Mosquitos podem aprender a te evitar se você tenta dar uma pancada neles

Em um estudo publicado esta semana na Current Biology (1), um interessante achado foi reportado por pesquisadores da Universidade de Whashington, Seattle, EUA. Os mosquitos podem não ser animais reconhecidos pela inteligência, mas eles podem aprender a associar um odor particular com uma desagradável ação de choque mecânico, como quando você tenta eliminá-los com um tapa.

Já é estabelecido há um bom tempo que os mosquitos não atacam as pessoas ou outros animais de forma aleatória. Esses insetos - no caso aqueles sugadores de sangue, como as fêmeas do Aedes Aegypti - mostram óbvias preferências por algumas pessoas do que por outras. Os mosquitos também exibem uma alternância sazonal de hospedeiros, se alimentando, por exemplo, mais de pássaros no verão, e, no resto do ano, de mamíferos e pássaros de forma equivalente.

Para investigar outras características de preferência dos mosquitos, os pesquisadores no novo estudo treinaram mosquitos da espécie Aedes aegypti ao parearem o odor de uma pessoa específica  ou de uma outra espécie de animal (rato e uma galinha no caso) com um choque mecânico. Para esse choque, eles usaram uma máquina de vórtex para simular as vibrações e acelerações - seja no ar em volta ou diretamente - que um mosquito pode experienciar quando uma pessoa tenta acertá-los com um pancada. Nesse sentido, os insetos rapidamente aprenderam a associação entre o odor do hospedeiro e o choque mecânico e, surpreendentemente, usaram essa informação para decidir em qual direção voar (curiosamente, eles não conseguiram aprender a evitar o cheiro de uma galinha). Mudanças neuronais e comportamentais foram evocadas pelos odores em diferentes situações.

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Segundo os pesquisadores, uma vez que os mosquitos analisados aprenderam os odores de uma forma aversiva, esses odores causaram respostas aversivas na mesma ordem de resposta daquela observada no DEET, este o qual é um dos mais efetivos repelentes de mosquitos. Além disso, eles confirmaram a importância da dopamina no aprendizado de odores pelos mosquitos - molécula essa intimamente ligada ao aprendizado em vários animais, de abelhas a humanos. Usando detectores neurais para captar a atividade do centro olfativo no cérebro dos mosquitos, foi mostrado que sem dopamina atuando - desativação do receptor dopamina-1 -, os neurônios nessa região eram menos prováveis de ser acionados. Como resultado, os mosquitos se tornaram menos capazes de processar e aprender a partir da informação odorífera.

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Os achados podem ter grande importância na otimização de métodos para o controle populacional dos mosquitos responsáveis por transmitirem doenças, ao proporcionar um melhor entendimento dos comportamentos e preferências desses insetos.


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(1) Publicação do estudo: Current Biology