Assistir a vídeos pode diminuir anestesia geral durante a radioterapia de crianças com câncer!

Apesar do câncer ser raro em crianças, no mundo inteiro existem aproximadamente 215 mil novos casos da doença em jovens com menos de 15 anos todos os anos. Dentro desse total, cerca de um sexto desses adolescentes, pré-adolescentes e crianças necessitam de radioterapia para o tratamento do câncer.

Durante a radioterapia, o paciente precisa visitar a clínica e se submeter ao tratamento todos os dias em um total de 4 a 6 semanas. Quando a radiação começa a ser mandada para o corpo, o indivíduo precisa ficar imóvel por todo o procedimento. Isso piora para as crianças, já que precisam ficar sozinhas dentro da sala de radioterapia, em meio a barulhos estranhos e cheio de máquinas, e tudo depois de terem passado por uma série de testes e tratamentos - alguns deles dolorosos. Ou seja, para crianças, acaba sendo necessário aplicar uma anestesia geral para neutralizar a inquietação e nervosismo, forçando os pequenos a ficarem imóveis. Isso também significa mantê-las por 6 horas de estômago vazio antes do tratamento.

A dezenas de anestesias gerais necessárias, além de vir junto a riscos, aumenta bastante os custos operacionais, tempo sob tratamento e deixa a situação ainda mais traumática para a família. Mas, agora, uma nova estratégia está mudando isso. Uma pesquisa publicada na recente conferência da ESTRO (Sociedade Europeia para Radioterapia e Oncologia) mostrou que projetando vídeos à escolha da criança na parede da câmara de radioterapia (como mostrado na imagem abaixo) pode substituir a anestesia geral em muitos casos!

O teste inicial foi feito com 12 crianças entre 1,5 e 6 anos de idade no hospital universitário Cliniques Universitaires Saint Luc, Bruxelas, Bélgica, de onde a pesquisa teve origem. Entre vídeos do Bob Esponja, Carros e Barbie, a maior parte das crianças acabavam se comportando como previsto: "viajavam" para outro mundo, e ficavam bem quietas durante o procedimento.

Antes dos vídeos, a anestesia geral era necessária para 83% das crianças. Depois dos vídeos, apenas 33% delas passaram a necessitar da anestesia no hospital universitário. Os procedimentos agora, além de gerarem menos ansiedade e estresse nos pais e nas crianças, duram apenas entre 15 e 20 minutos, contra cerca de 1 hora antes. Somando-se a isso, a recuperação é muito mais rápida, riscos são cortados e os custos caíram enormemente (o projetor possui custo praticamente zero e é simples de instalar).

E isso, mais uma vez, mostra que grandes avanços muitas vezes vem de ideias simples e fáceis de serem aplicadas.

Referência: EurekaAlert