Diabetes aumenta substancialmente o risco da maioria dos cânceres, especialmente em mulheres
Um gigantesco estudo de revisão sistemática e meta-análise que incluiu 121 cohorts englobando quase 20 milhões de indivíduos e mais de 1 milhão de eventos cancerígenos mais do que reforçou a associação entre diabetes e câncer, além de mostrar que as mulheres com diabetes estão com um risco substancialmente mais alto de desenvolver um tumor maligno do que os homens.
Antes desse estudo, publicado no periódico Diabetologia, já se sabia que um quadro de diabetes era um fator de risco para alguns cânceres, e existiam evidências sugerindo que a doença aumentava o risco de todos os cânceres. Porém, era ainda incerto se os riscos eram similares para homens e mulheres, e qual era a real extensão desses riscos. Aliás, a diabetes está associada também com o maior risco de vários cânceres oriundos da obesidade/sobrepeso (1).
(1) Para saber mais, acesse: Fique alerta: a obesidade caminha junto com o câncer
Os pesquisadores mostraram na nova revisão que, de fato, a diabetes estava associada com a maioria dos cânceres de partes específicas do corpo, e que as mulheres, no geral, possuíam um excesso de risco 6% maior do que os homens comparando tecidos similares. Os riscos foram significativamente maiores para os cânceres oral (+11%), estomacal (+13%) e renal (+11%), e para a leucemia (+15%), nas mulheres, com apenas o câncer de fígado ficando com o risco maior para os homens (+12%). Comparando populações do mesmo sexo, as mulheres com diabetes tinham um risco 27% maior de desenvolverem um câncer do que as mulheres não-diabéticas, e os homens diabéticos tinham um risco 19% maior.
Existem dois mecanismos principais pelos quais a diabetes pode elevar o risco de desenvolvimento de um câncer:
1. Hiperglicemia: altas taxas de glicose circulando no sangue podem causar maiores danos no DNA ou devido ao aumento do estresse oxidativo associado ou via efeitos carcinogênicos diretos.
2. Hiperinsulinemia: altas taxas de insulina circulante devido a maior sobrecarga do pâncreas promove a proliferação de células cancerígenas ao estimular o receptor de insulina diretamente e ao fomentar, indiretamente, a produção do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1).
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Um dos possíveis mecanismos para explicar a maior incidência de cânceres nas mulheres com diabetes é o menor controle da doença entre elas do que entre os homens. Historicamente, as mulheres são sub-tratadas quando primeiro apresentam os sintomas da diabetes, são menos prováveis de receber cuidado intensivo e não tomam os mesmos níveis de medicações do que os homens. Além disso, os problemas relacionados à tolerância de glicose dura, na média, cerca de 2 anos mais nas mulheres com diabetes que trataram a doença do que nos homens. Somando-se a isso, a diabetes também parece ter um efeito protetor contra o câncer de próstata, e como esse é um dos principais cânceres que afetam especificamente os homens, isso pode acabar diminuindo a incidência global de cânceres entre a população masculina diabética em relação à população feminina diabética.
A prevalência de diabetes têm crescido rápido nos últimos anos. Em 2015, 1 em cada 11 adultos (415 milhões) foram reportados terem diabetes, com 5 milhões de mortes atribuídas à doença e com 12% do gasto global em saúde direcionado à diabetes e suas complicações. O câncer, a segunda maior causa de morte no mundo, também cresceu enormemente, com 17,5 milhões de casos em 2015 e 8,7 milhões de mortes associadas no mesmo ano ao redor do mundo. É estimado que 1 em cada 4 mulheres e 1 em cada 3 homens irão desenvolver câncer ao longo da vida.
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Publicação do estudo: Springer
Diabetes aumenta substancialmente o risco da maioria dos cânceres, especialmente em mulheres
Reviewed by Saber Atualizado
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julho 24, 2018
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