As tintas tóxicas para tingir os cabelos podem ser substituídas em breve por uma tinta segura baseada em grafeno

A maioria das tintas usadas para tingir os cabelos possuem substâncias tóxicas - com colorantes baseados em compostos fenólicos e aminas aromáticas -, frequentemente danificando os fios de cabelo no processo (porque reagem com a estrutura capilar). Em específico, quanto mais escura a cor desejada, mais dessas substâncias tóxicas são necessárias. Mas agora os pesquisadores podem ter encontrado uma solução para o problema: grafeno.

O grafeno é um dos mais promissores materiais do século XXI, já usado em uma grande variedade de áreas, desde a medicina até o setor energético. É um alótropo do carbono, formado idealmente por uma única camada de um átomo de espessura constituída de anéis hexagonais de carbono interligados entre si. (Para saber mais sobre o grafeno, acesse o artigo: Supercondutividade descoberta no grafeno pode revolucionar a Ciência).

Utilizando grafeno oxidado (GO) - grafeno cuja estrutura reagiu com compostos oxigenados via oxidação - posteriormente reduzido (r-GO) misturado com um gel (contendo quitosana e vitamina C como agentes dispersantes e o último também como agente de redução), os cientistas produziram uma tinta escura para tingir, por exemplo, cabelos loiros de preto. Eles borrifaram o gel escuro no cabelo de vários indivíduos loiros, e esperaram a mistura secar, um processo que levou menos de 10 minutos. As tintas tradicionais geralmente levam horas para completar o processo de tingimento (usa difusão de compostos para dentro do cabelo), expondo os profissionais e clientes a substâncias tóxicas e muitas vezes carcinogênicas, as quais podem penetrar na pele e serem aspiradas. Algumas tintas usam pH próximo do neutro ou bases alcalinas mais fracas, evitando abrir a cutícula e causando menos danos, porém são pouco eficazes e se vão com poucas lavagens de cabelo.

No final do experimento, os resultados mostraram que a eficácia da tinta de grafeno foi mais do que positiva. As fibras de cabelo interagiram bem com o gel escuro, com uma camada superficial preta em torno de 2 mícrons de espessura se formando sobre os fios de cabelo (um fio de cabelo humano geralmente possui de 10 a 200 mícrons de espessura) e ficando bem aderida mesmo após 30 lavagens com shampoo - durabilidade comparável às tinturas tradicionais. Os pesquisadores acreditam que o método pode ser uma alternativa segura às tintas de cabelo convencionais, apesar de outros estudos serem necessários para confirmar o achado - publicado hoje no periódico Chem.

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A tinta de grafeno não contêm solventes orgânicos ou ingredientes moleculares tóxicos, e não reage com a estrutura capilar. Somando-se a isso, é de rápida e fácil aplicação. A cor da tintura escura pode também ser alterada mudando-se a concentração do grafeno adicionado ou reagindo o material com outras substâncias.

Além de servir como uma excelente tinta preta para tingir o cabelo, o gel escuro oferece ainda outra vantagem: como o grafeno é um excelente condutor de eletricidade, o acúmulo de cargas estáticas nos fios de cabelo - que deixam o cabelo com uma aparência não agradável para muitos - é prevenido. Além disso, facilita a dissipação térmica, por ser também um bom condutor de calor.

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Publicação do estudo: Cell