Estudo basicamente mostra que quanto melhor você é no DOTA 2 ou no LoL, mais inteligente você é

Pesquisadores da Universidade de York publicaram um estudo no PLOS ONE (1) mostrando que alguns videogames de estratégia podem atuar como verdadeiros testes de QI envolvendo inteligência fluída (a qual mede a capacidade de racionalizar e resolver novos problemas, independentemente de qualquer conhecimento prévio).

A pesquisa focou em jogos MOBAs ('Mulplayer Online Battle Arenas') - jogos estratégicos de ação que tipicamente envolvem dois times opostos de cinco indivíduos - assim como jogos multiplayers de 'Tiro de Primeira Pessoa' ('First Person Shooter', FPS), ambos enormemente populares e possuindo centenas de milhões de jogadores ao redor do mundo.

Os pesquisadores - englobando cientistas dos Departamentos de Psicologia e Ciência da Computação da Universidade de York - realizaram dois estudos. O primeiro examinou um grupo de jogadores altamente experientes em League of Legends, um dos mais populares jogos de estratégia do mundo. O segundo estudo analisou quatro jogos: dois MOBAs - League of Legends (LoL) e Defence of the Ancients 2 (DOTA 2) - e dois FPS - Destiny e Battlefield 3.

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Nos resultados do primeiro estudo, os pesquisadores observaram uma correlação entre a performance no League of Legends e a performance em testes padrões de inteligência fluída. Já no segundo estudo, foi encontrado que, para grandes grupos consistindo de milhares de jogadores, a performance nos MOBAs e a inteligência fluída se comportavam de maneira semelhante à medida que os jogadores avançavam na idade (no caso, adolescência para a fase adulta inicial). Mas esse efeito não foi encontrado nos FPS, onde a performance declinava depois da adolescência.

Segundo a conclusão dos pesquisadores, a correlação entre a grande habilidade em jogos estratégicos de ação como League of Legends e DOTA 2 e uma alta inteligência fluída é similar à correlação vista entre QI e jogos tradicionais de estratégia como o xadrez. Neles, existe uma forte demanda de memória e capacidade de realizar decisões estratégicas que necessitam levar múltiplos fatores em conta. Já nos FPS, apenas velocidade e acuracidade são a prioridade, estando ligadas ao desempenho de outras áreas no cérebro, como na visão espacial.

Ainda segundo os autores do estudo, esses jogos de estratégia são complexos, socialmente interativos e intelectualmente desafiadores, e podem de fato atuar como um medidor da inteligência de um indivíduo.

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A descoberta dessa correlação envolvendo jogos eletrônicos de estratégia extremamente populares pode abrir uma grande janela de dados para os pesquisadores do mundo inteiro. Em estudos epidemiológicos de cognição, análises à nível populacional podem ser realizadas usando os dados de milhões de jogadores como base, especialmente como um modo de monitorar a saúde cognitiva das pessoas ao redor do mundo (um declínio na inteligência fluída e na memória funcional estão ligados com a expressão de um número de doenças e a qualidade de saúde no envelhecimento, por exemplo).


IMPORTANTE: É válido reforçar aqui que o estudo não mostrou que os jogos analisados melhoram a inteligência da pessoa (seja sob quaisquer parâmetros cognitivos) e, sim, que servem de parâmetro para medir a inteligência do indivíduo.

(1) Publicação do estudo: PLOS One