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Cientistas descrevem a primeira espécie híbrida de pássaro já encontrada na Floresta Amazônica


Pesquisadores da Universidade de Toronto, EUA, descreveram a primeira espécie de ave híbrida conhecida a ser encontrada na Floresta Amazônica. Através de uma série de análises anatômicas e genéticas, foi descoberto que o dançador-de-coroa-dourada (Lepidothrix vilasboesi) é, na verdade, fruto de uma especiação por hibridização.

Primeiro descoberto no Brasil em 1957 mas não visto de novo até 2002, o dançador-de-coroa-dourada é uma espécie de ave da família Pipridae, sendo endêmica do território brasileiro. Com cerca de 8,5 cm de comprimento, o habitat natural desse pequeno pássaro engloba florestas subtropicais ou tropicais úmidas de baixa altitude, especialmente na região do Rio-Cururu, no Pará. Encontra-se em estado vulnerável de conservação devido à contínua destruição do seu habitat pelo desmatamento e pela criação de gado.

Os pesquisadores sequenciaram uma grande parte do genoma dessa espécie, incluindo 16 mil diferentes marcadores genéticos, e acabaram encontrando que cerca de 20% do genoma veio da espécie Uirapuru-de-chapéu-branco (Lepidothrix nattereri) e cerca de 80% veio do Cabeça-de-prata (Lepidothrix iris). Foi usado também algo conhecido como 'coalescent modelling' para se descobrir em que ponto do curso temporal evolucionário o L. vilasboesi se separou dos seus "pais" de origem. Pelos resultados, essa separação ocorreu em torno de 158 mil anos atrás e que as espécies L. nattereri e L. iris se divergiram do seu ancestral comum há cerca de 242 mil anos. Em outras palavras, são todas espécies relativamente recentes, assim como a maior parte das aves da Floresta Amazônica (4-1,5 milhões de anos atrás).

O macho do dançador-de-coroa-dourada possui uma distinta coroa de penas amarelas que são muito menos brilhantes do que as duas espécies que lhe deram origem, estas as quais apresentam arranjos estruturais de queratina muito diferentes entre si, responsáveis por criar uma camada bastante reflexiva de penas e que ajudam os machos a se mostrarem mais para as fêmeas no escuro interior da floresta. O dançador-de-coroa-dourada possui uma mistura dessas estruturas.



Uma espécie híbrida se forma quando duas espécies distintas cruzam entre si para criar híbridos. Se essa nova população de híbridos for fértil e conseguir se isolar geograficamente, eles podem dar origem a uma nova espécie ao longo de um curso separado de evolução biológica. Às vezes, a própria formação dos híbridos é capaz de isolá-los, dependendo das suas características morfológicas e genéticas. Entre plantas, esse processo é relativamente comum, mas entre animais isso é muito raro, ainda mais raro em mamíferos, por causa da mobilidade (fica fácil para os híbridos cruzarem novamente com as espécies originais e acabarem sendo impedidos de seguirem um percurso evolucionário isolado).

Existem algumas espécies de aves que já mostraram serem híbridas, como o Pato-Havaiano e o Parda-Italiano, e, recentemente, um estudo de grande impacto acompanhou de perto o processo evolucionário de especiação por hibridização de uma espécie de Fringilídeos de Galápagos (1). Isso mostra que, entre as aves, esse processo de evolução biológica pode ser mais comum do que o suposto. Entre os mamíferos, suspeita-se que  o lobo-do-leste (Canis lycaon) e o lobo-vermelho (Canis rufus) são híbridos do lobo-cinzento (Canis lupus) e do coiote (Canis latrans) - ou apenas subespécies do lobo-cinzento, estes os quais frequentemente geram híbridos com os coiotes na América-do-Norte (aliás, quase todos os lobos-cinzentos nesse continente parecem ter algum grau de mistura genética com os coiotes).

Os pesquisadores acreditam que durante um período de clima favorável no passado da Floresta Amazônica as espécies L. natteri e L. iris vieram a ter contato geográfico, formando uma zona hibrida na região hoje ocupada pelo L. vilasboasi. Com o início de uma nova era glacial, a parte fronteiriça sul da floresta retraiu para o norte, isolando a zona de população híbrida. Através de seleção natural e sexual, novas cores únicas de pena surgiram nos híbridos durante o período de isolação, dando gradualmente origem a uma nova espécie. Posteriormente, com as mudanças climáticas, as três espécies voltaram a entrar em contato.


(1) Uma prova de macro evolução biológica mais do que clara: Nova espécie de ave surge em Galápagos, e os cientistas acompanharam o processo evolutivo

Publicação do estudo: PNAS

Referência adicional: IUCN

Cientistas descrevem a primeira espécie híbrida de pássaro já encontrada na Floresta Amazônica Cientistas descrevem a primeira espécie híbrida de pássaro já encontrada na Floresta Amazônica Reviewed by Saber Atualizado on dezembro 30, 2017 Rating: 5

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