Colapso ambiental: 1 milhão de espécies de animais e plantas estão em grave risco de extinção por causa dos humanos

Segundo um relatório mais do que preocupante reportado pelo IPBES (Intergovernamental Science-Policy Platform on Biodiversidty and Ecosystem Services) (1) - um corpo intergovernamental que monitora o estado de conservação da biodiversidade -, aprovado em um encontro da comunidade científica em Paris na semana passada, o atual declínio da biodiversidade ao longo de todo o globo não possui precedentes na história humana, com as atividades antropogênicas ameaçando em torno de 1 milhão de espécies da fauna e da flora.

O relatório é fruto de um trabalho investigativo nos últimos 3 anos que reuniu 145 especialistas de 50 países - autores principais - e a contribuição secundária de 310 outros cientistas. Englobando a revisão sistemática de ~15 mil fontes acadêmicas e governamentais, o relatório também adereça - pela primeira vez - o conhecimento sobre povos indígenas e comunidades locais.

Os achados reportados mostram que a média de abundância de espécies nativas na maior pate dos habitats terrestres caiu, no mínimo, 20%, a maior parte desde a década de 1990. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais nos recifes e mais de 33% de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados de extinção. No caso dos anfíbios, as maiores ameaças são a perda de habitat e a disseminação global de uma grave doença fúngica que ataca a pele desses animais, a qual está sendo disseminada com grande velocidade devido ao contrabando de espécies e outras interferências humanas. No mínimo 680 espécies de vertebrados já foram levados à extinção desde o século XVI e mais de 9% de todas as variedades domesticadas de mamíferos usados para a alimentação se tornaram extintas até 2016, com no mínimo mais 1000 dessas variedades ainda ameaçadas.

Em relação específica aos insetos, ainda é incerto a magnitude do declínio, mas as evidências disponíveis até o  momento suportam que 10% deles estão ameaçados (2), existindo áreas geográficas com profundos declínios. Um dos mais preocupantes é o estado de conservação das abelhas (3).

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(2) Para saber mais, acesse: Insetos e meio ambiente estão em processo de colapso

(3) Para mais informações, acesse: O desaparecimento das abelhas
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O relatório também aponta que desde 1980, as emissões de gases do esfeito estufa (metano, dióxido de carbono, etc.) dobraram, aumentando a temperatura média global em no mínimo 0,7°C. Esse Aquecimento Global (4) está causando mudanças climáticas que já prejudicam diversos ecossistemas, e os efeitos deletérios só tenderão a piorar exponencialmente nas próximas décadas.

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(4) Para mais informações, acesse: Aquecimento Global: Uma Problemática Verdade
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Com o massivo declínio da biodiversidade, a teia da vida fica cada vez mais frágil, aumentando os riscos de grave colapso e difícil recuperação. Nesse sentido, são cinco os principais fatores de causa por trás desse declínio: (a) mudanças no uso da terra e do mar; (b) exploração direta de organismos; (c) mudanças climáticas; (d) poluição; e (e) espécies invasivas. Ações precisam ser urgentemente implantadas para a resolução desses fatores causais. Aumentar a produtividade das áreas agriculturáveis para evitar o desflorestamento excessivo, investir mais em energias limpas e renováveis, e combater o tráfico de animais (ou de partes de animais) selvagens - o qual fomenta, por exemplo, o sangrento mercado de animais exóticos de estimação (5) - são três dessas ações.

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(4) Para mais informações, acesse: Animais exóticos de estimação: O lado sombrio da história
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Entre outros achados do relatório, podemos citar:

- Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente marinho já foram significativamente alterados pelas ações humanas. Essa tendência tem sido bem menos severa ou evitada em áreas ocupadas por comunidades locais ou povos indígenas (por isso a importância de preservação dos indígenas nas áreas da Amazônia).

- Mais de um terço da superfície terrestre e quase 75% dos recursos hídricos são agora voltados para os campos de agricultura ou para a produção de animais de corte.

- O valor da produção agrícola aumentou em cerca de 300% desde 1970, a extração de madeira aumentou em 45% e aproximadamente 60 bilhões de toneladas de recursos renováveis e não renováveis são agora extraídos globalmente todos os anos (e quase dobrados desde 1980).

- A degradação de terras reduzir a produtividade de 23% da superfície global terrestre, cerca de US$577 bilhões de valor agrícola anual podem ser perdidos devido à perda de polinizadores (especialmente abelhas) e 100-300 milhões de pessoas estão em maior risco de inundações e furações por causa da perda da proteção e de habitats costeiros.

- Em 2015, 33% dos estoques de peixes marinhos foram pescados em níveis mais do que insustentáveis, com 60% sendo pescados em níveis sustentáveis e apenas 7% pescados de forma inferior ao sustentável.

- Áreas urbanas mais do que dobraram desde 1992.

- A poluição via plásticos tendo aumentando em 10 vezes desde 1980, 300-400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, sedimentos tóxicos e outros resíduos industriais sendo jogados anualmente nos ambientes aquáticos ao redor do mundo, e com fertilizantes entrando de forma massiva nos ecossistemas marinhos, criaram mais de 400 zonas de morte nos oceanos, totalizando mais de 245 mil quilômetros quadrados (uma área maior do que o Reino Unido).

- Até 2050, a tendência negativa de impactos na natureza continuaram independentemente das novas políticas que serão adotadas, estas as quais podem minimizar ou piorar a situação. As próximas gerações de humanos estão em grave perigo se ações ambientalmente sustentáveis não começarem a ser implementadas com severo vigor.


(1) Referência: IPBES