Crianças surdas com implante coclear aprendem a linguagem auditiva mais rápido do que crianças com audição normal

Por um longo tempo, especialistas acreditavam que as crianças nascidas surdas e que posteriormente recebiam um implante coclear (IC) - dispositivo que converte as ondas sonoras em estímulos elétricos que são enviados como impulsos nervosos para o nervo auditório -, demoravam bem mais para alcançar o mesmo nível de linguagem das crianças com audição normal. Porém, um novo estudo publicado na Scientific Reports encontrou exatamente o oposto!

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Analisando o tempo necessário para o aprendizado semântico em crianças anteriormente surdas e no segundo ano de uso do IC - um período que equivale à idade auditória de crianças com audição normal durante o qual o vocabulário emerge e é dramaticamente estendido -, os pesquisadores do Max Planck Institute for Human Cognitive Brain Sciences (MPI CBS) mostraram que, enquanto as crianças com audição normal necessitam, em média, de 14 meses para reconhecer solidamente que um objeto está nomeado incorretamente, as crianças com uma cóclea artificial alcançam o mesmo nível de performance após 12 meses, na média.

Para o estudo, participaram 32 crianças com IC bilateral, as quais tiveram que responder corretamente se o som de uma palavra correspondia a uma imagem apresentada. Suas respostas eletroencefalográficas foram registradas após 12, 18 e 24 meses de uso do IC. Enquanto algumas crianças falharam em mostrar um mínimo de processamento semântico no segundo ano de uso do IC, a maioria delas, porém, demonstraram um ótimo processamento semântico após 12 meses, mesmo quando suas experiência de linguagem confiavam exclusivamente no IC.

Os pesquisadores acreditam que as crianças com implante coclear, como são primeiro expostas aos sons quando estão mais velhas (entre 1 e 4 anos de idade), - ou seja, quando já estão com as estruturas cerebrais necessárias para a aquisição de linguagem bem desenvolvidas, assim como aquelas associadas à memória e ao conhecimento do ambiente ao seu redor -  elas acabam associando melhor os sons aprendidos com as coisas e eventos ao seu redor por não sofrerem de associações muitas vezes sem sentido de sons aleatórios que as crianças com audição normal acabam absorvendo desde o momento do nascimento ou até mesmo de dentro do útero. Em outras palavras, as crianças com IC não estariam trazendo vícios auditivos.

Apesar desse interessante achado, os pesquisadores querem agora saber o porquê de algumas crianças com IC falharem no aprendizado auditivo da linguagem. Os dados coletados do estudo poderão ajudar bastante nessa tarefa, assim como no desenvolvimento de melhores IC.

Publicação do estudo: Nature