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Cientistas reportaram o caso de uma mulher que consegue alcançar reais orgasmos sem estimulação genital

 
Orgasmo é um reflexo multimodal e complexo induzido tipicamente por estimulação genital (ex.: pênis ou clitóris). No entanto, algumas mulheres alegam que possuem orgasmos espontaneamente sem estimulação na genitália. Em um estudo publicado recentemente no periódico Sexual Medicine (Ref.1), pesquisadores reportaram e descreveram o caso de uma mulher de 33 anos que desenvolveu a habilidade de alcançar e controlar a duração de um estado orgásmico subjetivo sem estimulação genital; o orgasmo reportado foi confirmado experimentalmente. A habilidade parece ter se desenvolvido após intenso treinamento tântrico.


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A estimulação genital que tipicamente leva ao orgasmo ativa caminhos neuroquímicos excitatórios no cérebro e na medula espinhal que ultimamente estimulam fluxo simpático e a inibição de circuitos espinhais parassimpáticos na medula lombar inferior. Nos indivíduos do sexo feminino, isso pode ser alcançado através de estimulação do clitóris interno e externo (!), cérvix anterior, mamilos, e outras zonas erógenas em indivíduos sensibilizados. Apesar do reflexo ser um produto de estimulação genital-sensorial "de baixo para cima", é também controlado pelo processamento "de cima para baixo" de excitação e de inibição que controla tanto os fluxos sanguíneos parassimpático e simpático quanto a habilidade subjetiva de "se deixar levar" no orgasmo quando este é iminente. De fato, orgasmos ativam estruturas corticais, límbicas, hipotalâmicas e do tronco cerebral, e podem ser classificadas em termos da qualidade e do tipo de estimulação sensorial, experiência afetiva e sensação de prazer. 


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Curiosamente, orgasmos podem também ser induzidos sem estimulação genital. Há muito tempo é conhecido que as pessoas experienciam ocasionalmente orgasmos durante o sono ou após exercícios físicos. Algumas mulheres podem ter orgasmos simplesmente ao engajar em estimulação visual e fantasias. Homens e mulheres paraplégicos também têm reportado orgasmos "fantasmas". Isso sugere que o controle "de cima para baixo" do orgasmo pode ser ativado de forma independente sob certas condições em indivíduos suscetíveis. 


Além de movimentos reflexivos nos músculos do chão pélvico, os orgasmos são também acompanhados por mudanças neuroquímicas e endócrinas que caracterizam tanto o estado de prazer quanto mecanismos de inibição de longo prazo (estado refratário). Entre biomarcadores objetivos e consistentes do orgasmo, temos a liberação de prolactina a partir da pituitária anterior na circulação sanguínea periférica. A função primordial da prolactina em humanos é contribuir para o desenvolvimento e maturação da mama durante a gravidez e para a subsequente produção de leite durante a lactação, mas também participa de várias outras funções necessárias para manter a homeostase (equilíbrio normal) do corpo (Ref.2). Em condições normais, o nível de prolactina no sangue é baixo, exceto em grávidas.

 

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No novo estudo, os pesquisadores descreveram uma mulher de 33 anos de idade que desenvolveu a habilidade de alcançar e controlar a duração de orgasmos sem estimulação genital após uma década treinando ioga (ou yoga), treinamento que foi iniciado para resolver sua relativa dificuldade de obter orgasmos vaginais devido a um quadro de vaginismo e dor associada à penetração. Ela descreveu o treinamento tântrico de yoga como:


"... aprendizado de posturas corporais e de técnicas de respiração e de controle corporal visando aprender a como despertar e sentir energia e então aprender a guiá-la e a movê-la para cima. Além disso, eu fiz exercícios para o chão pélvico, massagem nas mamas e práticas para liberar a culpa e a vergonha. Eu aprendi a relaxar e a me deixar levar, aceitar minha imagem corporal, e trouxe um maior nível de meditação para a minha vida diária em geral."


Segundo narrou a mulher, prazer sexual e orgasmo não foram forçados como um objetivo do treinamento, mas simplesmente se revelaram cada vez mais à medida que os treinos progrediam. Ultimamente, sua capacidade de induzir orgasmo chegou a tal ponto que ela não apenas superou o vaginismo como também se tornou capaz de colocar seu corpo em um estado orgásmico contínuo quase instantaneamente e de manter esse estado por um longo período de tempo.


Durante avaliação e questionário conduzidos pelos pesquisadores, a mulher reportou que seus orgasmos não-genitais eram tão prazerosos quanto orgasmos clitorianos, produzindo um conjunto similar de experiências sensoriais.


Nesse sentido, os pesquisadores exploraram talvez a mais importante questão: o quão "real" era o orgasmo sem estimulação genital, no sentido de acompanhar mudanças fisiológicas objetivas associadas ao orgasmo genital?


Para responder essa questão, eles coletaram e analisaram o sangue da mulher - avaliando níveis dos hormônios FSH, LH, prolactina e testosterona livre - em três condições: 5 minutos de orgasmo contínuo sem estimulação genital; 10 minutos de orgasmo contínuo sem estimulação genital; e 10 minutos lendo um livro. As três condições experimentais ocorreram com um intervalo de 1 semana entre si; durante cada intervalo, a voluntária não realizou outras atividades de estimulação sexual, além de não estar sob uso de contraceptivos hormonais ou qualquer outro tipo de medicação ou uso recreativo de drogas. A coleta de sangue (30 minutos antes e imediatamente após o tempo estipulado para a realização da atividade) e a cronometragem de tempo foram realizadas por uma enfermeira.


Os resultados das análises laboratoriais revelaram um aumento de 25% e de 48% no nível de prolactina no sangue após, respectivamente, 5 e 10 minutos de orgasmo sem estimulação genital, com níveis desse hormônio ainda elevados 30 minutos após o orgasmo. A leitura do livro por 10 minutos não resultou em nenhuma mudança no nível de prolactina. Nenhuma mudança significativa foi observada para os outros hormônios testados em nenhuma das três condições.


Elevação de prolactina durante atividade sexual é um marcador objetivo da qualidade do orgasmo, suportando que os orgasmos sem estimulação genital avaliados pelos pesquisadores eram 'legítimos'. Aliás, o nível de prolactina liberada após o orgasmo de 10 minutos foi similar àquele observado após 2 orgasmos (no sexo feminino) durante uma típica relação sexual com parceiro. 


Segundo os autores do estudo, treinamento baseado em yoga e meditação tantra está, de fato, associado com melhora na excitação sexual, desejo e orgasmo em ambos os sexos, e pode facilitar satisfação sexual no geral e intimidade em terapias sexuais voltadas para casais. O novo relato de caso descrito reforça evidências prévias nesse sentido. Esse tipo de treinamento pode talvez sensibilizar circuitos espinhais e cerebrais associados com clímax sexual e orgasmos, e pode representar uma potencial intervenção alternativa com valor terapêutico na área de saúde sexual. 


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> Durante o orgasmo no sexo feminino, pode ocorrer a liberação de dois tipos de fluídos através da uretra: um relacionado com incontinência urinária (squirting) e outro relacionado com real ejaculação feminina (fluído prostático). Para mais informações, acesse: Ejaculação feminina existe?

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REFERÊNCIAS

  1. Pfaus & Tsarski (2022). A Case of Female Orgasm Without Genital Stimulation. Sexual Medicine, Volume 10, Issue 2, 100496. https://doi.org/10.1016/j.esxm.2022.100496
  2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507829/

Cientistas reportaram o caso de uma mulher que consegue alcançar reais orgasmos sem estimulação genital Cientistas reportaram o caso de uma mulher que consegue alcançar reais orgasmos sem estimulação genital Reviewed by Saber Atualizado on julho 09, 2022 Rating: 5

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