Arqueólogos revelam o mais antigo cemitério pet conhecido
Zooarqueólogos e especialistas em Antigo Egito anunciaram - em um estudo publicado no periódico World Archaelogy (1) - a descoberta do mais antigo cemitério de animais domésticos conhecido, datado em quase 2 mil atrás, em uma árida região Egípcia na costa do Mar Vermelho, próximo do antigo porto Romano de Berenice. O local arqueológico foi descoberto há 10 anos, mas seu propósito permaneceu desde então um mistério. Em 2017, cerca de 100 vestígios de animais foram encontrado no local, a maioria gatos, mas sua exata natureza ainda não estava clara.
Agora, em uma detalhada escavação, os pesquisadores desenterraram e examinaram 585 gatos e cães, todos em covas individuais e cuidadosamente preparados. Cerca de 90% dos vestígios de animais encontrados pertenciam a gatos, vários dos quais estavam cobertos com tecidos ou pedaços de cerâmicas, e usando colares de ferro/bronze ou laços enfeitados com vidros e conchas; um dos felinos foi enterrado sobre a asa de uma grande ave. Os cães representavam cerca de 5% das covas (o restante eram macacos), e tendiam a ter idade avançada, com sinais de doenças periodontais e degeneração das juntas.
Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de mumificação, sacrifício ou práticas ritualísticas. Em Berenice, a maioria dos animais parecem ter morrido de ferimentos ou doenças, e vários parecem ter vivido uma longa vida, mesmo carregando comorbidades (lesões patológicas) e outras deficiências - sugerindo necessidade de cuidados especiais. O cemitério permaneceu funcional de meados do século I d.C. até meados do século II d.C.
O achado fortemente sugere que os Antigos Egípcios possuíam uma relação muito mais próxima com seus animais de estimação do que o pensado, próximo do conceito moderno de 'pet'. É possível que essa forte relação não fosse apenas sentimental, mas também funcional, já que esses animais eram úteis para a caça de ratos. Por outro lado, a idade avançada de muitos cães sugere uma relação principalmente de companhia.
> Na imagem da postagem, ossadas de dois dos animais revelados no cemitério: em (a) um cão protegido por um pedaço de cerâmica e em (b) um gato com colar de bronze.
(1) Publicação do estudo: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00438243.2020.1870545
Referência adicional: https://www.sciencemag.org/news/2021/02/graves-nearly-600-cats-and-dogs-ancient-egypt-may-be-world-s-oldest-pet-cemetery