Ensino nas escolas da Evolução Biológica e do Aquecimento Global Antropogênico ameaçado nos EUA

E em mais um capítulo da Pós-Verdade, políticos nos EUA estão levando adiante o plano de dar ao público mais poder de influenciar as escolas sobre o que essas instituições de ensino podem e não podem ensinar aos estudantes. Parece brincadeira, mas, na semana passada, o sistema legislativo na Flórida aceitou considerar dois projetos de lei que, se decretados, permitiria que os pais do Estado determinassem o que os professores podem usar como material de ensino.

Os dois projetos de lei foram construídos com base em uma lei decretada em junho de 2017, a qual permite que qualquer cidadão na Flórida desafie os livros de ensino e as ferramentas educacionais em seus distritos como sendo tendenciosos ou não-acurados. Nos cinco meses após a aprovação da lei pelo governador do Estado, residentes preencheram, no mínimo, sete reclamações, incluindo duas que desafiam o ensino da Evolução Biológica e do Aquecimento Global antropogênico.

O Deputado Estadual Buron Donalds (Republicano), quem apoiou uma lei de intervenção educacional do tipo ano passado e um dos projetos de lei na Câmara este ano, disse ser importante que os supervisores e administradores nas escolas considerem diferentes pontos de vista. "Você pode debater sobre questões diversas e tirar suas próprias conclusões," disse Donalds.

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Porém, os projetos de lei aprovados este mês no Senado e na Câmara dos Deputados ('House of Representatives') vão além, porque ambos permitiriam que o público revisasse os materiais educacionais usados em sala de aula e sugerissem alternativas, independentemente da base científica justificando essas últimas caso elas se mostrem "sólidas" (e com qual referência?). Os projetos de lei ainda precisam ser votados pela Câmara e pelo Senado, mas existe uma boa chance deles se tornarem leis. De qualquer forma, a decisão final de seguir ou não as recomendações ainda continuam com os comitês escolares (algo que, por motivos políticos, pode fugir do controle racional).

"Isso fomentaria as ações de criacionistas, negadores das mudanças climáticas e até mesmo de terraplanistas associadas ao ataque às escolas locais com suas crendices," disse Glenn Branch, vice-diretor do Cetnro Nacional para a Educação Científica em Oakland, Califórnia, em entrevista para a Nature.

Enquanto o público ainda não possui esse poder de decisão, nos últimos anos diversos projetos de lei foram aprovados e implantados nos EUA com o objetivo de mudar os padrões educacionais dos Estados, algo que facilita a retirada de conteúdos do ensino regular. Ano passado, a lesgilação de Idaho - influenciada pela eleição do Donald Trump e da sua política de retrocesso nas discussões climáticas - retirou todas as referências do Aquecimento Global antropogênico dos padrões científicos do Estado. E, neste mês, no dia 12 de fevereiro, um projeto de lei introduzido em Iowa estaria fazendo algo similar ao remover as orientações de ensinar a Evolução Biológica e os efeitos das atividades humanas no clima.

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Se tais leis nos EUA continuarem sendo criadas e aprovadas, isso pode gerar um caos no ensino, com diversos grupos específicos e suas agendas tentando impor achismos como real ciência, incluindo movimentos anti-vacinação. E como os EUA é um país referência em termos globais, isso pode fomentar iniciativas parecidas em diversos outros países, especialmente na Índia onde já existe uma batalha política entre ciência e crenças/pseudo-ciências (1). O futuro é preocupante.

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