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Descoberto humano metade Neandertal metade Denisovano


Estudo publicado ontem na Nature descreveu a descoberta do primeiro espécime conhecido do gênero Homo que é um híbrido direto de um Denisovano (Homo denisova) (1) com um Neandertal (Homo neanderthalensis). O híbrido é uma fêmea que morreu há cerca de 90 mil anos, sendo inicialmente revelado pelo osso de um dedo encontrado por arqueólogos Russos em uma caverna na Sibéria.

Os Neandertais e os Denisovanos, são duas espécies intimamente relacionadas entre si na escala evolutiva - provavelmente divergindo há mais de 390 mil anos - e as mais próximas dos humanos modernos (Homo sapiens, nossa espécie). Aliás, boa parte dos humanos modernos hoje - basicamente todos nós que estamos fora da África - possui material genético oriundo dos Neandertais e dos Denisovanos, a partir de híbridos férteis gerados entre essas três espécies em zonas geográficas de encontro e interação. Em específico, o H. sapiens de ancestralidade não-Africana cruzou com os Neandertais há cerca de 60 mil anos (2) e o H. sapiens ancestral dos Asiáticos e Oceanianos atuais cruzou em algum momento com os Denisovanos. Tais fusões genômicas contribuíram de forma importante para a evolução da nossa espécie. É possível também que os Denisovanos podem ter recebido um fluxo genéticos de homininis arcaicos que divergiram há mais de 1 milhão de anos a partir dos ancestrais dos humanos modernos. Apesar das evidências genéticas deixarem isso claro, antes nunca havia sido descoberto um híbrido direto entre essas espécies (1° geração).

Para mais informações:

Para a confirmação do híbrido - apelidado carinhosamente de Denny -, pesquisadores liderados pelos palaeogeneticistas Viviane Slon e Svante Pääbo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzing, Alemanha, conduziram uma análise genômica do fragmento de osso encontrado em uma caverna situada nas Montanhas Altai da Rússia. Comparando as variações genéticas no DNA, foi mostrado que cerca de 40% dele tinham origem de um Neandertal e 40% de um Denisovano. Eles também sequenciaram o DNA mitocondrial extraído revelando que a mãe do híbrido era Neandertal. E ao sequenciar os cromossomos sexuais da fêmea híbrida, e considerar a espessura do fragmento ósseo investigado, os pesquisadores sugeriram que o espécime possuía, no mínimo, 13 anos de idade.



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Antes dessa descoberta, a melhor evidência de uma associação híbrida entre humanos de espécies distintas era de um espécime Homo sapiens que possuía uma ancestral Neandertal dentro de 4-6 gerações anteriores.


(A-B) Impressão artística de Denny. Arte: © John Bavaro


Uma grande dúvida também emergiu com a nova descoberta: se os Neandertais e os Denisovanos pareciam se acasalar tão prontamente e em substancial extensão no Pleistoceno Superior, por que essas duas populações de homininis permaneceram geneticamente distintas por centenas de anos? Os pesquisadores sugerem que isso pode ter se dado ou porque os híbridos gerados eram inférteis, ou porque eram biologicamente pouco adaptados ao ambiente, ou porque esses acasalamentos não eram tão frequentes assim, prevenindo ambas as espécies de se fundirem a nível populacional. De fato, os pesquisadores apontam que a maioria dos vestígios fósseis dos Neandertais foram encontrados no oeste da Eurásia, enquanto os Denisovanos até agora só foram identificados em uma região limitada da Sibéria e mais ao leste da Eurásia.

Por outro lado, considerando que os Neandertais e os Denisovanos eram geneticamente menos diversificados do que os humanos modernos, a hibridização pode ter resultado em uma variação genética extra benéfica. Nesse sentido, indivíduos híbridos entre essas duas espécies podem não ter persistido durante o curso evolucionário por outros motivos, incluindo aqueles também responsáveis pela extinção dos Neandertais e Denisovanos e subsequente total domínio dos humanos modernos há cerca de 40 mil anos.

Outra dúvida que foi levantada faz referência ao modo (comportamento) de como essas hibridizações ocorreram, ou seja, se foram consensuais ou não. Estudos futuros irão adereçar essa questão.

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Um ponto curioso é que a mãe Neandertal, pelos estudos genéticos, mostrou estar mais relacionada com os Neandertais que viviam na região hoje pertencente à Croácia - a milhares de quilômetros de distância dos Denisovanos - do que na região da Sibéria. Isso sugere uma migração populacional dos Neandertais entre essas duas regiões.

Os Neandertais da Croácia desapareceram muito mais recentemente do que o híbrido encontrado, há cerca de 55 mil anos,  enquanto os Neandertais encontrados na Caverna Denisova morreram há cerca de 120 mil anos. Esse fato deixa duas possibilidades para explicar a ancestralidade da mãe do híbrido: ou uma população de Neandertais Europeus veio para o oeste, nas Montanhas de Altai, e parcialmente substituíram os Neandertais da região antes do híbrido ter nascido, ou um grupo de Neandertais pode ter deixado as Montanhas de Altai e partido para a Europa após o nascimento do híbrido.

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Publicação do estudo: Nature

Referências adicionais:
1. https://www.nature.com/articles/d41586-018-06004-0
2. https://www.mpg.de/12208106/neandertals-denisovans-daughter

Descoberto humano metade Neandertal metade Denisovano Descoberto humano metade Neandertal metade Denisovano Reviewed by Saber Atualizado on agosto 23, 2018 Rating: 5

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