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Estudo de alta qualidade sugere eficácia terapêutica da fluvoxamina contra a COVID-19

 
Em um estudo preliminar publicado no periódico JAMA (1) e envolvendo pacientes com COVID-19 leve-a-moderada se recuperando em casa, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington encontraram que o medicamento fluvoxamina parece prevenir uma evolução mais grave da doença e tornar a hospitalização e a necessidade de oxigênio suplementar menos prováveis.


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A COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), pode resultar em um sério quadro clínico levando a hospitalização, admissão em uma unidade de tratamento intensivo (UTI) e morte. A deterioração clínica tipicamente ocorre durante a segunda semana da doença. Estudos prévios sobre a COVID-19 tinham encontrado que a hospitalização frequentemente ocorre dentro de 8 a 10 dias após início de sintomas leves a moderados. Evidências acumuladas também sugerem que os danos pulmonares da COVID-19 estão relacionados a uma excessiva resposta inflamatória, algo que levou à realização de inúmeros testes clínicos de medicamentos imunomodulatórios.


Um potencial mecanismo para a modulação imune é o agonismo do σ-1 receptor (S1R). O S1R é uma proteína endoplásmica reticular acompanhante com várias funções celulares, incluindo regulação da produção de citocinas através da sua interação com a enzima endoplásmica IRE1. Nesse sentido, estudos prévios haviam mostrado que a fluvoxamina, um inibidor seletivo de recaptação de serotonina (SSRI) com alta afinidade para o S1R - e usada comumente para tratar transtornos compulsivos-obsessivos, transtornos de ansiedade social, e depressão -, reduzia aspectos de dano da resposta inflamatória durante sepse através do caminho S1R-IRE1, e diminuía choque em experimentos in vivo.


A fluvoxamina é um forte agonista S1R, é altamente lipofílica, e possui uma rápida assimilação intracelular. Essas características farmacológicas sugerem potencial para o tratamento da COVID-19, especialmente considerando que esse medicamento é relativamente seguro, amplamente disponível, de baixo custo e cuja administração é oral. 


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No novo estudo (duplo-cego, randomizado, placebo-controlado), os pesquisadores visaram testar essa hipótese recrutando 152 pacientes adultos não-hospitalizados com COVID-19 confirmada (teste laboratorial), início dos sintomas dentro de 7 dias (tratamento precoce) e saturação de oxigênio de 92% ou maior. Os participantes tinham uma idade média de 46 anos, 109 deles eram mulheres e foram recrutados da área metropolitana de St. Louis (Missouri e Illinois, EUA) de 10 de abril até 5 agosto, e acompanhados até 19 de setembro deste ano. Dois grupos foram criados: 80 recebendo 100 mg de fluvoxamina e 72 recebendo placebo, ambos três vezes ao dia por 15 dias. Do total de participantes, 115 (76%) completaram o estudo clínico.


Os resultados mostraram que deterioração clínica ocorreu em 6 dos 72 pacientes (8,7%), enquanto que no grupo recebendo fluvoxamina nenhum caso de deterioração clínica foi reportado. Nesse sentido, o medicamento potencialmente ajudou a prevenir o desenvolvimento de sérias dificuldades respiratórias ou necessidade de hospitalização para problemas de função pulmonar.


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Porém, os autores alertaram que o estudo não é conclusivo, sendo necessário testes clínicos randomizados de grande porte e um maior tempo de acompanhamento clínico para mais firmes conclusões. É uma importante evidência de suporte para a hipótese testada, não uma demonstração de eficácia. Além disso, os possíveis mecanismos terapêuticos positivos da fluvoxamina contra a COVID-19 precisam ainda ser melhor esclarecidos.


O caminho S1R-IRE1 pode ter ação anti-inflamatória via redução de citocinas, acalmando o sistema imune durante as sucessivas replicações virais. Porém, existem controvérsias sobre o real quadro de 'tempestade de citocinas' associado à COVID-19. Mecanismos alternativos incluem efeitos antivirais diretos via suas propriedades lisossomotrópicas, modulação da enzima IRE1 em relação aos seus efeitos sobre a autofagia, e inibição SSRI da ativação de plaquetas sanguíneas.


Válido também mencionar que a fluvoxamina possui relevantes efeitos adversos e pode causar interações medicamentosas, particularmente via inibição de citocromos P450 1A2 e 2C19 (!). Seu uso deve ser feito sob orientação médica.


(1) Publicação do estudo: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2773108


(!) Leitura recomendada: Toranja e medicamentos: Cuidado!

Estudo de alta qualidade sugere eficácia terapêutica da fluvoxamina contra a COVID-19 Estudo de alta qualidade sugere eficácia terapêutica da fluvoxamina contra a COVID-19 Reviewed by Saber Atualizado on novembro 12, 2020 Rating: 5

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