Descoberto fóssil de um aracnídeo metade escorpião metade aranha
Uma fascinante nova espécie de aracnídeo que lembra uma aranha com cauda foi descoberta muito bem preservada em âmbar (uma resina orgânica) em uma região de Myanmar, no sul da Ásia. O fóssil data do Cretáceo Médio, cerca de 100 milhões de anos atrás. O achado foi descrito em uma publicação hoje na Nature Ecology & Evolution, e traz valiosas informações sobre a origem evolucionária das aranhas modernas.
De acordo com os pesquisadores - representados por um time internacional englobando cientistas dos EUA, Alemanha, China e Reino Unido - o novo espécime se assemelha a uma aranha (possui presas inoculatórias, pedipalpos, quatro pernas para a locomoção e estruturas de produção de teia na parte de trás do corpo). No entanto, o aracnídeo também possui uma longa cauda e abdômen completamente segmentado, ambas características não encontradas nas aranhas modernas, apenas nos parentes evolutivos próximos desses animais, como o escorpião-vinagre (ordem Thelyphonida) e o próprio escorpião (ordem Scorpiones).
O novo espécime descrito possui cerca de 2,5 milímetros de comprimento corporal, excluindo a longa cauda de ~4 milímetros. É especulado que a cauda nesse animal deveria servir como uma sensível "antena" para ajudar na exploração do ambiente em volta. Os cientistas o nomearam 'Chimerarachne yingi', em homenagem à Quimera da Mitologia Grega, uma criatura híbrida composta de partes de outros animais. Provavelmente é um carnívoro, mas é improvável que usava a teia para capturar as presas (teias possuem funções diversas, como na feitura de tocas, proteção para ovos e mesmo sinalização).
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O mais interessante é que o novo espécime encontrado se encaixa perfeitamente com a predição teórica evolutiva de cientistas que descreveram uma espécie similar de aracnídeo - também do grupo Uraraneida - há alguns anos, que também lembrava muito uma aranha, mas que não possuía estruturas de formação de teia! Essa espécie era bem mais antiga, datando cerca de 290-380 milhões de anos atrás, e claramente representa um ancestral durante a transição evolucionária para as aranhas a partir de um ancestral comum com os escorpiões e escorpiões-vinagre (os quais parecem ter divergido na linha evolucionária há cerca de 430 milhões de anos). O Chimerarachne yingi, portanto, representa mais um passo evolutivo de transição em direção às aranhas modernas, ganhando mais uma distinta característica: estruturas de produção de teia.
Em outras palavras, um ancestral comum que compartilhava características entre esses três aracnídeos (escorpiões, escorpiões-vinagres, e aranhas) deu origem à subsequentes espécies no curso evolucionário que ganharam estruturas de produção de teia e gradual perda da cauda para dar origem às atuais aranhas modernas.
E como as aranhas modernas surgiram há 300 milhões de anos, os aracnídeos do grupo Uraraneida teriam convivido com elas durante 200 milhões de anos, indicando que eles não eram os ancestrais diretos, mas que dividiam um ancestral comum muito próximo (como os humanos e os chimpanzés/bonobos) e seguiram em uma linha evolucionária independente. Pode ser que ainda hoje exista algum descendente vivo das "aranhas-quimeras" perdido em alguma floresta não explorada, mas é inegável dizer que eles acabaram perdendo espaço para os seus primos evolucionários sem cauda.
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Publicação do estudo: Nature
Descoberto fóssil de um aracnídeo metade escorpião metade aranha
Reviewed by Saber Atualizado
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fevereiro 05, 2018
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