Maior altura do nariz em humanos modernos é uma herança de Neandertais, conclui estudo
Em um estudo publicado na Communications Biology (1), cientistas concluíram que herdamos um fenótipo na forma do nariz dos Neandertais!
Nossa espécie (Homo sapiens) conviveu por muito tempo com os Neandertais (Homo neanderthalensis), mantendo relações sexuais e hibridizações com essa espécie humana extinta. Como resultado, várias populações atuais de humanos modernos carregam genes herdados de Neandertais, com impactos desde no sistema imune até em características anatômicas. [Para mais informações: Neandertais eram capazes de produzir arte e expressar linguagem?]
No novo estudo, os pesquisadores analisaram dados genéticos de quase 6,5 mil voluntários da América Latina (incluindo 674 Brasileiros), com misturas de ancestralidade Europeia, Nativa Americana e Africana. Eles identificaram 33 novas regiões genômicas associadas com a forma do rosto.
Um gene em particular identificado (ATF3) em várias pessoas no estudo com ancestralidade de Nativos Americanos (assim como do Leste Asiático) - e associado ao desenvolvimento craniofacial - tinha variantes herdadas de Neandertais, contribuindo para um aumento na altura do nariz.
Somando-se a isso, os pesquisadores encontraram sinais de seleção natural (seleção positiva), sugerindo benefícios adaptativos. De fato, Neandertais possuem um nariz substancialmente mais alto do que os humanos modernos.
É há muito tempo especulado que a morfologia nasal tem sido sujeita a seleção natural, particularmente como uma adaptação ambiental a diferentes temperaturas e umidades (ajudando a regular e tornar o ar inspirado mais adequado ao trato respiratório).
Pode ser que variantes genéticas ligadas a uma nariz com maior altura ajudaram nossa espécie a se adaptar a ambientes mais frios nas mais altas latitudes (ex.: Ásia) em relação aos ambientes na África.
(1) REFERÊNCIA:
- Li et al. (2023). Automatic landmarking identifies new loci associated with face morphology and implicates Neanderthal introgression in human nasal shape. Communications Biology 6, 481. https://doi.org/10.1038/s42003-023-04838-7