Como um cientista se parece? Crianças estão desenhando mulheres como resposta dezenas de vezes mais do que antes

Em um estudo de meta-análise publicado no periódico Child Development, pesquisadores reportaram que, nos EUA, as crianças em idade escolar estão cada vez mais vencendo a barreira prejudicial do esteriótipo entre homens e mulheres. Quando pedidas para desenharem qual a visão delas sobre o que era um cientista, muito mais crianças desenharam mulheres do que há algumas décadas. A conclusão foi feita com base na análise de quase 20860 desenhos feitos por estudantes com idades entre 5 e 18 anos desde 1960.

Para se ter uma ideia, nas décadas de 1960 e de 1970, menos do que 1% dos estudantes retratavam cientistas como mulheres em desenhos. Porém, já em 2016, esse número aumentou bastante, alcançando cerca de 28% em 2016. E essa mudança é ainda mais expressiva quando se é analisado os desenhos feitos apenas por meninas: enquanto cerca de 1% delas desenhavam mulheres nas duas primeiras décadas mencionadas, na última década mais da metade delas desenharam mulheres! Entre os garotos, houve um aumento de 400% entre os anos de 1985 e 2016 no número daqueles desenhando cientistas representados por mulheres.

E essa tendência positiva também mostra um paralelo com a real variação no número de cientistas mulheres nessas últimas cinco décadas. Entre 1960 e 2013, a porcentagem de mulheres ocupando posições na carreira científica aumentou de 28% para 49% nas ciências biológicas, de 8% para 35% na química, e de 3% para 11% na física e na astronomia.

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Hoje, a maioria dos cientistas ainda são homens, especialmente em áreas específicas como física e engenharia, e isso também pode explicar outro dado obtido no estudo: à medida que as crianças do sexo feminino ficam mais velhas (adolescência), os desenhos retratando cientistas começam a ficar mais tendenciosos no favorecimento de homens. Pode ser que à medida que vão crescendo, as mulheres começam a perceber que ainda existem bem mais cientistas homens, apesar do grande aumento no número de cientistas mulheres. O mesmo comportamento também foi visto entre as crianças do sexo masculino.

De qualquer forma, se a atual tendência continuar tanto na imaginação das crianças quanto no interesse/incentivo das mulheres em entrar para o mundo científico, talvez alcançaremos um fim prático do esteriótipo de gêneros na ciência em um futuro próximo, fomentando ainda mais o desenvolvimento científico a nível global.

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Publicação do estudo: ChildDevelopment