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Tratamento não-antibiótico para mulheres com acne persistente mostrou-se efetivo em estudo clínico

Figura 1. Uma das participantes do estudo, Kelly Cornick, antes (A) e após (B) o tratamento com espironolactona. "Sabendo o tanto que me ajudou, eu espero que outras pessoas recebam esse tratamento". Ref.1

 

Estudo clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado conduzido por pesquisadores da Universidade de Southampton, Reino Unido, e publicado recentemente no periódico BMJ (Ref.2), mostrou que um fármaco barato e prontamente disponível, usado para tratar pressão alta, pode ajudar inúmeras mulheres que sofrem com acne persistente. O estudo clínico em questão, chamado de SAFA (Spironolactone for Adult Female Acne), é o primeiro de grande porte a fornecer forte evidência que o diurético espironolactona é um tratamento efetivo contra essa condição dermatológica. É esperado que os resultados mudem a forma como as mulheres são tratadas para acne persistente, reduzindo também o grande número de antibióticos atualmente prescritos para a condição.


"Nós esperamos que a publicação desses resultados signifiquem mais dermatologistas e clínicos gerais se sentindo confiantes na prescrição de espironolactona como um tratamento para a acne," disse a professora da Universidade de Southampton e coautora principal do estudo clínico, Dra. Miriam Santer, em entrevista (Ref.1). "O fármaco já é incluído nas recomendações de tratamento para acne persistente nos EUA e na Europa, e nós esperamos que este estudo clínico leve a mudanças nas recomendações do Reino Unido."


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Acne vulgaris - ou simplesmente acne - é uma condição cutânea muito comum na adolescência e frequentemente persiste até a fase adulta (1), causando efeitos socais e psicológicos negativos que podem ser substanciais, além de frequentes visitas a serviços de saúde. No Reino Unido, orientações das agências de saúde recomendam uma combinação fixada de preparações tópicas contendo retinoides, peróxido de benzoíla ou antibióticos como primeira linha de tratamento para acne leve a moderada, ou, para acne moderada a severa, uma combinação fixada de agentes tópicos isolada ou concomitante com limeciclina ou doxiciclina oral. As agências de saúde Britânicas também recomendam que regimes terapêuticos que incluem antibióticos (tópicos ou orais) não devem ser continuados por mais de 3-6 meses exceto em circunstâncias excepcionais. Porém, frequentemente, a adequada descontinuação de antibióticos orais não é seguida (2).


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(1) É inclusive sugerido que a acne não representa uma patologia e, sim, um processo natural associado à adolescência. Leitura recomendada: Qual é o melhor contra a acne: isotretinoína e ácido retinóico?


(2) O uso inadequado e/ou abusivo de antibióticos é um dos principais fatores fomentando a rápida emergência de resistência bacteriana e superbactérias. Leitura recomendada: O que são as superbactérias e a resistência bacteriana?

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Na Inglaterra, é estimado que um terço das pessoas que procuram tratamento médico para acne recebem longos cursos de antibióticos orais (28 dias ou mais) e acne responde pela maior parte da exposição a antibióticos entre pessoas com 11-21 anos de idade na Inglaterra. Nesse sentido, e no contexto da crescente crise de resistência bacteriana - uma das maiores preocupações hoje de saúde pública -, alternativas terapêuticas tão ou mais eficazes são necessárias. Uma potencial alternativa é o fármaco espironolactona.


Espironolactona, um antagonista do receptor mineralocorticoide e um diurético poupador de potássio, é amplamente usado para indicações como hipertensão e tem sido prescrita de forma off-label (fora da bula) há vários anos para o tratamento de acne por causa das suas propriedades antiandrogênicas (andrógenos como a testosterona são os principais hormônios que levam ao desenvolvimento de acne). Guias de saúde Europeias e Norte-Americanas [EUA] sugerem um papel desse fármaco para o tratamento de acne em indivíduos do sexo feminino. Porém, revisões sistemáticas na literatura acadêmica têm destacado que as evidências de suporte para o uso de espironolactona no tratamento de acne são limitadas, com o maior estudo clínico até o momento publicado incluindo apenas 34 participantes.


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No novo estudo clínico (SAFA), os pesquisadores incluíram 410 mulheres com idade igual ou acima de 18 anos (média de ~29 anos) e com problema de acne facial por pelo menos 6 meses. As participantes foram aleatoriamente colocadas em um grupo de intervenção (n = 201) ou em um grupo de controle (n = 209). No grupo de intervenção, os participantes receberam 50 mg de espironolactona (1 comprimido diário) pelas primeiras 6 semanas e, então, dois comprimidos diários (100 mg no total) pelo período restante; tratamento continuou por 24 semanas. O mesmo regime e período de tratamento foram aplicados no grupo recebendo placebo - este último constituído por um comprimido similar. 


Do total de participantes, 342 concluíram o teste clínico e foram incluídos nas análises primárias (176 no grupo de intervenção e 166 no grupo de controle). Os resultados mostraram que houve significativa melhora da acne nas mulheres no grupo de intervenção após 12 e 24 semanas de tratamento em relação ao grupo de controle. Após ajuste estatístico, na 12° semana sucesso terapêutico foi alcançado em 19% dos participantes no grupo espironolactona e em 6% do grupo de placebo. Na 24°, mais participantes reportaram melhora na acne no grupo de intervenção (82%) do que no grupo de placebo (63%). Uma proporção significativamente maior de pessoas tomando espironolactona também reportaram que ficaram satisfeitas com o estado da pele em comparação com o placebo. Reações adversas foram levemente mais comuns no grupo recebendo espironolactona, com mais dores de cabeça reportadas, mas sem nenhuma séria reação adversa. Mais de 95% dos participantes toleraram o tratamento.


Com base nos resultados os pesquisadores concluíram que a espironolactona pode fornecer uma alternativa útil, barata e segura aos antibióticos orais para mulheres com acne persistente onde tratamentos tópicos de primeira linha falharam. 


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IMPORTANTE: Antes de iniciar tratamento com espironolactona (hipertensão ou acne), busque primeiro orientação médica.

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REFERÊNCIAS

  1. https://www.southampton.ac.uk/safa/index.page
  2. Santer et al. (2023). Effectiveness of spironolactone for women with acne vulgaris (SAFA) in England and Wales: pragmatic, multicentre, phase 3, double blind, randomised controlled trial, BMJ; 381:e074349. https://doi.org/10.1136/bmj-2022-074349

Tratamento não-antibiótico para mulheres com acne persistente mostrou-se efetivo em estudo clínico Tratamento não-antibiótico para mulheres com acne persistente mostrou-se efetivo em estudo clínico Reviewed by Saber Atualizado on junho 20, 2023 Rating: 5

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