Cães também possuem adolescência, encontra estudo

Um estudo publicado no periódico Biology Letters (1), conduzido por pesquisadores das Universidades de Nottingham, de Edinburgh e de Newcastle, Reino Unido, e liderado pela pesquisadora Dra. Lucy Asher, mostrou que o comportamento típico de adolescentes humanos - especialmente rebeldia - também marca a puberdade de cães. É a primeira evidência de comportamento adolescente em um canídeo.

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Para chegarem nessa conclusão, os pesquisadores primeiro monitoraram e realizaram uma coleta de dados prospectivos sobre o comportamento de um grupo de 70 cadelas (pastores alemães, golden, Labradores e cruzamentos entre estes) que estavam sendo criados como potenciais cães guias. Eles pediram aos cuidadores para pontuar os filhotes com base em seus comportamentos de ligação emotiva e de busca por atenção - como sentar muito próximos do dono ou expressar uma forte ligação por uma pessoa -, assim como em termos de comportamentos de separação, incluindo níveis de tremores ou arrepios quando deixados para trás; ambos os tipos de comportamento geralmente indicam ansiedade e medo.

Os resultados das análises dessa primeira parte do estudo mostraram que cães que pontuavam alto em qualquer uma das escalas entravam mais cedo na puberdade - a cerca de 5 meses, comparado com 8 meses para aqueles com pontuações menores. Múltiplos fatores fazem com que garotas adolescentes que possuem baixo nível de relacionamento com os pais entrem na puberdade de forma precoce. Portanto, de forma similar aos humanos, cães que possuem relações com seus donos marcadas por um excesso de medo experienciam mudanças no desenvolvimento reprodutivo. Além disso, cães na puberdade que foram estressados pela separação dos seus donos também mostraram uma crescente desobediência em relação a essas pessoas, mas não a outros - espelhando, novamente, a insegurança de adolescentes humanos.

Na segunda parte do estudo, para testar obediência durante a pré-puberdade e a puberdade canina, os pesquisadores analisaram um grupo separado de 69 cães guias, primeiro aos 5 meses de idade e depois aos 8 meses de idade. Eles então pediram aos cuidadores e a um estranho para dá-los o comando de 'sentar'. Todos os filhotes na pré-puberdade rapidamente se sentaram para ambas as pessoas, mas quando os mesmos filhotes alcançaram a 'adolescência/puberdade', muitos se recusaram, repetidamente, a seguir a ordem vinda dos seus cuidadores. No entanto, esses mesmos cães na puberdade prontamente - e de forma irritada - obedeciam ao estranho. Cães que não eram seguramente ligados aos seus cuidadores ficavam ainda mais dispostos a seguir as ordens do estranho. Ambos os comportamentos, mais uma vez, espelham muito o comportamento de adolescentes humanos.

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Para reforçar os achados, os pesquisadores também analisaram os dados de um estudo prévio englobando 285 cães guias, e encontraram que os cães na pré-puberdade e na pós-puberdade mostraram ser bem mais "treináveis" do que os cães na puberdade.

O estudo, portanto, fortemente sugere que os cães, assim como humanos, passam por uma fase de adolescência. Essa sugestão, se confirmada, pode melhor orientar treinadores e donos a melhor lidar com seus cães ao longo do crescimento desses últimos, e também fornece um potencial novo modelo in vivo para estudos visando a adolescência humana.


(1) Publicação do estudo: Biology Letters