Mal reporte das emissões de gases estufa muito mais poderosos do que o dióxido de carbono

Cientistas estão alertando que as emissões de diversos outros potentes gases estufas, como o metano e clorofluorcarbonos, estão sendo reportadas de forma muito incerta pelos países e na maior parte das vezes subestimando demais os reais valores. E isso pode colapsar o Acordo de Paris.

Apesar do maior contribuinte antropogênico hoje para a intensificação do efeito estufa ser o dióxido de carbono (CO₂), muitos outros gases também emitidos por nós chegam a ser milhares de vezes mais potentes em termos de aquecimento global, sendo essencial também monitorá-los. Porém, cientistas na suíça encontraram que, em uma região da Itália, por exemplo as emissões de HFC-23, um gás estufa 14,8 mil vezes mais potente do que o CO₂ e produzido pelas indústrias de refrigeração, está entre 60 e 80 toneladas anualmente. Mas, oficialmente, o governo italiano reporta emissões naquela região em torno de 2 a 3 toneladas.

Outro gás estufa bem mais poderoso do que o CO₂ e que foi banido por danificar a camada de ozônio, é o tetracloreto de carbono (CCl₄). Apesar de proibido na China, os cientistas encontraram emissões de 10 a 20 mil toneladas do mesmo anualmente no país.

O metano (CH₄), gás estufa dezenas de vezes mais potente do que o CO₂, e o segundo mais produzido pelas atividades humanas, possui suas emissões em grande parte originárias do gado, como produto da fermentação de bactérias no estômago desses animais (o ´arroto´). Na Índia, que detém 15% do gado no mundo, as emissões desse gás possuem uma incerteza em torno de 50%. Já para o óxido nitroso (NO₂), oriundo da agricultura, a incerteza chega a ser de 100% nos reportes do governo indiano.

Novamente no CH₄, existem incertezas entre 30 e 40% na Rússia, segundo os cientistas no país.

Esses dados preocupam muito, porque demonstram que muitos países não estão comprometidos com as metas estabelecidas em Paris. E isso é mais trágico do que a recente intenção de saída dos EUA do acordo.

Referência: BBC

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