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Mistério da COVID-19 resolvido? Vírus pode infectar os corpos carotídeos, sugere estudo

 

Uma das características mais curiosas e perigosas da COVID-19 são os vários casos de pessoas com a doença que apresentam níveis muito baixos de oxigênio na circulação sanguínea, mas sem demonstrarem sinais clínicos de hipoxia, como notável aumento da taxa respiratória, respiração mais profunda, dor de cabeça, entre outros. Em alguns exemplos, o paciente até mesmo se encontra confortável o suficiente para conversar ao telefone pouco antes de ser entubado para receber crítica suplementação de oxigênio. Essa misteriosa condição está sendo apelidada pelos médicos de 'hipoxia feliz', e acaba colocando pacientes sob ventilação mecânica sem necessidade caso o corpo estivesse respondendo normalmente à hipoxia. Agora, em um estudo publicado no periódico Function (1), pesquisadores propuseram uma explicação para o fenômeno: os corpos carotídeos dos pacientes pode estar sendo infectado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sendo inutilizado.


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O nosso corpo possui uma série de quimiorreceptores capazes de perceber significativas variações nos níveis de oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2). Relativo ao CO2, caso exista substancial obstrução do ar entrando e saindo dos pulmões, esse gás se acumula na corrente sanguínea, interage com a água do plasma e produz um acúmulo de ácido carbônico, levando à diminuição do pH do sangue (2). Esse aumento da acidez ativa quimiorreceptores no cérebro, causando grande vontade de respirar e forte sensação de falta de ar e de sufocamento. No caso de hipoxia (redução nos níveis de O2), o principal sensor ativado são as células quimiorreceptoras nos corpos carotídeos, localizados na bifurcação da artéria carótida ascendente, na região do pescoço. Sintomas clínicos da hipoxia não geram imediato desconforto ou sensação traumática de sufocamento, mas inclui várias mudanças fisiológicas visíveis, como aumento da taxa respiratória, respiração mais profunda e outros incômodos respiratórios (dispneia).


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(2) Para mais informações sobre o assunto, acesse: Sensação aguda de sufocamento é devido à redução de oxigênio no sangue?


Pacientes com COVID-19 e expressando uma 'hipoxia feliz' frequentemente sofrem súbito desbalanço, alcançando um estado crítico que pode ser fatal. Normalmente, e como mencionado, indivíduos com hipoxia reportam uma certa falta de ar, aumento na taxa cardíaca e um aumento na taxa respiratória, o que promove e aumenta a assimilação de oxigênio pelo corpo. Esses mecanismos fisiológicos de resposta à hipoxia são muitas vezes suficientes para manter os níveis normais de O2 na circulação sanguínea, sem necessidade de ventilação mecânica. 


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Nesse sentido, no novo estudo, os pesquisadores propuseram a hipótese que o corpo dos pacientes está falhando em sentir os baixos níveis de O2 devido à infecção dos corpos carotídeos pelo SARS-CoV-2.


Os corpos carotídeos representam uma estrutura organizada em grupos de células chamados de glomérulos. Cada glomérulo é composto de 4-8 células do Tipo I, as quais estão em próximo contato com uma rede de capilares fenestrados e são ricamente enervadas por fibras sensoriais aferentes do gânglio petrosal. Essas células glomerulares, responsáveis por sentirem os níveis de O2, contêm abundantes vesículas sinápticas com neurotransmissores que são rapidamente liberados em resposta à hipoxia para ativar as fibras sensoriais conectadas ao bulbo respiratório e ao centro autônomos do sistema nervoso. Essa ativação neuronal, por sua vez, induz hiperventilação compensatória e aumento da taxa de batimentos cardíacos. No glomérulo existem também células-tronco multipotentes de suporte do Tipo II, essenciais para a manutenção do órgão associado.


Através de análises imunohistoquímicas de tecidos dos corpos carotídeos de quatro humanos adultos (seções histológicas obtidas de doadores cadavéricos), os pesquisadores mostraram que as células Tipo I e II possuem altos níveis do receptor glicoproteico ACE2, a principal porta de entrada do SARS-CoV-2 nas células hospedeiras através da interação com a proteína Spike desse vírus. Análises em ratos também geraram os mesmos resultados. Portanto, é plausível que o novo coronavírus possa infectar as células glomerulares quimiossensitivas a O2 e alterá-las dramaticamente, reforçando também o caráter multissistêmico da COVID-19.


Se confirmada a hipótese, médicos podem tentar o uso farmacológico de ativadores dos corpos carotídeos como estimulantes respiratórios em pacientes com COVID-19, evitando suplementação de oxigênio ou ventilações mecânicas desnecessárias.  


(1) Publicação do estudo: https://academic.oup.com/function/article/2/1/zqaa032/5998649

Mistério da COVID-19 resolvido? Vírus pode infectar os corpos carotídeos, sugere estudo Mistério da COVID-19 resolvido? Vírus pode infectar os corpos carotídeos, sugere estudo Reviewed by Saber Atualizado on janeiro 03, 2021 Rating: 5

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