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As baratas estão evoluindo rápido e se tornando invencíveis

Um estudo publicado na Scientific Reports (1), analisando as baratas da espécie Blatella germanica - uma das espécies urbanas mais comuns e popularmente conhecida aqui no Brasil como 'Baratinha' ou simplesmente 'Barata-Alemã' - mostrou que esses insetos estão se tornando cada vez mais resistentes à quase todos os tipos de inseticidas.

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Os inseticidas são uma classe de compostos químicos que visam matar especificamente insetos, agindo de diversas formas no corpo desses animais. Alguns inseticidas degradam o sistema nervoso, enquanto outros atacam o exoesqueleto. Mas muitos insetos nas últimas décadas, incluindo baratas, têm evoluído genes de resistência contra essas substâncias, especialmente na agricultura. No caso das baratas, como esses insetos vivem cerca de 100 dias e se reproduzem com muita facilidade em populações fechadas e em abundância, essa resistência pode evoluir rápido - novas gerações emergem em um curto espaço de tempo -, com mais genes conferindo proteção contra os inseticidas sendo passados de geração para geração.

A B. germanica é uma peste urbana em todo o mundo e uma das mais preocupantes, habitando unicamente estabelecimentos humanos. Essa e outras espécies de baratas geram substancial impacto na saúde humana através da produção de alérgenos (2) e transporte de patógenos diversos. Sensibilização aos agentes alergênicos das baratas é um dos mais fortes fatores de risco para o desenvolvimento de asma em populações urbanas de baixa renda ao redor do mundo, e também um gatilho para a rinite. Mais significativamente, 85% dos interiores de casas nas cidades dos EUA, por exemplo, testam positivo para alérgenos derivados de baratas e 60-93% das crianças habitando essas cidades de diferentes populações e que possuem asma são sensíveis às baratas. A B. germanica produz 11 potentes agentes alergênicos aéreos que induzem imunidade adquirida via caminhos definidos, assim como aumenta os riscos de asma vírus-induzida.



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(2) Leitura recomendada: Qual a relação entre baratas e asma?

Em relação ao seu papel como vetor de doenças patogênicas, como Salmonella, Enterococcus e E. coli, a B. germanica é capaz de carregar (hospedeira) vários outros táxons de bactérias no seu trato digestivo, incluindo cepas resistentes a antibióticos. Protozoários e fungos patogênicos também podem ser carregados por esses insetos.

O controle efetivo das baratas nos centros urbanos pode reduzir drasticamente a exposição a agentes alergênicos e patógenos no interior das residências, no entanto, a resistência aos inseticidas vêm impondo um grave problema nesse quesito, desde o início da década de 1950.

Para avaliarem o atual nível de resistência dessa espécie de barata aos inseticidas, os pesquisadores trataram três diferentes colônias presentes em múltiplos apartamentos residenciais em Indiana e em Illinois - ambos os estados nos EUA - ao longo de 6 meses. As populações selecionadas foram testadas para três diferentes inseticidas: abamectina, ácido bórico e tiametoxamo (misturado com gama-cialotrina). Um dos tratamentos usou todos os três pesticidas, um após o outro, por 3 meses antes de se repetir o ciclo. Em outro tratamento, os pesquisadores usaram uma mistura de inseticidas ao longo dos 6 meses completos. No último tratamento, foi usado o inseticida para o qual a população selecionada de baratas possuía a menor resistência.

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Os resultados do estudo são preocupantes. Independentemente de qual dos três tratamentos utilizados, o tamanho das populações de baratas não diminuiu ao longo dos meses, inclusive no cenário onde todos os inseticidas foram usados de uma só vez. Ou seja, as baratas já evoluíram resistência contra todos os três compostos tóxicos. Apenas quando os pesquisadores testaram gel-isca de abamectina que uma limitada porção das colônias de baratas com menor nível de resistência foi eliminada.

Os pesquisadores também encontraram que rotacionar inseticidas associados a uma menor resistência é uma opção que deveria começar a ser adotada, porque diminui as forças de pressão seletiva e, consequentemente, freia a evolução de resistência.

Agora, um dos próximos passos dos pesquisadores é descobrir, a nível genético, como essas resistência aos inseticidas estão evoluindo nas baratas. Se continuar no atual ritmo de evolução, em breve as baratas não mais sucumbirão a nenhum tipo de inseticida hoje utilizado, e as pessoas ficarão dependentes de estratégias mais práticas para tentar diminuir o exército das baratas urbanas, como limpar detritos em superfícies e colocar armadilhas.


(1) Publicação do estudo: Nature (Scientific Reports)

As baratas estão evoluindo rápido e se tornando invencíveis As baratas estão evoluindo rápido e se tornando invencíveis Reviewed by Saber Atualizado on junho 28, 2019 Rating: 5

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