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Não vale a pena usar cigarro eletrônico, afirmam cientistas


Até o último dia 20 de novembro, o CDC reportou 2290 casos da doença pulmonar que vem assolando os EUA e que está diretamente ligada aos cigarros eletrônicos (e-cigarro). Quase todos os estados Norte-Americanos (49, com a exceção do Alasca), Distrito de Columbia e 2 territórios Norte-Americanos (Puerto Rico e Ilhas Virgens) reportaram casos (1). Entre esses casos, foram 47 mortes confirmadas. Até o momento um dos principais ingredientes suspeitos nesses produtos que podem estar causando a grave doença é o acetato de vitamina E, usado como aditivo, especialmente em líquidos de e-cigarro contendo THC.

Porém, a grave doença pulmonar não é o único problema associado aos cigarros eletrônicos. Inúmeros estudos publicados nos últimos anos vêm acumulando evidências de que esses produtos causam danos em diversos graus no trato respiratório e à saúde em geral. Não só a nicotina e o THC (tetraidrocanabinol) são motivos de preocupação. O aerossol gerado pelo aquecimento da mistura de solventes orgânicos voláteis no e-cigarro leva aos pulmões dos usuários radicais livres, metais pesados, flavorizantes e outras substâncias tóxicas - e mesmo carcinogênicas (2).

E, infelizmente, cada vez mais pessoas estão se viciando nesses produtos, especialmente os mais jovens. O uso de e-cigarro passou de 7 milhões de usuários em 2011 para 41 milhões em 2018, com um aumento projetado para mais de 55 milhões até 2021, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos EUA o e-cigarro já virou oficialmente uma epidemia entre os adolescentes. Aliás, marcas grandes e criminosas como a Juul estavam consciente visando o público mais jovem e não viciado, e também fomentando a disseminada ideia que esses produtos são completamente seguros.

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(2) Leitura recomendada: Os cigarros eletrônicos são seguros?

Nesse sentido, três novos e recentes estudos foram publicados reforçando mais uma vez os perigos do uso recreativo dos cigarros eletrônicos, os quais, no máximo, deveriam ser usados apenas por indivíduos fumantes querendo largar o uso mais nocivo de tabaco.

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No primeiro estudo, publicado no periódico Cardiovascular Research (3), pesquisadores realizaram uma revisão da literatura acadêmica e encontraram que os aerossóis gerados pelos e-cigarros potencialmente entram na circulação sanguínea e afetam diretamente o coração. Estudos em animais e humanos têm documentado efeitos negativos imediatos, como aumentos na pressão sanguínea, taxa cardíaca, rigidez arterial, inflamação e estresse oxidativo. Todos ligados a doenças cardíacas a longo prazo. No entanto, os pesquisadores realçaram mais uma vez que, como esses produtos são relativamente recentes, estudos do uso crônico são inexistentes, onde o foco até o momento são nos efeitos a curto prazo. Em outras palavras, desconhecemos os danos a longo prazo de exposição, e isso reflete bem a situação décadas atrás do uso de cigarro tradicional. Para piorar, os líquidos de e-cigarro são produzidos com diferentes e variáveis ingredientes entre os fabricantes, muitos deles não sendo explicitamente indicados.

"Muitas pessoas acham que esses produtos são seguros, mas existe mais e mais razões de preocupação quanto aos efeitos do e-cigarro na saúde cardíaca. Especialmente para quem nunca fumou, o e-cigarro não vale o risco e já parece bastante conclusivo que eles não são seguros", disse Nicholas Buchanan, o autor principal do novo estudo, e pesquisador na Universidade do Estado de Ohio (4).

Ainda segundo a revisão, mais estudos clínicos randomizados de alta qualidade são necessários para até mesmo considerar o e-cigarro como uma alternativa minimamente segura para os cigarros tradicionais.

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Já um estudo piloto publicado no periódico Cancer Prevention Research (5) trouxe dados sugerindo que mesmo o uso a curto prazo do e-cigarro pode causar inflamação celular em adultos que nunca fumaram. No caso, analisando 30 participantes adultos saudáveis e não fumantes, os pesquisadores encontraram a primeira evidência conclusiva de mudanças biológicas correlacionadas com o uso desses produtos em indivíduos que nunca fumaram.

Usando um procedimento chamado de broncoscopia para testar a presença de inflamações e efeitos associados ao fumo, os autores do novo estudo reportaram um aumento significativo no grau de inflamações (aumento na contagem de citocinas e células imunológicas) após 4 semanas de uso do e-cigarro (sem nicotina ou flavorizantes, apenas uma mistura básica de 50% de propileno glicol e 50% de glicerina vegetal). Apesar da magnitude das mudanças serem relativamente pequenas comparado com o grupo de controle, os dados sugeriram que mesmo o uso a curto prazo pode resultar em mudanças inflamatórias a nível celular. E inflamação via fumo é um importante fomentador de câncer de pulmão e de outras doenças respiratórias. E isso sem contar o uso conjunto de nicotina ou THC, e flavorizantes, os quais já são tóxicos via exposição aérea por si só.

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Já o terceiro estudo - publicado no periódico CMAJ (6) - visou reportar o primeiro caso de uma nova doença pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico. No caso, o paciente analisado era um adolescente Canadense de 17 anos, o qual apresentava danos no tecido pulmonar similares àqueles vistos no "pulmão de pipoca", uma condição que ocasionalmente afeta trabalhadores expostos ao flavorizante diacetil, um ingrediente usado na produção da pipoca de micro-ondas. Quando inalada, essa substância pode causar bronquiolite, a qual é caracterizada pela inflamação e obstrução das pequenas vias aéreas dos pulmões (bronquíolos).

O paciente - um adolescente previamente saudável - foi apresentado ao centro de saúde após uma semana com uma tosse persistente e intratável, sendo eventualmente hospitalizado e internado em estado grave (falha hipercápnica respiratória quase-fatal), precisando inclusive de suporte de vida (intubação, ventilação mecânica e oxigenação venosa extracorpórea). Após eliminar outras possíveis causas, os pesquisadores e médicos suspeitaram do e-cigarro. De fato, a família acabou reportando que o adolescente estava usando cigarros eletrônicos diariamente, a partir de uma variedade de líquidos de recarga flavorizados, além de usar THC regularmente.

O adolescente por pouco não precisou de um transplante duplo de pulmões, mas mesmo sob tratamento intensivo novas evidências de danos crônicos nas suas vias aéreas foram reveladas. Após 47 dias no hospital, o paciente foi liberado e vários meses depois ele ainda apresentava funções pulmonares muito limitadas. Ainda não ficou muito claro quais foram os mecanismos de danos e quais os agentes causais específicos associados aos e-cigarros.


(1) Referência: CDC

(3) Publicação do estudo: CR

(4) Referência: Ohio State University

(5) Publicação do estudo: CPR

(6) Publicação do estudo: CMAJ

Não vale a pena usar cigarro eletrônico, afirmam cientistas Não vale a pena usar cigarro eletrônico, afirmam cientistas Reviewed by Saber Atualizado on novembro 26, 2019 Rating: 5

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