Lagartixas parecem ter evoluído rápido aqui no Brasil depois da construção de uma barragem!

A construção de uma barragem aqui no centro do nosso país, em 1996, inundou vários locais em uma região de Cerrado, criando quase 300 ilhas. Várias das espécies dos maiores lagartos da área desapareceram das novas ilhas, provavelmente porque não existia comida suficiente que atendesse suas necessidades energéticas.

Porém, uma pequena espécie de lagartixa - Gymnodactylus amarali (uma caçadora de cupins que antes era bastante comum na região alagada) - persistiu em algumas das ilhas criadas. Os cupins maiores antes eram comidos pelos lagartos maiores, mas já que esses últimos desapareceram, esses insetos ficaram à disposição das pequenas lagartixas. E considerando a limitada oferta de comida, essa nova oportunidade de alimento seria mais do que bem-vinda para elas.

Mas, existe um empecilho nessa história: essas lagartixas possuem uma cabeça pequena - apenas 1 cm de extensão - e alguns dos cupins são quase do mesmo tamanho. Comê-los, portanto, mostra-se um grande desafio para esses répteis, já que estes colocam toda a comida de uma vez na boca.

Para ver como essas lagartixas se adaptaram a tal situação, pesquisadores da Universidade de Brasília, em 2011, resolveram coletar e analisar espécimes dessa espécie nessas ilhas. E os resultados foram surpreendentes!

Em apenas 15 anos, a cabeça das lagartixas estavam, em uma média, 4% maiores do que antes da construção da barragem! Com bocas maiores, essas lagartixas eram capazes de comer uma maior variedade de cupins, dando a elas uma dieta com mais opções.

Os resultados do estudo dessa quase certa evolução biológica foram publicados no Proceedings of the National Academy of Sciences. Mais trabalhos precisam ser feitos para confirmar se o achado é uma evolução (algo praticamente certo para os pesquisadores) ou uma adaptação plástica fenótipa - quando a pressão ambiental ativa genes já presentes no código genético. Uma análise genética, em breve, será feita para uma conclusão final.

Referência:  Science

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