Plantas terrestres podem ter surgido há cerca de 500 milhões de anos e sido decisivas na expansão dos animais terrestres

O surgimento das plantas terrestres no planeta foi bastante importante para resfriar o planeta e aumentar os níveis de oxigênio na atmosfera terrestre (apesar do fitoplâncton nos oceanos serem os principais responsáveis pela injeção de gás oxigênio na atmosfera). Além disso, são importantes fontes de alimento via consumidores primários. Em outras palavras, esses seres favoreceram a expansão dos animais terrestres pela superfície da Terra e marcaram um importante ponto na evolução biológica desses últimos.

Porém, ainda é incerto quando a primeira planta terrestre surgiu, especialmente porque esses seres vivos deixam poucos fósseis devido à estrutura corporal marcada pela ausência de ossos e carapaças duras. Os indícios fósseis mais antigos que temos hoje são de 420 milhões de anos atrás, mas, provavelmente, plantas terrestres ainda mais antigas devem ter existido. É sabido que as primeiras plantas terrestres certamente eram representadas ou por espécies de marcantiófitas (Marchantiophytas), antocerófitas (Anthocerophyta), ou por musgos (briófitas/Bryophyta) - pequenas plantas simples e não vasculares.

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Para compensar e superar essa escassez de registros fósseis, os pesquisadores se voltam para as análises genéticas, em uma técnica conhecida como 'relógio molecular'. Sabendo a taxa de uma típica mutação, os cientistas podem estimar quanto tempo atrás várias espécies se separaram na linha evolucionária através de diferenças no DNA.

Nesse sentido, o pesquisador Philip Donoghue e colaboradores usaram um banco de dados genéticos de mais de 100 espécies de plantas e algas, junto com registros fósseis bem estabelecidos, para traçar um mapa genético da evolução das primeiras plantas. Os resultados da análise, publicados hoje no Proceedings of the National Academiy of Sciences, indicaram que as plantas terrestres primeiro apareceram há cerca de 500 milhões de anos, durante o período Cambriano, onde os desenvolvimento de espécies de animais multicelulares teve partida.

Além da data ser bem anterior ao assumido hoje no meio acadêmico, ela também aponta que as plantas terrestres podem ter tido um papel decisivo para a expansão da vida terrestre, quase como uma parceria, e não apenas dado um empurrão de ajuda nesse processo.

Os resultados de outro estudo conjunto do time - publicados na Current Biology - também apontam que a antiga ideia que as Marchantiophytas são as mais primitivas plantas ainda existentes - devido ao fato de não possuírem raízes e poros para a troca gasosa e de água - não parece corresponder à realidade. Aliás, isso corrobora com estudos mais recentes que também chegam à mesma conclusão. As Marchantiophytas parecem ser evolucionalmente mais próximas dos musgos e as novas análises indicam que elas perderam raízes e poros durante o processo de evolução.

Segundo os pesquisadores, o ancestral comum das plantas terrestres provavelmente tinha poros e raízes rudimentares, e, portanto, cresciam melhor, processavam mais o solo e fixavam mais dióxido de carbono, gerando um impacto na biogeoquímica terrestre muito maior do que antes suposto.

Novos e mais robustos estudos agora são necessários para corroborarem ou refutarem os achados.

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Referência: Science