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Mulheres negras com cabelos naturais são vistas como menos profissionais

 

Hoje, aqui no Brasil, a questão do racismo ganhou mais um novo destaque devido ao caso da juíza do Paraná Inês Marchalek Zarpelon que mencionou a "raça" (1) de um réu negro numa sentença de condenação como elemento inerente à criminalidade (apesar da juíza contestar tal interpretação como alo "tirado fora do contexto") (2). 


Coincidindo com o caso, hoje também foi reportado um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Duke (3), Carolina do Norte, EUA, trazendo evidências de que mulheres negras com estilos naturais de cabelo - afro, tranças ou twist - são percebidas como menos profissionais do que mulheres negras com o cabelo alisado (3), particularmente em setores de empreendimento onde normas culturais ditam uma aparência mais conservadora.


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Para essa conclusão, os pesquisadores recrutaram vários voluntários de diferentes grupos étnicos e de cor de pele para avaliarem os perfis curriculares fictícios e com foto de mulheres negras e brancas disputando vagas de trabalho, pedindo para os participantes pontuarem essas mulheres em termos de profissionalismo, competência e outros fatores.


Os resultados mostraram que as mulheres negras com estilos naturais de cabelo receberam notas mais baixas em termos de profissionalismo e de competência e eram recomendadas com substancial menor frequência para entrevistas em relação a três outros grupos de candidatas: mulheres negras com cabelos alisados, mulheres brancas com cabelos enrolados e mulheres brancas com cabelo liso.


Em uma outra parte experimental do estudo, dois grupos de participantes avaliaram de forma independente uma mesma candidata a um emprego, que no caso era uma mulher negra. Um grupo viu uma foto da candidata com o cabelo natural enquanto o outro grupo viu a mesma pessoa só que com o cabelo alisado. O grupo que viu a mulher com o cabelo alisado a avaliou mais como profissional - definida como mais polida, refinada e respeitável - e eles mais fortemente a recomendaram para uma entrevista.


A discriminação contra as mulheres negras com cabelos naturais mostrou-se mais expressiva quando a vaga de trabalho visava empresas de consultoria, um ramo de empreendimento com normas mais conservadoras de vestuário. A discriminação era nula quando a vaga de trabalho visava empresas de publicidade, onde a textura e penteado do cabelo não pareceram afetar a percepção de profissionalismo ou potencial de recomendação para uma entrevista de emprego.


Segundo os autores do estudo, essa última observação pode ser decorrendo do fato de que o ramo de publicidade é visto como uma indústria mais criativa do que aquele de consultoria, trazendo associado menos normas rígidas de vestuário e aparência.


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Em muitas sociedades Ocidentais, as pessoas brancas - de origem Europeia - têm historicamente representado o grupo social dominante e, como resultado, o padrão de profissionalismo acaba frequentemente se baseando na aparência física desses indivíduos. Para as mulheres negras, isso muitas vezes significa se desfazer de uma marcante característica trazida de grupos étnicos Africanos: o cabelo crespo (4). O alisamento do cabelo com produtos químicos e chapas acaba sendo uma ferramenta para esse fim ("branqueamento"), procedimentos que podem custar caro e causar danos ao cabelo, doenças no escalpo e até mesmo aumentar o risco de cânceres (5). 


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(1) Em termos biológicos, não existem 'raças/subespécies' humanas. Leitura recomendada: Existem raças humanas?


(2) Referência: G1


(3) O estudo será publicado no dia 19 de agosto no periódico Social Psychological and Personality Science. Referência: EurekaAlert


(4) Curiosidade: O cabelo crespo pode ter surgido como uma vantagem evolucionária. Devido às altas temperaturas, o cabelo dos Africanos e de populações do Pacífico teriam ficado menos densos, para permitir uma melhor circulação de ar dentro do volume capilar (sistema de resfriamento), e o enrolamento deles formariam um 'telhado' que impediria os perigosos raios UV de atingir a pele da cabeça com facilidade. E crescendo para cima em vez de cair, como os cabelos lisos ou parcialmente enrolados, eles formariam uma proteção ainda mais eficiente.


(5) Aliás, um dos alisantes mais populares, o formol, é proibido no Brasil devido aos danos à saúde associados. Para mais informações, acesse: Por que o formol não deve ser utilizado para alisar o cabelo? 

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Mulheres negras com cabelos naturais são vistas como menos profissionais Mulheres negras com cabelos naturais são vistas como menos profissionais Reviewed by Saber Atualizado on agosto 12, 2020 Rating: 5

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