Últimas Notícias

[5]

Povos indígenas Brasileiros podem ser extintos pelo novo coronavírus


Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), vários países estão enfrentando graves colapsos do sistema de saúde devido ao excesso de pacientes com a doença associada (COVID-19), especialmente na Europa e nos EUA. Aqui na América do Sul casos e mortes confirmados também já começaram a se acumular de forma robusta, e, até ontem (06/01), foram registrados no Brasil 12183 casos confirmados e 564 mortes, grande parte no estado de São Paulo. E não só os centros de saúde no nosso país estão cada vez mais ameaçados, mas também os povos indígenas. Doenças respiratórias, como a gripe, já são a principal causa de morte para as comunidades nativas e a grave epidemia de COVID-19 pode representar a extinção a médio prazo de muitos desses povos.

- Continua após o anúncio -



Em entrevista para a BBC Brasil (1), a pesquisadora Dra. Sofia Mendonça, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explicou a preocupante situação. "Existe um alto risco do vírus se espalhar ao longo das comunidades nativas e extingui-las," disse Mendonça, a qual também coordena um programa de saúde da Unifesp entre os povos indígenas na bacia do rio Xingu na floresta Amazônica. Ela teme que o novo coronavírus possa ter um impacto similar a grandes epidemias prévias de doenças respiratórias altamente contagiosas, como sarampo.

Na década de 1960, uma epidemia de sarampo entre membros da comunidade Yanomami vivendo próximo da fronteira com a Venezuela matou 9% dos infectados. Durante a pandemia de 2009 (HINI), a taxa de morte era 4,5 vezes maior entre os grupos indígenas na Amazônia do que entre a população Brasileira em geral, e mesmo a vacinação contra esse vírus falhou em proteger uma comunidade indígena em 2016 (2).

"Todo mundo fica doente, e você perde todas as pessoas idosas, a sabedoria dessas últimas e a organização social," disse Mendonça. "Puro caos."

Ainda segundo Mendonça, em resposta à pandemia de COVID-19, algumas comunidades estão planejando se dividir em menores grupos e procurar refúgio dentro da floresta. É dessa forma que eles evitaram extinção durante as epidemias passadas. "Eles irão reunir materiais necessários para a caça e a pesca e armarão assentamentos, esperando a poeira abaixar," ela completou.

Segundo a reportagem da BBC Brasil, muitas comunidades não possuem os meios adequados para reduzir o risco de contágio, como sabão ou álcool em gel para lavar as mãos. Os indivíduos nas tribos também vivem todos muito próximos, compartilhando copos e tigelas, o que facilita a disseminação do SARS-CoV-2. Muitos estão sendo aconselhados a pararem de compartilhar utensílios e a promoverem práticas de distanciamento social, mas é incerto a efetividade de tais recomendações nessas comunidades.

Para piorar a situação, esses povos geralmente habitam áreas onde o acesso a centros de saúde especializados é muito limitado. Além disso, não existem kits disponíveis nessas áreas para detectar o SARS-CoV-2, e não existem máscaras de proteção e outros equipamentos para lidar com casos em vilas indígenas.

- Continua após o anúncio -



Em frente à falta de ação do governo em protegê-los, muitas organizações indígenas têm pendido para suas comunidades suspenderem às visitas para centros urbanos e impedirem a entrada de visitantes nos seus territórios. Enquanto que muitos já concordaram com tais recomendações, boa parte dos indígenas dependem de produtos alimentares em mercados das cidades e mesmo de pensão e programas de financiamento do governo para sobreviverem.




É reportado que muitas comunidades já estão em pânico com a situação, e entre a possibilidade de fome e a infecção pelo vírus, muitos provavelmente escolherão a última opção, com consequências potencialmente trágicas.

Outro grave problema, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), é a existência de pelo menos 107 grupos na Amazônia Brasileira que estão completamente isolados, sem nenhum contato com o mundo externo. A frequente e crescente incursão de madereiros ilegais, caçadores e missionários evangélicos em seus territórios nos últimos anos podem impor sério risco.

---------
ATUALIZAÇÃO (07/04/20): O estado de Amazonas alcançou 636 casos confirmados, sendo que já são três indígenas infectados pelo novo vírus.

ATUALIZAÇÃO (10/04/20): O adolescente da etnia Yanomami, de 15 anos, que estava infectado pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) em Roraima, morreu na noite de quinta-feira (09/04). Esta é a terceira morte confirmada no estado pela Covid-19. O garoto se chamava Alvanei Xirixana e estava internado na UTI do Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, desde o dia 3 de abril. Ele chegou ao hospital com falta de ar, dor no peito, febre e dor de garganta. Com cerca de 38 mil indivíduos, os Yanomami são ameaçados principalmente pelo contato com os mineradores ilegais na região.
----------

(1) Referência: BBC

(2) Referência adicional: Nature

(3) Referência: G1

Povos indígenas Brasileiros podem ser extintos pelo novo coronavírus Povos indígenas Brasileiros podem ser extintos pelo novo coronavírus Reviewed by Saber Atualizado on abril 07, 2020 Rating: 5

Sora Templates

Image Link [https://2.bp.blogspot.com/-XZnet68NDWE/VzpxIDzPwtI/AAAAAAAAXH0/SpZV7JIXvM8planS-seiOY55OwQO_tyJQCLcB/s320/globo2preto%2Bfundo%2Bbranco%2Balmost%2B4.png] Author Name [Saber Atualizado] Author Description [Porque o mundo só segue em frente se estiver atualizado!] Twitter Username [JeanRealizes] Facebook Username [saberatualizado] GPlus Username [+jeanjuan] Pinterest Username [You username Here] Instagram Username [jeanoliveirafit]