Estudo mostra que o vírus da gripe se espalha perigosamente pelo ar com o simples ato de respirar
De acordo com um estudo publicado esta semana na PNAS, e realizado por pesquisadores da Universidade de Maryland, o vírus da gripe (influenza) se espalha muito mais facilmente do que antes pensado. As pessoas normalmente acreditam que apenas pegarão o vírus de uma outra pessoa infectada se inspirarem ou interagirem com gotículas liberadas por ela através de tosses e espirros. Porém, os achados do novo estudo mostram que os vírus podem ser transmitidos pela simples exalação de ar da pessoa infectada.
Segundo os pesquisadores, indivíduos com gripe geram aerossóis infecciosos (pequenas gotículas que ficam suspensas no ar por um longo tempo) mesmo quando elas não tossindo ou espirrando, especialmente nos primeiros dias da doença. Nesse sentido, eles alertam que quando a pessoa está gripada, ela não deveria de nenhuma maneira ir para lugares com muitas pessoas reunidas (como escola ou locais comuns de trabalho), com o ideal sendo o descanso e grande hidratação em casa para uma rápida recuperação e isolamento. Evitar ficar perto de pessoas tossindo/espirrando ou sempre lavar as mãos e superfícies podem não ser medidas eficientes para evitar contaminação.
Para chegar nessa conclusão, o time de pesquisa capturou e caracterizou o vírus influenza do ar exalado de 142 casos confirmados de gripe durante a respiração natural, conversações, tosses espontâneas e espirros. Os aerossóis criados durante essas ações foram analisados em termos de infectividade do influenza. Os participantes forneceram 218 amostras nasofaringeanas e 218 amostras de ar exalado, tosse e espirro gerados durante 30 minutos. Essas amostras totais foram pegas diariamente durante três dias.
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A análise dos vírus recuperados dessas amostras mostraram que um significativo número de pacientes gripados (39%) estão constantemente espalhando vírus infecciosos, não apenas RNA detectável, nas partículas de aerossol pequenas o suficiente para representar um risco via transmissão aérea. As análises da quantidade de vírus e RNA viral nos aerossóis mais finos também sugeriream que os espirros e a tosse não são realmente necessários para a aerossolização do vírus influenza. Aliás, os pesquisadores também mostraram que os espirros são bem raros na gripe (diferente dos resfriados).
Ainda segundo as análises, 48% das partículas de aerossóis potencialmente infecciosas não eram espalhadas durante os momentos de tosse, reforçando que essa última pode não ser tão importante para as transmissões de gripe e, sim, mais uma reação à irritação no trato respiratório traga pelo grande carga viral. Pesquisas anteriores recentes já tinham mostrado que partículas de aerossol são frequentemente geradas de pulmões saudáveis por repetidos pequenos fechamentos e reaberturas de vias aéreas na estrutura pulmonar durante a respiração. Já foi hipotetizado que durante infecções respiratórias, esse processo de fechamento-reabertura seria intensificado devido às inflamações na região, com o consequente aumento na produção de aerossóis contaminados e infecciosos.
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O novo estudo também teve contribuição de pesquisadores da Missouri Western State University e da Universidade da Califórnia, e foi financiado pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) e do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA). Futuros estudos são necessários para confirmar ou refutar os novos achados.
A transmissão da gripe é um assunto bastante estudado dentro da comunidade científica, e muitas dúvidas ainda persistem, especialmente considerando a sazonalidade das epidemias e a incerta relação com o frio (1). De qualquer forma, uma das melhores formas de prevenção - apesar de não tão eficiente - é a vacinação, principalmente em idosos e pessoas imunologicamente debilitadas.
(1) Para saber mais sobre o assunto, acesse o artigo: Qual é a relação da gripe e do resfriado com o frio?
Publicação do estudo: PNAS
Referência adicional: UMD
Estudo mostra que o vírus da gripe se espalha perigosamente pelo ar com o simples ato de respirar
Reviewed by Saber Atualizado
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janeiro 21, 2018
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