Cientistas descobrem um 'órgão' na anatomia humana nunca descrito
Reportado esta semana na Scientific Reports, um impactante novo estudo descreveu uma desconhecida estrutura no corpo humano nunca antes identificada, e a qual possui implicações para o funcionamento de todos os órgãos, a maioria dos tecidos e nos mecanismos da maioria das principais doenças.
Basicamente, os pesquisadores descobriram, via análises por endomicroscopia de laser confocal, que camadas específicas do corpo há muito tempo pensadas serem tecidos conectivos densos - abaixo da superfície da pele, contornando o trato digestivo, pulmões e sistema urinário, e ao redor de artérias, veias, e a faixa entre músculos - são, na verdade, compartimentos interconectados e preenchidos com fluídos.
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Congelando o tecido durante a biópsia antes da fixação foi possível preservar a anatomia da estrutura, mostrando que ela era parte da submucosa e um espaço intersticial preenchido com líquido nunca antes descrito na medicina, drenando para nódulos linfáticos e suportado por uma complexa rede de grossos maços de colágeno e flexíveis proteínas conectivas de elastina. Presente entre e dentro dos tecidos, a estrutura pode agir como um absorvedor de choques que mantém os tecidos seguros e firmes à medida que os órgãos, músculos e vasos sanguíneos se movimentam vigorosamente como parte das suas funções diárias. A natureza das células que revestem essa estrutura, porém, é incerta, as quais podem ser uma nova forma de fibroblasto CD34-positivo ou mesmo células tronco mesenquimais.
Além disso, a descoberta que essa estrutura é uma via de movimentação de fluidos pode explicar porque o câncer que invade os locais onde ela está presente se torna muito mais provável de se espalhar pelo corpo - já que fica mais fácil para as células cancerígenas viajarem por esses espaços, impulsionadas inclusive pelos movimentos de contração e relaxamento do órgãos e tecidos.
Ligada ao sistema linfático, a nova estrutura descrita é fonte de linfa, o fluido vital para o funcionamento das células imunes que desencadeiam processos inflamatórios. Somando-se a isso, as células que residem dentro do espaço intersticial junto com os maços de colágeno sofrem mudanças com o avanço da idade, e podem contribuir para o enrugamento da pele, a rigidez de membros e a progressão de doenças fibróticas, escleróticas e inflamatórias.
Segundo os autores do novo estudo (1), a nova estrutura pode ser claramente definida como um novo órgão, e um dos maiores do corpo humano. Ainda será necessário um debate entre os membros da comunidade médica internacional para definir se a nova estrutura entrará como um real órgão nas atualizações futuras em livros de anatomia.
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Publicação do estudo: Nature
(1) Referência adicional: NYU
Cientistas descobrem um 'órgão' na anatomia humana nunca descrito
Reviewed by Saber Atualizado
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março 30, 2018
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