deles morrendo dentro desse período. A análise levou em conta fatores como idade, sexo, raça, educação, fumo, etc.

Os pesquisadores estimaram que a partir da idade de 50 anos, a expectativa média de vida tinha um adicional de 33 anos para aqueles com um consumo moderado de carboidrato, com isso sendo 4 anos mais longo do que aqueles com um consumo de carboidrato muito baixo (29 anos), e 1 ano mais longo quando comparado com aqueles com alto consumo de carboidratos. Mas como a dieta dos participantes só foi acompanhada durante os primeiros 6 anos dos 25 anos, padrões de dieta podem ter mudado, o que deixa incerto o exato papel dos carboidratos nas taxas de mortalidade, mas deixa a sugestão de uma tendência.

Na segunda parte do estudo, os pesquisadores fizeram uma meta-análise dos dados de 8 cohorts prospectivos (incluindo o ARIC), envolvendo 432179 pessoas de países da América do Norte, Europa e Ásia. O resultado da meta-análise corroborou a tendência do estudo observacional, com as dietas com alta e baixa quantidade de carboidratos possuindo uma menor expectativa de vida do que aqueles com um consumo moderado.

Para complementar, os pesquisadores também mostraram que dentro das dietas com baixo consumo de carboidrato, a substituição calórica desse nutriente na dieta é substancialmente mais saudável - e prolonga mais a longevidade - quando feita com gorduras e proteínas de vegetais do que de animais.

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Já no estudo publicado no Journal of Physiology, uma dieta muito pobre em carboidrato e alta em gorduras (cetogênica (1)) - ou 'cetônica' - foi associada com um aumento no risco de desenvolvimento da diabetas tipo 2.


Insulina é um hormônio liberado pelo pâncreas e usado pelo corpo para o controle da taxa de glicose no sangue, tanto por efeito de maior absorção de glicose nas células pelo canal GLUT4 quanto (principalmente) pelo impedimento de produção desse carboidrato pelo fígado (2). Se esse sistema de controle passa a não funcionar corretamente - resistência à insulina -, as taxas de glicose no sangue tendem a ficar altas (diabetes tipo 2).


Nesse sentido, ao analisar ratos sob uma dieta cetogênica e ratos sob uma dieta alta em carboidratos e alta em gorduras (típica do Ocidente e sabida de ser um grande fator de risco para a diabetes tipo 2), os pesquisadores mostraram que ocorria uma maior resistência à insulina no corpo em ambas as dietas, levando a um maior risco de diabetes tipo 2 nos ratos dos dois grupos. Nos ratos sob dieta cetogênica, no entanto, essa resistência foi maior e concentrada exclusivamente no fígado.

É válido mencionar os pesquisadores não efetuaram um estudo a longo prazo para verificar se esse efeito da dieta cetogênica era persistente ou apenas um processo de adaptação metabólica ao novo regime de alta restrição de carboidratos e maior uso de ácidos graxos/corpos cetônicos pelo corpo dos roedores.

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As dietas de alta restrição aos carboidratos estão ficando cada vez mais na moda, especialmente quando voltadas para o emagrecimento e manutenção da massa corporal perdida. Além disso, sempre foram ligadas a um programa alimentar saudável. Esses dois novos estudos levantam dúvidas se elas são realmente saudáveis a longo e a curto prazo. Somando-se a isso, ainda é controverso na literatura acadêmica qual é a melhor estratégia de dieta para o emagrecimento, algo que geralmente tende mudar de uma pessoa para outra (enquanto um pode se adaptar bem à grande restrição de carboidratos, outro pode achar esse tipo de regime um pesadelo e não conseguir mantê-lo a longo prazo) (3).


De qualquer forma, os estudos não são conclusivos, e mais trabalhos científicos serão necessários para validar esses novos achados. No estudo observacional, por exemplo, a baixa ou alta quantidade de carboidrato podem não ser os culpados diretos pela menor longevidade, mas as escolhas do que está sendo usado para substituir os carboidratos para completar as calorias totais diárias. De fato, as taxas de mortalidade variaram com a menor ou maior presença de proteínas e gorduras derivadas de vegetais ou animais. Já no segundo estudo, os resultados precisam ser replicados em humanos.

No final, a dica é procurar um nutricionista antes de encarar uma drástica mudança na dieta.

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Publicação dos estudos:
1. https://www.thelancet.com/journals/lanpub/article/PIIS2468-2667(18)30135-X/fulltext
2. https://physoc.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1113/JP275173
Dietas baixas em carboidratos podem trazer substanciais danos à saúde Dietas baixas em carboidratos podem trazer substanciais danos à saúde Reviewed by Saber Atualizado on agosto 20, 2018 Rating: 5

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