Descoberta nova e peculiar espécie de dinossauro carnívoro Brasileiro

Em um estudo publicado na Scientific Reports (1), pesquisadores descreveram uma nova e curiosa espécie de dinossauro carnívoro terópode na região de desertos do interior do Paraná. Batizada de Vespersaurus paranaensis (Theropoda, Noasaurinae), essa espécie viveu há 90 milhões de anos e possuía distintas garras afiadas similares às de um Velociraptor e um estilo de corrida mais do que peculiar.

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Os Noassaurinos forma um enigmático grupo de pequenos terópodes predadores conhecidos do período no Cretáceo Tardio da Gondwana (supercontinente no hemisfério sul que incluía a Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Índia, Oceania, Seicheles, Nova Zelândia, Nova Guiné e Nova Caledônia). Esse grupo de terópodes era relativamente raro, com registros notáveis na Argentina e em Madagascar, e possíveis vestígios fósseis reportados no Brasil, na Índia e na África continental. A maior esperança de encontrá-los no território Brasileiro era depositada na Bacia de Bauru, esta a qual já é conhecida por sua rica fauna tetrápode, incluindo vários exemplares de saurópodes titanossauros. Essa rica diversidade fica concentrada, dentro da região, no Grupo Bauru, enquanto que depósitos no Grupo Caiuá renderam escassos registros fósseis, com aparente ausência de dinossauros.

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Terópode: Dinossauros que se locomovem sobre duas pernas; dinossauros bípedes.
Tetrápode: Animais que possuem quatro membros ou estão agrupados em grupos de animais com quatro membros (anfíbios, répteis, mamíferos e aves).
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Nesse sentido, os pesquisadores explorando mais a fundo o Grupo Caiuá - área geográfica composta pelas formações do Rio Paraná, Goio Erê e Santo Anastácio -, descreveram o primeiro dinossauro nessa área (V. paranaensis) - especificamente na cidade de Cruzeiro do Oeste -, e representando o mais bem preservado terópode de toda a Bacia Bauru já descoberto. Análises morfológicas das partes esqueléticas recuperadas (incluindo vértebras, membros e alguns elementos cranianos) mostraram que a nova espécie tinha entre 1 e 1,5 metro de extensão, uma massa corporal estimada em torno de 11,3 kg, e apresentava uma anatomia única entre os terópodes.

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Assim como os cavalos e outros equídeos, o V. paranaensis parecia ser funcionalmente monodáctilo, ou seja, apoiava todo o peso do corpo em um único dedo dos pés. Isso porque as extensões dos seus ossos nas solas dos pés representando os metatarsos II e IV mostraram-se muito lateromedialmente comprimidas, assim como as unhas das falanges dos respectivos dígitos, deixando aparentemente o metatarsal III isolado sustentando o corpo. É incerto também se os outros dedos tocavam o solo durante a locomoção e postura ereta. Tal adaptação anatômica não era conhecida até o momento entre os arcossauros (grupo de répteis emergidos no início da Era Mesozoica e que engloba as aves, crocodilianos e os dinossauros), apesar de algumas pegadas fossilizadas já terem sugerido tal modo de locomoção entre os terópodes.

Além disso, ao contrário das garras em forma de foice típicas dos dromaessaurídeos, os dedos pedais II e IV do V. parananesis não eram fortemente recurvados, nem pontiagudos, mas possuindo margens ventrais retas e afiadas. Isso indica uma função de corte/mutilação dessas garras-facas, provavelmente como uma ferramenta de ataque e defesa. E, assim como os famosos Tiranossauros (apesar de não tão extremo), seus membros superiores eram bem curtos, possuindo menos da metade das suas pernas.

Entre os pesquisadores Brasileiros envolvidos no estudo da nova espécie, estão os paleontólogos Max Cardoso Langer (USP), Neutrides Martins e Paulo César Manzig (ambos do Museu de Paleontologia de Cruzeiro Do Oeste, Paraná).


(1) Publicação do estudo: Scientific Reports