Uma nova espécie de primata superior foi descoberta e já está em grave risco de extinção

Pesquisadores identificaram uma nova espécie de orangotango em uma isolada floresta na ilha de Sumatra, Indonésia. É a primeira nova espécie de primata superior a ser descoberta desde o bonobo em 1929.

A nova espécie, Pongo tapanuliensis (nomeada em homenagem aos distritos Tapanuli onde foi encontrada), pode ser facilmente distinta de outros orangotangos pelo seu cabelo frisado e um gosto especial por lagartas. Uma combinação de dados genéticos, anatômicos e ecológicos convenceu os pesquisadores de que esses primatas de fato faziam parte de uma espécie separada das outras duas espécies de orangotangos hoje existentes (P. abelii e P. pygmaeus).

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Há 3,4 milhões de anos, os pesquisadores estimam que os orangotangos no norte de Sumatra se separaram daqueles no sul de Sumatra e Borneo. Então, há cerca de 674 mil anos, as populações de orangotangos no sul de Sumatra e em Borneo se divergiram por ação de agentes geográficos (as duas ilhas são repetidamente separadas e unidas por mudanças nos níveis dos mares em uma escala geológica). Apesar dos espécimes do norte e do sul de Sumatra ocasionalmente cruzarem entre si após a divergência, os orangotangos de Tapanuli ficaram completamente isolados há cerca de 20 mil anos, garantindo uma evolução biológica significativamente distinta.

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Infelizmente, assim como seus relativos mais próximos, essa nova espécie está em crítico estado de conservação, sobrando menos do que 800 indivíduos restantes (valor que a torna um dos primatas mais ameaçados do mundo). Para piorar a situação, a construção de uma nova barragem pode destruir ainda mais seu habitat e causar uma rápida extinção se nada for feito.

Apenas 15 mil indivíduos da espécie P. abelii restaram em Sumatra. Grande parte do seu habitat florestal foi destruído pelo desflorestamento, plantação de palma e outros avanços humanos. Em Borneo, a população da espécie P. pygmaeus caiu cerca de 25% na última década para algo em torno de 60 mil indivíduos.

Um estudo recente estimou que 3,1 mil orangotangos são mortos todos os anos somente em Borneo. Esse valor é terrível, já que esses animais são um dos mamíferos com a mais lenta taxa de reprodução, gerando filhotes a cada 8 a 9 anos em boa parte dos casos.

Os pesquisadores e grupos de proteção ambiental diversos estão correndo contra o tempo agora para salvar esses primatas tão únicos, especialmente a nova espécie revelada.

Referência: Science