Surtos de caxumba nos EUA e em outros países ganham uma conclusiva explicação

Antes uma comum e grave doença entre as crianças, a caxumba foi quase eliminada nos EUA após a chegada da vacina em 1967, na forma da nossa tão conhecida tríplice viral (visando o sarampo, a caxumba e a rubéola) (1). Porém, a doença em anos recentes começou a voltar, mas dessa vez em jovens adultos, com centenas de surtos ocorrendo em campos de universidades e faculdades norte-americanas e de outros países desenvolvidos desde o começo dos anos 2000. E o motivo para esse misterioso fenômeno parece ter sido revelado por um novo estudo publicado esta semana na Science Translational Medicine.

Basicamente, existem duas possibilidades que podem explicar esse retorno da caxumba em jovens adultos observado nos EUA: ou as cepas virais evoluíram de forma a enganar a resposta imune ativada pelo antigo vírus atenuado da vacina tomada, ou a proteção da vacina simplesmente é enfraquecida naturalmente com o passar do tempo.

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Nesse sentido, pesquisadores reuniram e analisaram os dados de seis estudos prévios sobre a evetividade das vacinas aplicadas nos EUA e na Europa entre os anos de 1967 e 2008. Baseados nesses dados, eles estimaram que a imunidade gerada pela vacina da caxumba dura cerca de 16 a 50 anos, ou cerca de 27 anos na média. Isso significa que até 25% da população vacinada pode perder a imunidade dentro de 8 anos, e metade pode perdê-la dentro de 19 anos.

Para confirmar os achados, os pesquisadores criaram modelos matemáticos para aplicar na dinâmica populacional norte-americana nessas últimas décadas e ver se o padrão de surtos se encaixava com a perda de eficiência da vacina contra a caxumba. E os resultados das simulações corroboraram a hipótese. Em um exemplo, a simulação previu que adolescentes com idades de 10 a 19 anos que receberam uma única dose da vacina aos 12 meses de idade estariam mais suscetíveis à infecção viral do que aqueles vacinados há poucos anos. E, de fato, surtos nesse grupo de idade ocorreram no final dos anos de 1980 e início da década de 1990.

Além disso, quando o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA) adicionou uma segunda dose da tríplice viral a ser tomada entre as idades de 4 e 6 anos, os surtos se deslocaram para os jovens adultos (não mais para a adolescência, já que a proteção foi renovada anos após a primeira dose, atrasando a perda de imunidade). Somando-se a isso, se a vacina em geral estivesse menos eficaz do que antes - para explicar os novos casos -, teríamos surtos em todas as faixas de idade, citam os pesquisadores.

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Munidos dessas evidências, os pesquisadores responsáveis pelo novo estudo recomendam para as agências de saúde ao redor de todo o mundo programarem mais um reforço da vacina aos 18 anos (3 doses no total), ou ao longo da idade adulta, para prevenir mais surtos de considerável tamanho no futuro próximo. Aliás, o exército norte-americano parece ter comprovado a eficácia dessa recomendação, já que não foram vistos mais surtos da doença entre os militares desde que se começou a dar a todos os novos recrutas uma dose extra da tríplice viral em 1991.

Porém, nem todos os especialistas concordaram 100% com os resultados do no estudo. Alguns citam que além do efeito de enfraquecimento da imunidade conferida pela vacina com o passar do tempo, é provável também que a evolução do vírus também seja um fator importante. Alguns estudos, de fato, apontam que a imunidade conferida pela vacina da tríplice não possui a mesma força do que há 50 anos contra o vírus da caxumba.

De qualquer forma, com a imunidade enfraquecida sendo um fator isolado ou não, o consenso absoluto entre os especialistas é de que uma 3° dose seja aplicada entre a população para reforçar a proteção.

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